quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

 

A chegada do verão marca o início do combate à broca-da-erva-mate

   

De novembro a abril é o período de maior incidência de adultos do besouro Hedypathes betulinus, mais conhecido como a broca-da-erva-mate, uma das principais pragas que atingem os ervais do País. Quando impactadas, as lavouras de erva-mate, concentradas principalmente na região Sul do País, são danificadas pelas larvas do besouro, podendo acarretar em uma queda de produção.

Segundo estudos da Embrapa Florestas, as larvas constroem galerias no tronco, impedindo a circulação normal da seiva, o que prejudica o desenvolvimento da planta. Em situações de alta incidência, pode acarretar até mesmo na morte das plantas. Um dos aliados dos produtores neste período de ocorrência dessa infestação dos insetos é o controle biológico por meio do fungo Beauveria bassiana.

A Embrapa Florestas e a Novozymes, líder mundial em biossoluções, identificaram no fungo Beauveria bassiana um aliado altamente eficaz contra a praga. A parceria público-privada resultou na criação de um bioinseticida contendo o fungo, o Bovemax EC. “Quando o besouro entra em contato com os esporos do fungo, ocorre a infecção provocando a morte do inseto em até 20 dias após a aplicação”, explica Fernando Bonafé Sei, agrônomo e gerente da área técnica da Novozymes.

Após este período, explica o especialista, o fungo coloniza o corpo do inseto, causando uma aparência esbranquiçada e, nesta fase, eles podem transmitir o fungo para insetos sadios, incrementando o controle da praga. O bioinseticida, completa Bonafé, tem um índice de controle de 70% dos besouros.

A pesquisadora da Embrapa Floresta, Susete do Rocio Chiarello Penteado, explica que, para atingir esse percentual, cuidados são necessários. “A aplicação tem o período certo para ocorrer”, explica. “Ela deve ser feita em novembro e em fevereiro e em nenhum outro mês. Estas são as épocas que a broca está mais suscetível ao contato com o bioinseticida e é quando o fungo é efetivo no combate”. Além disso, a pesquisadora recomenda que a aplicação seja feita no caule da planta e no solo ao seu redor, que são os locais por onde os insetos caminham, favorecendo a contaminação da praga. “Aplicar em outras épocas e em toda a planta é desperdício de recurso e de tempo”, alerta.

Outro ponto importante é que somente o Bovemax tem registro no Ministério da Agricultura e Pecuária, justamente por sua formulação correta. “Muitos produtores utilizam outros produtos, inclusive com outras formulações de Beauveria, mas não são efetivos. Também é desperdício de recurso e tempo, além de estarem agindo em desacordo com a legislação”, explica a pesquisadora.

A erva-mate é uma das principais fontes de renda de pequenos produtores do Sul do Brasil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022 o Brasil produziu cerca de 442 mil toneladas de erva-mate.

Para os produtores de erva-mate que optarem pelo uso do biodefensivo com o fungo Beauveria bassiana, os pesquisadores recomendam aplicar nas horas mais frescas do dia; preferencialmente no final da tarde e não aplicar em dias chuvosos ou com probabilidade de chuva.

Após a aplicação, o produtor precisa evitar a prática de limpeza mecânica ou química entre as linhas do erval, deixando uma cobertura verde, cujo objetivo é propiciar condições ideais para o desenvolvimento e persistência do fungo. Em relação à poda, a Embrapa Florestas orienta manter de 25 a 30% de folhas em cada planta para favorecer a ação do fungo e contribuir para a eficiência do controle.

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