Jumentos, uma classe de animais em extinção
A
canção "O Jumento", escrita por Chico Buarque em 1977, já revelava as
tristes condições de vida do animal. O trecho inicial diz: “Jumento não é
o grande malandro da praça. Trabalha, trabalha de graça. Não agrada
ninguém. Nem nome não tem. É manso e não faz pirraça, mas quando a
carcaça ameaça rachar, que coices, que coices que dá”.
Nos mais de 30 anos que se passaram desde a composição, pouca coisa mudou no cotidiano do jumento, animal típico nordestino também conhecido como jegue. Em 2012, ele foi alvo de uma grande polêmica, depois que a China sinalizou a intenção de comprar no Brasil mais de 300 mil animais. O destino seria a produção de cosméticos.
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Na época, os jumentos atraíram a atenção de uma das mais célebres defensoras de animais do mundo: a atriz Brigitte Bardot, que, em carta, pediu à presidente Dilma Rousseff que evitasse tal carnificina.
De acordo com Fernando Viana, agrônomo e presidente da Associação Brasileira dos Jumentos Nordestinos, no entanto, a intenção da China de adquirir os animais do Nordeste do Brasil, que responde por mais de 90% do rebanho brasileiro, não se concretizou naquele ano. “Foi assinado um protocolo de intenções entre uma missão de chineses e o governo do Rio Grande do Norte, mas não houve registro de comércio”, disse.
Ainda que os animais nordestinos não estejam virando cosméticos, sua miserável existência não foi amenizada com a chegada da modernidade. Trata-se de uma classe de animais fadada ao trabalho no campo. “Um jumento forte e bom para o trabalho não tem preço”, diz Viana. Em compensação, animais não tão fortes já foram comercializados pelo valor de uma galinha, lembra o agrônomo.
Na semana passada, durante a visita da ministra da agricultura Kátia Abreu à China, ele escreveu em seu microblog Twitter que foi abordada por um empresário chinês que lhe pediu que intermediasse a venda de pelo menos 1 milhão de jumentos. A ministra disse que não sabia qual era a intenção do homem. "Morro e não vejo tudo", escreveu ela.
A sorte dos mais fracos, no entanto, é serem abandonados nas beiras das estradas e morrer de inanição ou atropelamento. “A tradição do jumento é o trabalho rural e, depois que os tratores de pequeno porte e as motocicletas chegaram ao campo, os animais migraram para a cidade ou foram abatidos de maneira indiscriminada, o que fez o rebanho brasileiro cair mais de 70% nas ultimas quatro décadas, de 2,7 milhões de cabeças em 1967 para apenas 590 mil cabeças em 2010. Nas cidades, eles tiveram serventia no transporte de objetos e pessoas até a chegada das motocicletas.
“Parece não haver saída para a recuperação do rebanho do Brasil”, diz Viana. Uma alternativa, segundo ele, seria o governo federal obrigar a destinação de jumentos para trabalhos em assentamentos rurais, mas em época em que o bem estar animal é altamente respeitado, dificilmente essa idéia tomará alguma forma e sensação é de que a classe caminha a passos largos para extinção no Brasil. “Em países subdesenvolvidos o rebanho cresce ou se mantém, diferente do que ocorre nos países em desenvolvimento ou desenvolvidos, onde a queda é contínua”, avalia Viana.
Nos mais de 30 anos que se passaram desde a composição, pouca coisa mudou no cotidiano do jumento, animal típico nordestino também conhecido como jegue. Em 2012, ele foi alvo de uma grande polêmica, depois que a China sinalizou a intenção de comprar no Brasil mais de 300 mil animais. O destino seria a produção de cosméticos.
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Na época, os jumentos atraíram a atenção de uma das mais célebres defensoras de animais do mundo: a atriz Brigitte Bardot, que, em carta, pediu à presidente Dilma Rousseff que evitasse tal carnificina.
De acordo com Fernando Viana, agrônomo e presidente da Associação Brasileira dos Jumentos Nordestinos, no entanto, a intenção da China de adquirir os animais do Nordeste do Brasil, que responde por mais de 90% do rebanho brasileiro, não se concretizou naquele ano. “Foi assinado um protocolo de intenções entre uma missão de chineses e o governo do Rio Grande do Norte, mas não houve registro de comércio”, disse.
Ainda que os animais nordestinos não estejam virando cosméticos, sua miserável existência não foi amenizada com a chegada da modernidade. Trata-se de uma classe de animais fadada ao trabalho no campo. “Um jumento forte e bom para o trabalho não tem preço”, diz Viana. Em compensação, animais não tão fortes já foram comercializados pelo valor de uma galinha, lembra o agrônomo.
Na semana passada, durante a visita da ministra da agricultura Kátia Abreu à China, ele escreveu em seu microblog Twitter que foi abordada por um empresário chinês que lhe pediu que intermediasse a venda de pelo menos 1 milhão de jumentos. A ministra disse que não sabia qual era a intenção do homem. "Morro e não vejo tudo", escreveu ela.
A sorte dos mais fracos, no entanto, é serem abandonados nas beiras das estradas e morrer de inanição ou atropelamento. “A tradição do jumento é o trabalho rural e, depois que os tratores de pequeno porte e as motocicletas chegaram ao campo, os animais migraram para a cidade ou foram abatidos de maneira indiscriminada, o que fez o rebanho brasileiro cair mais de 70% nas ultimas quatro décadas, de 2,7 milhões de cabeças em 1967 para apenas 590 mil cabeças em 2010. Nas cidades, eles tiveram serventia no transporte de objetos e pessoas até a chegada das motocicletas.
“Parece não haver saída para a recuperação do rebanho do Brasil”, diz Viana. Uma alternativa, segundo ele, seria o governo federal obrigar a destinação de jumentos para trabalhos em assentamentos rurais, mas em época em que o bem estar animal é altamente respeitado, dificilmente essa idéia tomará alguma forma e sensação é de que a classe caminha a passos largos para extinção no Brasil. “Em países subdesenvolvidos o rebanho cresce ou se mantém, diferente do que ocorre nos países em desenvolvimento ou desenvolvidos, onde a queda é contínua”, avalia Viana.
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