Sistema de informação de recursos genéticos animais, desenvolvido em parceria entre Brasil, EUA e Canadá, é premiado nos Estados Unidos
Ferramenta,
com potencial para beneficiar programas de melhoramento genético animal
em nível mundial, foi vencedora na categoria "Transferência de
Tecnologia".
Um sistema de informação de recursos genéticos animais, desenvolvido em colaboração entre Brasil, Estados Unidos e Canadá foi premiado na categoria "Transferência de Tecnologia 2016" pelo Serviço de Pesquisa Agrícola (ARS, sigla em inglês) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês). Os responsáveis brasileiros pelo desenvolvimento da ferramenta, chamada no país de Alelo Animal, Arthur Mariante, Eduardo Cajueiro e Samuel Paiva, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, receberão a homenagem no dia 13 de setembro próximo, em Beltsville, Maryland, junto com os parceiros americanos e canadenses.
A iniciativa nasceu de um ideal comum entre os países de poder contar com um sistema único e uniformizado para gestão das informações geradas na execução das atividades de conservação de recursos genéticos animais, com potencial para agilizar o intercâmbio de informações. Depois de oito anos de esforços conjuntos, pesquisadores e programadores das três instituições governamentais de pesquisa agropecuária – Embrapa, ARS/USDA e Agriculture and Agri-food Canadá (AAFC) – criaram o "Animal-Grin".
O sistema foi adaptado para a realidade brasileira, de forma a incorporar dados de animais vivos e outras sugestões do Brasil e Canadá e recebeu o nome de Alelo Animal. Trata-se de uma base de dados internacional sobre recursos genéticos animais para armazenamento de informações que incluem dados de animais com seus descritores fenotípicos, genotípicos e moleculares, sua arvore genealógica (pedigree) além da informação sobre o material biológico conservado. Essa iniciativa vem despertando o interesse de outros países, como México, Uruguai, Argentina, Colômbia, Bolívia e Filipinas.
No Brasil, essa base de dados faz parte de uma iniciativa maior da Embrapa, chamada de Sistema Alelo (https://www.embrapa.br/pt/alelo), responsável pela documentação e informatização de dados gerados pelas pesquisas de recursos genéticos, incluindo também plantas e microrganismos. O Portal Alelo permite o acesso a dados de recursos genéticos, promovendo o intercâmbio e o compartilhamento de conhecimento entre instituições do Brasil e do exterior.
Sistema é resultado de quase quatro décadas de pesquisas da Embrapa voltadas à conservação animal
A Embrapa investe em pesquisas de conservação de raças de animais domésticos de interesse zootécnico desde a década de 1980. O objetivo é garantir a preservação de raças seculares no Brasil, muitas desde a época da colonização, ameaçadas de extinção pela introdução de outras mais produtivas. O desaparecimento desses animais significaria a perda de um verdadeiro tesouro genético, visto que possuem características de rusticidade e adaptabilidade adquiridas ao longo dos séculos, que têm enorme potencial para utilização em programas de melhoramento genético, especialmente a partir do cruzamento com raças mais produtivas.
Esse trabalho é desenvolvido em parceria com instituições de pesquisa e ensino brasileiras e, principalmente, com associações de criadores. Essa colaboração é imprescindível ao objetivo principal da Embrapa, que é a reinserção dessas raças no mercado. "A valorização e uso sustentável desses animais pelo setor produtivo são os fatores que podem efetivamente garantir a sua sobrevivência", ressalta Mariante.
A capilaridade da Embrapa, com unidades em todo o Território Nacional, também é uma forte aliada dos cientistas. Hoje, esses animais – que incluem bovinos, caprinos, ovinos, suínos, asininos, equinos e bubalinos - são conservados em mais de 20 núcleos de conservação em todas as regiões brasileiras.
O avanço das pesquisas nas áreas de biotecnologia e genômica ofereceram aos pesquisadores da Embrapa a possibilidade de modernizar as ferramentas de conservação e, atualmente, o material genético é conservado também na forma de sêmen e embriões congelados em criobancos (a 196°C abaixo de zero) e em bancos de DNA e tecidos.
Alelo Animal: conhecimento de recursos genéticos à disposição da sociedade
O Alelo Animal vai disponibilizar a expertise alcançada pela Embrapa ao longo dessas quatro décadas para a sociedade brasileira e internacional. O sistema abrange informações sobre os animais vivos mantidos em núcleos de conservação, além dos catálogos dos bancos de conservação de material biológico (sêmen, embriões, DNA, etc.) dos três países.
Eduardo Cajueiro, analista de tecnologia da informação da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e um dos desenvolvedores do sistema, afirma que a criação dessa ferramenta foi um grande passo para a gestão de dados de recursos genéticos animal, além de colaborar para a atualização constante das informações.
Harvey Blackburn, diretor do Centro Nacional de Preservação de Recursos Genéticos (NCGRP) do ARS/USDA em Fort Collins, no estado norte-americano do Colorado, ressalta que a parceria com a Embrapa, estabelecida durante a permanência do pesquisador Arthur Mariante no Programa Embrapa Labex Estados Unidos (Labex-EUA), em Fort Collins, foi fundamental para a geração da ferramenta informatizada. "Com mais de 90 mil doses de sêmen, cerca de 450 embriões e aproximadamente 12 mil amostras de DNA, a preservação de recursos genéticos da Embrapa é muito significativa, o que gera um rico intercâmbio. O Brasil guarda inúmeras espécies que os Estados Unidos não têm e vice-versa", declarou o norte-americano. Para ele, é possível que o mundo compartilhe no futuro um sistema global de organização de recursos genéticos. "Estamos começando a fazer a ligação dos recursos genéticos do mundo ocidental", declarou Blackburn.
Para Samuel Paiva, o Alelo Animal estabelece um padrão para acesso e armazenamento de dados de recursos genéticos e, por isso, é um potencial candidato a modelo para uma base compartilhada mundialmente. "Grande parte das pesquisas básicas e aplicadas relacionadas ao agronegócio dependem da existência de diversidade genética entre e dentro das espécies. Por isso, a importância de acesso a grandes acervos é fundamental à ciência", afirma Paiva, que atualmente é pesquisador do Programa Labex-EUA. Ele acredita que um dos maiores frutos dessa ferramenta, a médio-longo prazo, será a intensificação do intercâmbio de material genético entre diferentes países.
O Alelo Animal permite que qualquer pessoa acesse dados sobre materiais genéticos animais (sêmen, embriões, DNA) armazenados nos bancos genéticos do Brasil e dos Estados Unidos, com diferentes níveis de restrições de acordo com os usuários. A consulta pública já está disponível nas versões em português e inglês.
A Embrapa e o USDA-ARS lançarão, provavelmente ainda em 2016, um manual digital para o usuário, em versão bilíngue, que ficará disponível para acesso gratuito na internet.
Um sistema de informação de recursos genéticos animais, desenvolvido em colaboração entre Brasil, Estados Unidos e Canadá foi premiado na categoria "Transferência de Tecnologia 2016" pelo Serviço de Pesquisa Agrícola (ARS, sigla em inglês) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês). Os responsáveis brasileiros pelo desenvolvimento da ferramenta, chamada no país de Alelo Animal, Arthur Mariante, Eduardo Cajueiro e Samuel Paiva, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, receberão a homenagem no dia 13 de setembro próximo, em Beltsville, Maryland, junto com os parceiros americanos e canadenses.
A iniciativa nasceu de um ideal comum entre os países de poder contar com um sistema único e uniformizado para gestão das informações geradas na execução das atividades de conservação de recursos genéticos animais, com potencial para agilizar o intercâmbio de informações. Depois de oito anos de esforços conjuntos, pesquisadores e programadores das três instituições governamentais de pesquisa agropecuária – Embrapa, ARS/USDA e Agriculture and Agri-food Canadá (AAFC) – criaram o "Animal-Grin".
O sistema foi adaptado para a realidade brasileira, de forma a incorporar dados de animais vivos e outras sugestões do Brasil e Canadá e recebeu o nome de Alelo Animal. Trata-se de uma base de dados internacional sobre recursos genéticos animais para armazenamento de informações que incluem dados de animais com seus descritores fenotípicos, genotípicos e moleculares, sua arvore genealógica (pedigree) além da informação sobre o material biológico conservado. Essa iniciativa vem despertando o interesse de outros países, como México, Uruguai, Argentina, Colômbia, Bolívia e Filipinas.
No Brasil, essa base de dados faz parte de uma iniciativa maior da Embrapa, chamada de Sistema Alelo (https://www.embrapa.br/pt/alelo), responsável pela documentação e informatização de dados gerados pelas pesquisas de recursos genéticos, incluindo também plantas e microrganismos. O Portal Alelo permite o acesso a dados de recursos genéticos, promovendo o intercâmbio e o compartilhamento de conhecimento entre instituições do Brasil e do exterior.
Sistema é resultado de quase quatro décadas de pesquisas da Embrapa voltadas à conservação animal
A Embrapa investe em pesquisas de conservação de raças de animais domésticos de interesse zootécnico desde a década de 1980. O objetivo é garantir a preservação de raças seculares no Brasil, muitas desde a época da colonização, ameaçadas de extinção pela introdução de outras mais produtivas. O desaparecimento desses animais significaria a perda de um verdadeiro tesouro genético, visto que possuem características de rusticidade e adaptabilidade adquiridas ao longo dos séculos, que têm enorme potencial para utilização em programas de melhoramento genético, especialmente a partir do cruzamento com raças mais produtivas.
Esse trabalho é desenvolvido em parceria com instituições de pesquisa e ensino brasileiras e, principalmente, com associações de criadores. Essa colaboração é imprescindível ao objetivo principal da Embrapa, que é a reinserção dessas raças no mercado. "A valorização e uso sustentável desses animais pelo setor produtivo são os fatores que podem efetivamente garantir a sua sobrevivência", ressalta Mariante.
A capilaridade da Embrapa, com unidades em todo o Território Nacional, também é uma forte aliada dos cientistas. Hoje, esses animais – que incluem bovinos, caprinos, ovinos, suínos, asininos, equinos e bubalinos - são conservados em mais de 20 núcleos de conservação em todas as regiões brasileiras.
O avanço das pesquisas nas áreas de biotecnologia e genômica ofereceram aos pesquisadores da Embrapa a possibilidade de modernizar as ferramentas de conservação e, atualmente, o material genético é conservado também na forma de sêmen e embriões congelados em criobancos (a 196°C abaixo de zero) e em bancos de DNA e tecidos.
Alelo Animal: conhecimento de recursos genéticos à disposição da sociedade
O Alelo Animal vai disponibilizar a expertise alcançada pela Embrapa ao longo dessas quatro décadas para a sociedade brasileira e internacional. O sistema abrange informações sobre os animais vivos mantidos em núcleos de conservação, além dos catálogos dos bancos de conservação de material biológico (sêmen, embriões, DNA, etc.) dos três países.
Eduardo Cajueiro, analista de tecnologia da informação da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e um dos desenvolvedores do sistema, afirma que a criação dessa ferramenta foi um grande passo para a gestão de dados de recursos genéticos animal, além de colaborar para a atualização constante das informações.
Harvey Blackburn, diretor do Centro Nacional de Preservação de Recursos Genéticos (NCGRP) do ARS/USDA em Fort Collins, no estado norte-americano do Colorado, ressalta que a parceria com a Embrapa, estabelecida durante a permanência do pesquisador Arthur Mariante no Programa Embrapa Labex Estados Unidos (Labex-EUA), em Fort Collins, foi fundamental para a geração da ferramenta informatizada. "Com mais de 90 mil doses de sêmen, cerca de 450 embriões e aproximadamente 12 mil amostras de DNA, a preservação de recursos genéticos da Embrapa é muito significativa, o que gera um rico intercâmbio. O Brasil guarda inúmeras espécies que os Estados Unidos não têm e vice-versa", declarou o norte-americano. Para ele, é possível que o mundo compartilhe no futuro um sistema global de organização de recursos genéticos. "Estamos começando a fazer a ligação dos recursos genéticos do mundo ocidental", declarou Blackburn.
Para Samuel Paiva, o Alelo Animal estabelece um padrão para acesso e armazenamento de dados de recursos genéticos e, por isso, é um potencial candidato a modelo para uma base compartilhada mundialmente. "Grande parte das pesquisas básicas e aplicadas relacionadas ao agronegócio dependem da existência de diversidade genética entre e dentro das espécies. Por isso, a importância de acesso a grandes acervos é fundamental à ciência", afirma Paiva, que atualmente é pesquisador do Programa Labex-EUA. Ele acredita que um dos maiores frutos dessa ferramenta, a médio-longo prazo, será a intensificação do intercâmbio de material genético entre diferentes países.
O Alelo Animal permite que qualquer pessoa acesse dados sobre materiais genéticos animais (sêmen, embriões, DNA) armazenados nos bancos genéticos do Brasil e dos Estados Unidos, com diferentes níveis de restrições de acordo com os usuários. A consulta pública já está disponível nas versões em português e inglês.
A Embrapa e o USDA-ARS lançarão, provavelmente ainda em 2016, um manual digital para o usuário, em versão bilíngue, que ficará disponível para acesso gratuito na internet.
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