sexta-feira, 5 de julho de 2024

 

Levantamento identifica as incertezas do marcado global do agronegócio                                                                                    

O setor agroalimentar global convive com vários obstáculos este ano, pressionado por problemas climáticos (o fenômeno La Niña, que se segue ao El Niño), incertezas na economia e cenário geopolítico. A constatação é de amplo estudo do setor realizado pela Coface, líder global de seguro de crédito.

O Brasil não é exceção nesse quadro, com expectativa de queda de 7% da produção de grãos em comparação à safra anterior que deve resultar em uma colheita de 297,5 milhões de toneladas. No caso brasileiro, além do cenário internacional há também a incerteza em relação ao impacto que as enchentes no Rio Grande do Sul causarão na produção.

Simon Lacoume, economista da Coface especializado no setor agroalimentar, prevê que haverá uma redução de 2% na produção mundial de cereais como milho, soja e trigo, em comparação com o crescimento de 1% em 2023. Além disso, há indicações de que os preços das commodities agrícolas continuarão a ser altamente voláteis. Ele estima que, em geral, os preços dos alimentos retornarão ao seu nível pré-pandêmico, com a exceção de que os preços da carne permanecerão em um nível “muito mais alto”.

O clima merece atenção especial do setor, diz Simon Lacoume, pois este ano “o La Niña substituirá o El Niño com uma dinâmica meteorológica sem precedentes”. O La Niña pode ter efeitos positivos para alguns países, pois traz excesso de chuvas. Mas, na avaliação do economista, o fenômeno causa ainda mais incertezas com as possíveis enchentes que provocará, podendo resultar na destruição de plantações, infraestrutura e minas, especialmente nas Américas (Brasil, Argentina e Estados Unidos) e em países como Austrália e África do Sul.

O estudo da Coface também lembrou os obstáculos criados pela situação geopolítica e o prolongamento da guerra na Ucrânia e as tensões geopolíticas no Oriente Médio. De acordo com a pesquisa, os suprimentos de grãos estão sob pressão na África Oriental, Irã e Paquistão, como resultado das tensões no Mar Vermelho. E a necessidade de definir novas rotas para navios de carga do Mar Negro e da Europa via Cabo da Boa Esperança mais do que dobrou a distância e os atrasos no transporte de contêineres da Ásia por esses navios, o que está contribuindo para o aumento dos custos.”

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