E por que o sistema de irrigação por gotejamento é o indicado? O pesquisador responde: “Ele é o mais apropriado para uma região seca como a do nordeste, porque economiza muita água. Outro fator que reforça o uso do gotejamento é porque o cajueiro, na época da produção, não suporta a irrigação por aspersão, devido o maior volume de água no pedúnculo, que danifica o caju”.
Como parte da infraestrutura, a maioria das propriedades agrícolas tem um poço cacimbão ou tubular. Portanto, os agricultores não têm, em tese, dificuldades para instalar um sistema de irrigação por gotejamento. “Faltando água por uma semana, o agricultor, imediatamente, deve acionar o sistema de irrigação, num processo que chamamos de irrigação de salvação”, orienta o pesquisador.
Nos estados do Ceará e Piauí, os maiores produtores de caju do País, a situação é difícil com a seca e o setor tende a encolher ainda mais. Na região do município de Picos, no sudeste do Piauí, a cerca de 400 quilômetros de Teresina, os produtores estão assustados. Lá, os cajueirais com idade acima de 20 anos estão morrendo e os prejuízos aumentam.
As fábricas de extração de suco de caju na região, segundo José Lopes Ribeiro, estão praticamente paradas e as exportações de amêndoas vão despencar. A previsão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE para este ano é de que o Piauí tenha uma produção de mais de 50 mil toneladas de castanha, com uma produtividade média de 379 quilos por hectares.
A área plantada no estado este ano caiu em 21,71 por cento em relação a 2012. Estão plantados, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, do IBGE, 141.099 hectares. “A seca, aliada às altas temperaturas que chegam até 42 graus, e a umidade relativa do ar abaixo de 50 por cento, estão sendo fatores determinantes para a queda da safra de caju na região”, explica José Lopes Ribeiro.
O Piauí tem a segunda maior área plantada com caju no Brasil, e, consequentemente, a segunda maior produção. O Ceará está no topo do ranking, com uma área plantada de 407.455 hectares. A produção cearense de castanha está estimada em 165.143 toneladas, com uma produtividade média de 405 quilos por hectare.
Nos últimos 25 anos, a Embrapa Agroindústria Tropical, que tem sede em Fortaleza, e a Embrapa Meio-Norte, em Teresina, vêm transferindo tecnologias no Ceará e Piauí através de unidades demonstrativas com cajueiros anão-precoce e de elevado porte. A Embrapa tem recomendado ao longo desses anos para o semiárido dos dois estados clones, que apresentam boa produtividade.
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