NUNCA ANTES NESSSE PAÍS
- 10/03/2011Parafraseando o ex-presidente Lula, pode-se dizer que nunca antes, nesse país, a caprino-ovinocultura viveu um momento tão feliz. Claro que existem vozes discordantes, ou dissonantes, as quais geralmente são bastante estridentes, mas representam apenas uma fração do cenário geral.
A realidade é que nunca se viu tanta gente lendo, analisando, estudando, investindo tempo e recursos, passando a levar em conta a caprino-ovinocultura como alternativa rentável. Isso é muito bom.
Por outro lado, também nunca se viu tanta gente reclamando de preços, de custos, de falta de estrutura, de falta de uma cadeia produtiva, etc. Tanto quanto nunca se viu tanto congresso, seminário, dias-de-campo, simpósio, etc. Há um incrível esforço tentando chegar a bom termo. O navio está procurando um porto seguro.
As Associações já perceberam que boa parte das iniciativas não dependem das autoridades governamentais, mas delas! Exatamente, delas! Cabe às entidades que congregam produtores de caprinos e ovinos elaborar projetos que atendam seus associados, sua região, seu mercado, sua raça! Havendo projetos é fácil acionar políticos, lobistas e autoridades em busca de resultados. As entidades precisam instalar Comissões específicas para cuidar do mercado e, assim, de seus associados.
Ao mesmo tempo, os criadores vão se dividindo, finalmente, em dois grupos: a) o da pecuária expositiva, com foco nas potencialidades da Genética; b) o da pecuária produtiva, com foco nas potencialidades da carne, leite, pele, etc. São dois mundos diferentes que precisam conviver.
A médio prazo haverá muito mais produtores de carne do que elaboradores de Genética. Afinal, os produtores de carne são compradores de Genética e, por isso, quanto mais forem, melhor para todos.
O mercado nacional nunca esteve tão aquecido, com preços entre R$ 10 a R$ 15 por kg vivo. O mercado externo já começa a vislumbrar a possibilidade de manter um vínculo duradouro com alguns empresários. Já vai longe o tempo em que árabes propuseram comprar 1,0 milhão de cabeças para atender uma única festividade religiosa e, como não havia meio de juntar esses animais, eles desistiram. Outros países tentaram fazer compras, mas o mínimo solicitado por eles era uma fábula para os brasileiros que nunca conseguiram dar conta do recado. As poucas exportações realizadas foram de Genética. O mercado mundial, portanto, existe, é palpável, mas é preciso produzir em larga escala, em ritmo definido, para poder ser conquistado. Tarefa para empresários empreendedores!
Na área da Genética, muito já foi feito, mas o setor está observando o que acontece na pecuária de gado em geral, onde a FIV (Fertilização in Vitro) caminha a passos largos. Qualquer empresário-pecuarista não quer mais um touro cobrindo suas vacas de elite; agora ele utiliza a FIV, em que milhares de vacas comuns (baratas) são enxertadas com embriões de poucas vacas de alta elite. Uma única vaca pode parir 100 ou 200 crias em um único ano! Isso é quase um milagre e, sem dúvida, foi o sonho de pecuaristas de apenas 50 anos atrás.
O mesmo tende a acontecer na caprino-ovinocultura. A modernidade chegou para ser desfrutada e o mundo precisa de alimentos. Cabe ao Brasil produzir em suas terras toda essa riqueza.
Pequenas propriedades - No Sudeste e Centro-Oeste, milhares de pequenas propriedade estão surgindo no meio dos canaviais, com vocação para produção de carne e leite de ovinos e caprinos. Um formidável potencial produtivo que começa a ser explorado e só é possível no Brasil.
Nunca antes, nesse país, porém, houve também a fantástica dissonância entre “produzir” e “não produzir”. Uma análise atual do INCRA mostra que existem 1.164 assentamentos, com 1,1 milhão de famílias ocupando 80 milhões de hectares! É a soma da área rural ocupada em Minas, São Paulo, Rio, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Muita terra! Equivale ao território agrícola da Alemanha, França, Espanha, Itália e Inglaterra! Posse de terra, portanto, não é problema no Brasil.
Por outro lado, sabe-se que 40% da produção agropecuária, ocupando apenas 24% das terras, garante 70% do que vai para a mesa dos brasileiros e também 74% da mão-de-obra no campo. São as pequenas propriedades familiares, de pessoas que gostariam de ter mais terras. Imagine se o Governo resolvesse o verdadeiro conflito fundiário, aumentando as terras de quem já produz, ao invés de insistir na doação de terras a quem não quer produzir! Os filhos dos proprietários, sim, gostariam de ter uma chance (terra), pois são trabalhadores, mas estranhamente não estão entre os baderneiros contemplados pelo Governo! Como pensar em produzir mais, com gente inadequada? Se o MST plantasse as beiradas de rodovias teria o apoio e compreensão de toda sociedade, mas não planta!
Os “Sem-Terra”, do MST, não plantam nas beiradas de rodovias, para sobreviver; mas outros plantam...
Basta um exemplo: FHC distribuiu 20 milhões de hectares a 600.000 famílias, mas 40% vendeu imediatamente a posse, e boa parte do restante preferiu alugar ou repassar para os mais dinâmicos, geralmente empresários do agronegócio. Ou seja, deu em nada! O Governo Lula fez pior que isso, conspurcando as estatísticas! A pseudo Reforma Agrária, portanto, é um elefante cego empurrado por cegos em direção a lugar nenhum! É o que diz a análise do INCRA. O MST transformou-se em banditismo rural, apenas isso, com apoio de um governo interessado apenas em votos, sem desejo real de dar dignidade ao homem-do-campo.
Por sorte, eis que surge a PPP-Parceria Público Privada que pode promover uma “Reforma Agrária”, distribuindo lotes de terra e gerenciando a produção, seguindo o modelo de vários “assentamentos” implantados por grandes fazendeiros. Quem não produzir, é expurgado, rapidamente! Nestes assentamentos - com ótica empresarial - caprinos e ovinos estão sendo contemplados nas pequenas glebas. Milhões de ovinos e caprinos serão necessários em novos assentamentos PPP que logo estarão sendo aprovados. Isso é muito bom para o Brasil, acabando com o pseudo movimento de Reforma Agrária, levando paz ao campo.
Finalizando, por todos os lados que se olha, há a presença de caprinos e ovinos no cenário. Em apenas 30 anos da revista o Berro, o Brasil, por meio de dinâmicos produtores rurais, está assistindo o despertar de mais uma atividade promissora, lucrativa, gratificante e que garante dignidade ao homem-de-campo: a caprino-ovinocultura.
Nota do Blog:
Espetacular e Oportuno o Editorial da Revista O Berro. Digo ainda, a região do semiárido brasileiro, propícia para a criação da ovinocaprinocultura, merece por parte dos órgãos governamentais uma melhor dinâmica. O nosso RN, posui uma tendência natural para mudar esse cenário que aí se apresenta. Infelismente, não depende somente de nós. Temos uma carência financeira que impede um maior desenvolvimento do setor. Precisamos também de ter nos quadros, caprinocultores fortes e arrojados. Saudades do Dr. Nélio Dias.
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