A vez da cana transgênica
Variedade geneticamente modificada poder chegar ao mercado no primeiro semestre de 2017 A biotecnologia já está presente nas lavouras brasileiras de soja, milho, algodão, eucalipto e algodão. De acordo com o Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA), o Brasil plantou 44,2 milhões de hectares com culturas transgênicas em 2015. As variedades transgênicas são grandes aliadas dos produtores rurais, por auxiliar no combate às pragas e ainda promover economia nas aplicações de defensivos. Porém, há culturas que ainda desconhecem essa tecnologia. É o caso da cana-de-açúcar, que ocupa nove milhões de hectares, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e faz do Brasil o maior produtor global de açúcar.Essa importante cultura está se preparando para dar um salto tecnológico em breve. Isso porque o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) desenvolveu uma variedade de cana-de-açúcar transgênica que promete revolucionar o cultivo. O grande diferencial da variedade é a resistência à broca da cana (Diatraea saccharalis), a principal praga que ameaça à cultura. Segundo Sergio Mattar, diretor de Marketing e Planejamento do CTC, as perdas causadas pela praga e o custo de controle nas lavouras brasileiras totalizam R$ 5 bilhões por ano. “A broca da cana está presente no Brasil inteiro e hoje temos 500 mil hectares cultivados apenas para a broca comer”, afirma Mattar.
A previsão é que a primeira variedade transgênica chegue ao mercado no primeiro semestre de 2017. Segundo o diretor do CTC, a cana já está atrasada na adoção de biotecnologia se comparada com o cultivo de grãos, mas o atraso não compromete as expectativas otimistas. “Existe muita segurança sobre a aprovação e nós temos que confiar no trabalho do CTC”, diz Mattar. “Há uma sinalização extremamente positiva por parte do mercado e o setor está muito ansioso para que a tecnologia seja ofertada.”
Proteção duradoura
A principal característica da cana transgênica é a resistência à broca, oferecendo proteção duradoura e menor custo de produção. Atualmente, os produtores de cana-de-açúcar combinam o controle químico e biológico ou elegem um deles para combater a broca.De acordo com os pesquisadores, esse será o meio mais eficaz de controle, pois a variedade transgênica vai combater a praga antes que ela possa causar danos à cultura, a partir da penetração da larva no colmo da cana. “O gene inserido na cana Bt produz uma proteína nociva à broca. A broca adulta coloca seus ovos nas folhas da cana. A larva recém-nascida, ao se alimentar dos tecidos da cana, ingere esta proteína que atuará no aparelho digestivo da praga, inibindo sua alimentação. O inseto é eliminado por inanição e septicemia, evitando-se desta forma danos ao canavial”, explica o diretor do CTC.
Xô, broca
Inicialmente, a variedade transgênica não será cultivada em todo o Brasil. “Existe uma avaliação técnica sobre as regiões nas quais essa variedade de cana tem condições de expressar o seu potencial”, afirma Mattar. Mesmo assim, o Centro de Tecnologia Canavieira garante que novas tecnologias já estão sendo desenvolvidas para atender todo o território nacional.Essa é uma versão parcial da reportagem publicada na revista Farming Brasil.
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