quarta-feira, 24 de julho de 2024

 

Avaliado o bom desempenho do bovino da raça Santa Gertrudis criado a pasto no nordeste                                                           

A única prova de avaliação de desempenho realizada no Nordeste conduzida em parceria com a Embrapa Geneplus, está em sua quarta edição. A avaliação realizada na raça Santa Gertrudis aconteceu em Japaratuba, a 55 km de Aracajú – capital Sergipana, na fazenda Mangabeira, uma das pioneiras na criação da raça no Brasil. Realizada em uma região semiárida, a prova contou com 75 animais, entre machos e fêmeas, destacando a criação totalmente a pasto, mesmo em condições climáticas desafiadoras.

Com duração de 8 meses, ao final, os animais apresentavam em média 18 meses de idade, sendo avaliados em diversos aspectos essenciais para a pecuária de corte de alta eficiência. Gustavo Barreto, proprietário da Fazenda Mangabeira, explicou que a avaliação não se limita mais à análise fenotípica. Hoje, além dos dados de melhoramento genético, utiliza-se a tecnologia de ultrassom nos indivíduos para medir precocidade, marmoreio, rendimento e acabamento de carcaça, proporcionando uma visão mais detalhada e precisa do desempenho dos animais. “A precocidade é essencial para aumentar a produtividade e lucratividade dos clientes”, afirmou Gustavo.

Maury Dorta, especialista em melhoramento genético e responsável pela avaliação do programa Embrapa Geneplus, enfatizou a importância desse estudo contínuo desde a desmama até sobreano. “No Santa Gertrudis, raça voltada para a produção de carne, desempenho, ganho de peso, fertilidade e qualidade da carcaça são cruciais para o sucesso do sistema de produção”, disse Maury. Ele também destacou que a prova oferece acompanhamento e orientação aos criadores, auxiliando na tomada de decisões para o melhoramento genético e aplicação de técnicas de seleção e acasalamento.

A avaliação  também contou com a presença de José Arnaldo Amstalden, superintendente técnico da Associação Brasileira de Santa Gertrudis, que acompanha a evolução da raça há 50 anos. Arnaldo destacou a eficiência dos touros a campo, mencionando seu ótimo libido, capacidade de caminhar longas distâncias, resistência a altas temperaturas e menor susceptibilidade a carrapatos. “Esses touros têm um desempenho excepcional em condições adversas e a prova pode ser vista aqui, em uma região com um ambiente climático exigente, a raça obtendo excelentes resultados”, comentou Arnaldo.

Além das avaliações de carcaça realizadas com ultrassom, a prova incluiu análises detalhadas do estado reprodutivo das fêmeas, examinando o desenvolvimento dos ovários e útero, e no caso dos machos mensurando a circunferência escrotal, verificando a puberdade e a capacidade reprodutiva dos animais. “Essa nota de evolução reprodutiva é crucial para identificar futuras matrizes e reprodutores de alto desempenho”, explicou o veterinário Felipe Almeida.

Os resultados surpreendem principalmente por se tratar de animais criados a pasto. “Machos com 101 cm de Área de Olho de Lombo (AOL) e fêmeas apresentando 7 cm de Espessura de Gordura Subcutânea (EGS) e 4,7 de marmoreio, demonstram um desempenho excepcional”, destacou Guilherme Mouco, médico veterinário. “Procuramos nas fêmeas um animal equilibrado com boa EGS, pois esse índice está relacionado à precocidade da reprodução”, completou.

A raça tem evoluído nos aspectos genéticos e avançado na análise genômica para potencializar os principais indivíduos e replicar características funcionais e produtivas. “Já fizemos a análise do genoma em 2018 e estamos refazendo em todo o rebanho agora. É através do DNA que queremos multiplicar esses animais que trazem o diferencial do Santa Gertrudis à tona, produzindo carne de qualidade com rusticidade”, finalizou Gustavo.

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