Auditores agropecuários cobram do governo ocupação de cargos por meritocracia
Pleito antigo da categoria foi apontado pelo presidente Michel Temer como prioridade
Há dois anos, os Auditores Fiscais
Federais Agropecuários negociam com o governo federal reivindicações da
categoria. Apenas o Ministério do Planejamento cumpriu com os acordos -
mudança na nomenclatura da carreira e reposição salarial de 10,8 % em
dois anos. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),
porém, tem procrastinado as demandas, principalmente em relação à
ocupação dos cargos de gestão do órgão por meritocracia – fato apontado
pelo presidente Michel Temer como uma de suas prioridades.
Ainda na gestão da ministra da
Agricultura, Kátia Abreu, foi publicado o decreto nº 8.762, de 10 de
maio de 2016, que prevê, nos artigos 10, 11 e 12, que os cargos de
superintendes federais da agricultura sejam ocupados, exclusivamente,
por servidores efetivos do quadro de pessoal do Mapa, os quais deverão
possuir, no mínimo, curso superior completo e ter concluído estágio
probatório. Segundo o decreto, a medida deve entrar em vigor em maio
deste ano.
De acordo com o Sindicato Nacional dos
Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), recentemente,
superintendentes federais de agricultura iniciaram um movimento para
revogação dos artigos do decreto. A maioria deles ocupa os cargos por
indicação política. Para o presidente do Anffa Sindical, Maurício Porto,
o fato é preocupante e vai de encontro às prioridades anunciadas pelo
governo. Segundo ele, é importante que o Mapa dê continuidade aos
trabalhos e que faça, o quanto antes, um processo seletivo para nomeação
das superintendências, já que a data de vigor do decreto está próxima.
“O decreto foi uma conquista. Precisamos resguardar a eficiência da
administração pública e nomear gestores que tenham capacidade para
exercer as atividades do cargo”, declara o presidente do Anffa Sindical,
Maurício Porto.
Atualmente,
o que se observa são superintendências federais de agricultura
ocupadas, em sua maioria, por gestores com indicações políticas, a
exemplo dos estados de Tocantins, Acre, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Bahia. “Poucos
superintendentes que atuam hoje têm relacionamento com o agronegócio. Os
atuais superintendentes, que são servidores do Mapa, poderão participar
da seleção e seguir as regras para ocupação dos cargos, porém, os que
não são servidores do órgão não poderão participar”, afirma Porto.
Na próxima terça-feira (31), está
prevista uma reunião entre o Anffa Sindical e o Mapa, representado pelo
secretário-executivo adjunto Francisco Lopes, para tratar do assunto. Os
auditores agropecuários esperam que o Mapa avalie a questão com
consciência e responsabilidade.
Outras reivindicações
Os Auditores Fiscais Federais
Agropecuários também reivindicam adicional de fronteira para os
profissionais que atuam em locais de difícil provimento e realização de
concurso público para a carreira. O pleito para a realização de concurso
de remoção interna de profissionais, para realocação de auditores
agropecuários interessados em mudar de unidade, foi atendido em
dezembro, e o processo está em andamento. Outra reivindicação que também
já está em andamento é a criação da Enagro, uma escola de
especialização e treinamento de auditores, que contempla o conjunto
total dos servidores do Mapa.
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