Principais Doenças dos Bezerros
Principais Doenças dos Bezerros1. Diarréia de Bezerros(as):
A diarréia de bezerros é a principal causa de perdas econômicas nas principais três semanas de vida. As causas mais comuns são bactérias entero-patogênicas (Escherichia coli e Salmonelia spp.), vírus, sucedineos lácteos mal-formulados, superalimentação, falta de higiene e outras falhas de manejo.
De acordo com o agente etiológico bacteriano da diarréia dos bezerros, duas denominações são possíveis:
a) Colibacilose ou curso branco, quando provocada pela Escherichia coli;
b) Salmonelose ou paratifo, quando provocada por bactérias do gênero Salmonelia spp. Há uma forte tendência de ocorrer paratifo durante a segunda ou terceira semana de vida, mais do que na primeira semana, característica mais comum na Colibacilose. Os sintomas são fezes moles, fétidas, às vezes com estrias de sangue; febre na fase inicial, podendo ocorrer, posteriormente, hipotermia, inapetência, depressão, orelhas caídas, desidratação, emagrecimento rápido e traseiro sujo (cauda e região perineal). A diarréia pode provocar, por metástase, o aparecimento de pneumonia, formando um quadro denominado de pneumoenterite. O tratamento consiste em fornecer sulfas e antibióticos orais, soluções hidratantes e, em casos mais graves, medicação parenteral. A profilaxia é feita através de vacinação da mãe no final da gestação, fornecimento adequado de colostro e higiene.
2. Babesiose
A Babesiose ou piroplasmose é uma doença causada por protozoários do género Babesia. Caracteriza-se por febre e hemólise, ocorrendo uma síndrome de ancirlia, hemoglobinemia e hemoglobinúna. O principal agente transmissor da Babesiose, no Brasil, é o carrapato Boophilus microplus.
A ocorrência de babesiose é mais comum em animais de raça européia do que no gado zebu. Isto se deve provavelmente à diferença de susceptibilidade ao carrapato vetor. A Babesiose bovina é de grande importância econômica, tanto devido às perdas diretas quanto à restrição de movimentação dos animais, em consequência de quarentenas obrigatórias.
Os perigos mais graves ocorrem em áreas marginais, onde a população de carrapatos é altamente variável, dependendo das condições climáticas. Nas estações em que a população de carrapatos decresce, a infecção pode desaparecer e a pré-imunidade ser perdida. Em infecções naturais, o período de incubação é de duas a três semanas. Infecções subclínicas ocorrem muito comumente, sobretudo em bovinos jovens. Os principais sintomas clínicos são febre alta (40 C), falta de apetite, fraqueza, paralisação da ruminação, orelhas caídas, queda na produção de leite, frequência cardíaca e respiratória acelerada e anemia. Em estágios mais avançados, ocorre grave icterícia e a urina toma coloração ciltre avermelhada e marrom. Animais prenhes muitas vezes abortam. O tratamento é feito com aplicação intramuscular de Ganaseg (Diaceturado, diazominodibenzamidina 7%). Em casos mais graves, pode-se recorrer à soroterapia e transfusão sanguínea.
3. Anaplasmose
A Anaplasmose bovina é uma doença causada por Rireltesla do gênero Anaplasma, a qual é transmitida através da saliva do carrapato (Boophilus microphilus), quando se fixa no bovino para se alimentar. Estudos têm mostrado ser a Anaplasmose mais severa nos bovinos adultos. Porém, em se tratando de regiões endêmicas, onde os bezerros são expostos ao agente etiológico bem cedo, são frequentes perdas econômicas por atraso no desenvolvimento e morte. Atenção especial deverá ser dispensada aos bezerros que são mais atingidos pela doença. No nosso caso, de modo geral, os adultos são imunes à Anaplasmose, uma vez que foram infectados na fase jovem.
Em bovinos, o período de incubação varia com a quantidade de material infectado, mas geralmente é mais longo que na Babesiose, começando em três ou quatro semanas ou mais, após a infecção causada por carrapatos e uma a cinco semanas após a inoculação do sangue.
Na fase aguda da doença, os animais apresentam-se febris (40 a 41 C), com inapetência (falta de apetite) e constipação ou, às vezes, ligeira diarréia. Com o progresso da doença, em decorrência de anemia, apresentam as mucosas pálidas e/ou icterícias, os olhos fundos e perda de peso progressiva. O diagnóstico pode ser feito através dos sintomas clínicos e/ou esfregaços sanguíneos periféricos, corados pelo método de Gimisa.
O tratamento baseia-se na aplicação parenteral (intramuscular ou endovenosa) de tetraciclinas (5 a lOmg/kg de peso vivo). Em casos mais graves pode-se recorrer a soroterapia e transfusão sanguínea. Os controles da Anaplasmose e da Babesiose são feitos através de manejo adequado, onde os animais tenham acesso a piquetes carrapateados desde jovens, uma vez que a erradicação do carrapato em nosso meio não é viável. Além de ser de difícil erradicação, se fosse levada a termo traria problemas de comercialização, na venda e na compra de animais para regiões onde o carrapato é encontrado. Pulverizações quando a população de carraptos está muito elevada também é uma medida de controle.
Deve-se conseguir um equilíbrio entre o hospedeiro (bovino) e o parasito (carrapato). Estas duas doenças também são conhecidas como "tristeza bovina". Os sintomas sao muito semelhantes, ficando difícil o diagnóstico diferencial. Para isso, geralmente há necessidade de se fazer um esfregaço de sangue periférico do animal doente. Como em nível de propriedade esta operação torna-se difícil, recomenda-se tratar o animal contra as duas doenças conjuntamente.
4. Pneumonia
Pneumonia é uma inflamação dos bronquíolos. Clinicamente manifesta-se por um aumento na frequência respiratória, tosse e sons respiratórios anormais na auscultação. Segundo a etiologia, as pneumonias podem ser infecciosas, metásticas, traumáticas, por corpos estranhos e parasitárias.
As pneumonias infecciosas primárias, que ocorrem em bezerros, podem ser causadas por vírus ou bactérias dos gêneros Pastetirelia e Klebisielia, principalmente. O mucoplasma também pode ser um importante agente causador de pneumonia em bovinos.
As pneumonias por metástases ocorrem quando os bezerros têm uma lesão primária em determinado local do organismo (como diarréia, onfaloflebite, etc). Com a evolução deste processo, há a invasão da corrente sanguínea por bactérias, as quais vão se fixar nos pulmões, causando pneumonia. Por isso é comum nos casos de diarréia ocorrer também o comprometimento pulmonar, ocasionando o quadro de pneumoenterite. A administração de medicamentos por via oral, bem como a ingestão forçada de leite, pode provocar falsa via levando também ao aparecimento de pneumonia por corpos estranhos.
Os principais sintomas da pneumonia são a respiração rápida e superficial, tosse, cianose quando atinge regiões extensas, diminuição do apetite ou inapetência, febre, lacrimejamento, tristeza e abatimento. A descarga nasal pode ou não estar presente. O tratamento é feito através da administração de antibióticos de amplo espectro (penicilina, tetraciclina, etc). No campo de verminose pulmonar, deve-se utilizar um anti-helmíntico específico.
A profilaxia consiste em fornecer alimentação adequada, higiene, evitar estabulação comum de um grande número de animais, evitar instalações mal ventiladas e úmidas. Os animais doentes devem ser isolados.
5. Onfaloflebite
É a inflamação do "cordão umbilical", causada por contaminação quando o bezerro nasce. A sintomatologia clínica é caracterizada por um aumento de volume no umbigo, com a presença de exsudato, que pode estar ou não exteriorizado.
Pode ocorrer dor abdominal. A evolução da onfaloflebite pode provocar hepatite, peritonite ou abcesso hepático, devido à ligação que existe entre o sistema porta e o umbigo do recém-nascido. Por metástase pode causar pneumonia e, por solução de continuidade, favorecer o aparecimento de miíase (bicheira). Deve-se fazer diagnóstico diferencial com hérnia umbilical, a qual desaparece sob pressão e apresenta o anel herniario.
O tratamento da Onfaloflebite é feito através da limpeza local com soluções antissépticas e aplicação parenteral de antibiótico. A profilaxia é feita através de assistência ao parto, não permitindo que a parição da vaca ocorra em locais sujos, procedendo os cuidados com o umbigo do bezerro recém-nascido, como já foi citado anteriormente.
Trabalho dos Professores Alexandre Vaz Pires e Ivanete Susin, ambos da Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz - ESALQ.
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