quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Mercado mundial precisa valorizar mais os alimentos brasileiros, diz ministro interino

Em seminário em São Paulo, Eumar Novacki destaca papel do Brasil na preservação ambiental


Eumar Novacki (E): país trabalha pela conservação ambiental (Divulgação/Mapa) 

O Brasil tem consciência da importância de seu papel na segurança alimentar, na conservação da biodiversidade e na redução dos impactos das mudanças climáticas, destacou o ministro interino da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Eumar Novacki, durante o seminário comemorativo aos 10 anos da moratória da soja, nesta quarta-feira (19), em São Paulo. Para ele, é preciso agora que o mundo também reconheça isso, valorizando e comprando mais os alimentos produzidos pelos agricultores brasileiros. “Ao importar nossos produtos agropecuários, o mercado internacional está contribuindo para a preservação do nosso grande ecossistema.”
Novacki disse que o agronegócio brasileiro tem dois desafios pela frente: agregar valor aos seus produtos e atrair o mercado mundial para financiar a preservação ambiental. “O Brasil já está fazendo a sua parte, com investimentos em pesquisa e tecnologia. Isso permite aos nossos agricultores produzir cada vez mais e melhor num mesmo espaço de terra.” Os ganhos de produtividade, acrescentou, têm possibilitado ao país reduzir os impactos ambientais, o que precisa ser valorizado pelo mercado global. O ministro interino estava acompanhado no evento pelo assessor especial do Mapa para o meio ambiente e sustentabilidade, João Campari.
O seminário foi promovido pelo Grupo de Trabalho da Soja (GTS), que reúne o setor privado –Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) e empresas associadas –, a sociedade civil (Greenpeace, WWF-Brasil, TNC-Brasil, Imaflora, Ipam, Earth Innovation) e o governo federal (Ministério do Meio Ambiente e Banco do Brasil). A moratória da soja é, hoje, uma das principais iniciativas de combate ao desmatamento no bioma Amazônia e de orientação ao uso responsável dos seus recursos naturais.
Assinada em 24 de julho de 2006 pela Abiove, Anec e empresas associadas, a moratória da soja é um compromisso de desmatamento zero no bioma Amazônia. Por seu intermédio, essas entidades e empresas se comprometeram em não comprar nem financiar a soja cultivada em áreas desmatadas da Amazônia a partir de julho de 2006. O objetivo tem sido o de conciliar a conservação da biodiversidade do bioma com a produção de alimentos.
A moratória da soja faz o monitoramento por satélite de 87 municípios nos estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Amapá. Na área monitorada, a taxa média de desflorestamentos observada depois da moratória (2009-2015) é seis vezes menor do que no período anterior (2002-2008), o que revela a eficácia dos diversos mecanismos de redução de desmate vigentes nos últimos anos.
Relatório de monitoramento
O Relatório de Monitoramento do Plantio de Soja no Bioma Amazônia na safra 2015/2016, elaborado pela Agrosatélite e auditado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostra que a principal cultura agrícola do país não tem sido um fator relevante de desmatamento naquela região, que ocupa quase metade do território brasileiro.
De acordo com o Grupo de Trabalho da Soja, os 37,2 mil hectares da oleaginosa da safra 2015/2016, em desacordo com a moratória, representam apenas 1,1% da área desmatada no bioma. Ainda segundo o GTS, no período dos 10 anos da moratória, foram alcançados dois objetivos: a criação de uma estrutura de governança pública para a produção responsável, que desestimulou o desmatamento; e a garantia de conservação da Floresta Amazônica aos grupos de clientes da soja brasileira.

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