quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O Boer-O Bode da Moda

Há mais de 13 anos a caprino-ovinocultura para corte no Brasil era uma atividade praticamente inexistente. Predominava a criação para subsistência, principalmente nas cidades do interior nordestino. De forma isolada criadores começaram a enxergar a oportunidade de profissionalizar o setor e iniciaram a seleção genética de raças originárias do Nordeste, como a de ovinos Santa Inês. O objetivo era conseguir chegar a um melhor padrão racial que atendesse ao mercado de carne no país.
Em 1998, a visão de negócio de um pecuarista pernambucano começou a mudar a história da atividade. Luiz Felipe Brennand decidiu aproveitar a vocação natural da região e instalar o Rebanho Caroatá, em Gravatá, agreste de Pernambuco, a 90 Km do Recife.
Com foco no melhoramento genético de raças voltadas para produção de carne, resolver investir na raça de caprinos Boer, de origem sul-africana. “A raça possui grande potencial e reúne três qualidades essenciais para uma criação produtiva: alta taxa de fertilidade, carne de qualidade e excelente adaptação às regiões tropicais”, justifica o pecuarista. Para dar início à criação com alta qualidade, ele conta que importou campeões e filhos de campeões do Texas, e embriões da África do Sul.
Em seguida, o criador decidiu investir nos ovinos Santa Inês e adquiriu exemplares de tradicionais pecuaristas do país. “A raça Santa Inês foi uma opção natural porque é tipicamente brasileira e originária do Nordeste”, afirma.
Sempre disposto a investir, Luiz Felipe diversificou a produção em 2003 importando 250 embriões de ovinos da raça Dorper. Na época já funcionava em Baixa Grande, a 240 Km do Salvador, o Rebanho Caroatá na Bahia. A terceira raça foco do rebanho ganhou os territórios baianos e foi desenvolvida por ser especializada na produção de carne, para acompanhar o movimento crescente do mercado de carnes caprinas e ovinas no Brasil.
Atualmente, o Rebanho Caroatá possui 1.726 animais, sendo 444 caprinos e 1.282 ovinos. São 576 ovinos Santa Inês, 97 ovinos Dorper, 186 caprinos Boer e 18 caprinos Sawana. O rebanho também contabiliza 609 receptoras ovinas e 240 receptoras caprinas.

ALTA GENÉTICA  - Para chegar ao mais alto patamar de qualidade dos animais, o Rebanho Caroatá se valeu das mais modernas técnicas de reprodução animal. O programa de coleta de embriões implantado com cerca de 300 matrizes doadoras fez da genética do rebanho um modelo e referência para todos os criadores e interessados na atividade do país. Como resultado, durante seis anos Luiz Felipe Brennand foi escolhido o melhor criador e expositor da raça Boer do Brasil, e os animais com o afixo Caroatá estão sempre se destacando em exposições pelo país.
O pecuarista acredita que, a exemplo do que aconteceu nos Estados Unidos, América Central e México, o consumo de carne de caprinos e ovinos vai crescer em larga escala no Brasil nos próximos anos. Para incentivar o início desse crescimento, há sete anos Luiz Felipe propaga as qualidades das raças em eventos na Região Nordeste. Os leilões Caroatá, Pompeu Borba e Três Ases e Um Curinga, realizados todos os anos nas cidades de Gravatá-PE, Recife-PE, João Pessoa-PB e cidades que sediam as exposições Nacionais das raças Boer, Santa Inês e Dorper, são parada obrigatória de quem deseja entrar na caprino-ovinocultura. Em 2006 foi promovido o primeiro Três Ases e Um Curinga no Sudeste, em Bauru-SP, para levar a qualidade da genética pioneira do Nordeste para a região que mais cresce e investe na atividade. Desde 2007 o leilão passou a acontecer na capital paulista, durante a Feinco – Feira Internacional de Caprinos e Ovinos.
Luiz Felipe Brennand explica que para começar a suprir a demanda interna pela carne de cabrito e cordeiro e para produzir animais destinados para corte, é preciso antes investir em animais de elite e melhorar geneticamente os rebanhos. “Por esse motivo estamos vendo essa onda de leilões e a valorização de animais. O momento é de correr atrás de boa genética para formar os rebanhos”, contextualiza.
As carnes de cabrito e cordeiro fazem parte do cardápio de grandes restaurantes do país e representam uma alternativa de alimentação rica em proteína e ferro e pobre em gordura. O consumo de carne de caprinos e ovinos per capita no Brasil é de 1,5 kg/ano. No Nordeste, o consumo alcança um índice de cerca de 2,5 kg por habitante/ano.


Fazenda possui projeto modelo para produção de matrizes

Situada no município de Baixa Grande, a 240 quilômetros de Salvador-BA, a Fazenda Serra Azul foi adquirida em 1968 pelo patriarca da família pernambucana Brennand, Cornélio Coimbra de Almeida Brennand. Há mais de 10 anos as oportunidades no agronegócio começaram a apontar para a caprino-ovinocultura. Foi quando Luiz Felipe Brennand, filho de Cornélio, começou a investir em Pernambuco e na Bahia, e montou o Rebanho Caroatá. Exemplares foram trazidos dos Estados Unidos e embriões foram importados da África do Sul para formar uma criação de alta genética, hoje uma referência nacional nas raças de caprinos Boer e ovinos Santa Inês e Dorper, que promove leilões em várias partes do país. 
Com o crescimento explosivo da caprino-ovinocultura no Brasil, e já tendo à sua disposição a base genética do Rebanho Caroatá, a família decide iniciar na Fazenda Serra Azul a implantação de um grande projeto destinado à produção de matrizes Santa Inês e Dorper. O estado escolhido para sediar o projeto tem a vantagem de ter o maior rebanho caprino do país e o maior de ovinos do Nordeste, este último já com grande presença do sangue Santa Inês.
O rebanho de ovelhas e cabras tem cerca de 10 mil fêmeas, nos mais diversos graus de sangue. Luiz Felipe Brennand explica que a demanda surgida com os novos rebanhos em formação no País foi indicando as quantidades de Prov’s e Puras a serem ofertadas em cada uma das raças.
O manejo de Serra Azul é uma verdadeira revolução, feita a partir da introdução simultânea no semi-árido das técnicas de Voisin e do confinamento total dos cordeiros e cabritos. “O objetivo é conseguir um animal entre 30kg e 35kg de peso vivo, entre 120 dias e 150 dias de nascido. Desde o nascimento até os 15 dias as crias permanecem alimentadas exclusivamente pelas mães, que vêm aleitá-las no galpão três vezes ao dia. A partir dos quinze dias até a apartação passam a consumir ração concentrada e feno, alterando-se os aleitamentos para dois por dia, a partir dos trinta dias de nascidos”, detalha Luiz Felipe Brennand.

As matrizes, durante todo o ano, permanecem em regime de pastejo a campo, com a complementação de dois tipos de sal proteinado, um para a época das águas e outro para a seca. Os cordeiros e os cabritos permanecem, mesmo depois de apartados, nos galpões até atingirem 30kg a 35kg. Neste momento as fêmeas são transferidas para um Voisin de recria, onde deverão permanecer até os 40kg aguardando a estação de monta seguinte. Na fazenda Serra Azul, a primeira estação monta acontece em agosto e setembro, e a segunda em dezembro e janeiro. Essa programação de datas é para que os nascimentos aconteçam nas estações das águas, privilegiando o aleitamento. O não seqüenciamento é para permitir o uso de um mesmo galpão de confinamento para dois lotes de matrizes em reprodução.
Durante o período em que as fêmeas estão sendo recriadas, elas são readaptadas ao regime de pastejo a campo, com a diminuição continuada da oferta de ração concentrada. No mesmo momento em que são transferidas para a recria, os machos, que não possuem desenvolvimento ou caracterização racial para servirem como reprodutores, são levados para abate.
Nota do Blog:
Iniciei uma experiencia com um reprodutor Boer. De imediato tenho a dizer que estou satisfeito.Rústico, bastante arisco, se alimenta bem e tem um ganho de peso excelente. Vou aguardar o cruzamento com a cabra mistiça.

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