Agricultura e Pecuária
Sedraf e instituições parceiras realizam o lançamento da Safra/2024 do Projeto Algodão Agroecológico Potiguar
O projeto é pioneiro no Brasil e tem sido o responsável pela retomada da produção de algodão no RN, a partir da base agroecológica
O lançamento da safra 2024 do Projeto Algodão Agroecológico Potiguar (PAAP) marca mais um grande avanço para a Agricultura Familiar do RN. A presença numerosa de agricultores, agricultoras, extensionistas rurais, parlamentares e representantes de associações e instituições parceiras no Mercado da Agricultura Familiar, na manhã desta terça-feira (19), reforça a potência dessa proposta.
Implementado em 2021, o PAAP tem sido o responsável pela retomada do cultivo do chamado “ouro branco”, produto que já foi fundamental para economia do nosso estado. Durante o lançamento da safra/2024 do algodão agroecológico, agricultores familiares que estão vivendo a retomada da produção falaram sobre suas experiências e conquistas. Vinda da comunidade Capim Doce, no município de Montanhas – região do Agreste Potiguar –, José Serafim da Costa comemora a evolução da produção de algodão e a visibilidade que a comunidade passou a ter após iniciar no projeto há dois anos.
“Meu pai também era agricultor e sempre trabalhou com o algodão. O ‘ouro branco’ era nosso 13º salário, quando a gente podia comprar as nossas roupas. Lembro que a gente já tinha a assistência técnica da Ancar e, depois, da Emater. Hoje o algodão voltou e esperamos que a gente se desenvolva ainda mais”, afirmou seu José Serafim. A alta produtividade é comemorada pelo núcleo familiar: colheram, em 1 hectare, em média 600 quilos de algodão em 2023. Seu Serafim espera poder, em breve, ter acesso a máquinas que facilitem o processo de plantio e colheita para que a produtividade aumente ainda mais.
Na última safra, o projeto contou com a participação de mais de 800 agricultores que cultivaram cerca de 750 hectares, em mais de 100 municípios. A produção foi de mais de 400 toneladas em pluma e 170 mil quilos em rama, o que conferiu ao nosso estado o título de maior produtor de algodão orgânico certificado do Brasil. Para a safra/2024 serão 857 famílias cultivando mais de 1.200 hectares, em 114 municípios. A expectativa é que a produção possa ultrapassar os 700 mil quilos.
“Hoje, dia de São José, anuncio que no Projeto Algodão Agriecológico Potiguar serão mais de 1200 hectares plantados este ano, com uma produção sustentável, sem veneno, que torna o Rio Grande do Norte um estado protagonista no país. Isso representa uma vitória para a agricultura familiar”, disse o secretário Alexandre Lima, titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf). Ele adianta que, para o próximo ano, a questão central do PAAP será incorporar a produção de bioinsumos, cuja meta é implantar duas fábricas no RN. A projeção para a safra de 2026 é que sejam pelo menos 3 mil hectares plantados e que o Rio Grande do Norte se torne o maior produtor sustentável de algodão do mundo.
O lançamento marca o início do calendário de cultivo, beneficiamento e comercialização do algodão agroecológico potiguar para a safra 2024/2025. As famílias que participam do programa já iniciam os plantios com a venda da produção garantida e, assim como nos anos anteriores, o plantio do algodão será feito de forma consorciada a culturas como milho, feijão, sorgo e gergelim. O uso de 50% da área para cultivos alimentares é obrigatório, sendo um dos critérios para a certificação agroecológica e contribuindo também para a segurança alimentar dos participantes.
Além da venda garantida, o PAAP oferece cobertura para todas as etapas da produção: desde a compra e distribuição de sementes – adquiridas das próprias famílias – até a venda, passando pela garantia de assistência técnica. A Emater-RN responde pela assistência técnica de 526 famílias produtoras de algodão, de um total de 857 participantes do PAAP.
O diretor-geral da Emater-RN, Cesar Oliveira, comemora o terceiro ano do projeto, o qual credita às parcerias institucionais construídas. “Além da dimensão financeira, um dos aspectos fundamentais desse projeto é a injeção de autoestima que ele exerce nesses homens e mulheres, que antes imaginavam não existirem para o mundo, não tinham espaço para falarem de suas lutas e de seu trabalho. O projeto do algodão também trouxe uma mudança cultural, onde esses agricultores e agricultoras agora sabem ser possível produzir algodão sem veneno, de forma sustentável”, pontuou o diretor da Emater-RN.
Também estiveram no evento representantes de instituições e organizações parceiras: Instituto Casaca de Couro, Rede Xique Xique, Cooppotengi, Unicafes, MST, Fetraf, Fetarn, Sebrae-RN, Banco do Nordeste, Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), UFRN, Instituto Riachuelo,Conab, Marcha Mundial das Mulheres e Centro Feminista 8 de Março (CF8), regionais da Emater; além das deputadas estaduais Isolda Dantas e Divaneide Basílio, e do deputado federal Fernando Mineiro e representação do deputada federal Natália Bonavides.
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