sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

 

Produtora rural é a primeira mulher na família a assumir gestão da fazenda

De advogada à produtora rural, Suzana Garcia carrega um legado de amor pelo campo e se orgulha em dividir o negócio ao lado do irmão, em Barra do Ribeiro.




Com lágrimas felizes nos olhos, Suzana Garcia relembra a infância querida. Natural de Cachoeira do Sul-RS, a produtora rural passou seus primeiros cinco anos na fazenda, numa infância repleta de alegria. Brincando junto do irmão, andava a cavalo, corria pela propriedade e até realizava parto em ovelhas. Com admiração, ela sempre viu a família engajada no campo: avô, pai, irmão, seus quatro tios e primos. Emocionada, conta sobre a diversão e a saudade que tem dessa época no campo, em contato com os animais e com a terra.



Era a paixão da minha vida, eu amava! Eu sofri horrores quando tive de voltar a Porto Alegre. Na verdade, eu fui para lá porque eu tinha que estudar, naquela época não tinha colégio perto. E a gente foi para Porto Alegre, só que eu não me adaptei. Daí, minha mãe ficou com meu irmão e eu voltei para morar com meu pai na fazenda por mais um tempo.

Seis meses depois, a pequena Suzana foi de vez para a cidade, mas sempre voltava ao sítio nos fins de semana. Passando dos 15 anos de idade, seu envolvimento com o campo diminuiu, e mais a frente, a gaúcha cursou Direito. Contudo, sabia em seu coração que, no momento certo, se renderia às raízes no agronegócio. Então, esperou. Foi enquanto atuava numa entidade sem fins lucrativos para crianças hospitalizadas, que isso mudou. Quando a sucessão da empresa passava para o irmão, ele a chamou de volta.

Na época ele me chamou e falou: ‘Tu quer vir trabalhar comigo agora? Porque é o momento! Tu quer vir? Tu quer trabalhar no negócio?’ E eu falei: Quero! Eu sempre esperei por esse momento, só que eu esperei o momento certo.

Hoje, dividindo a vida entre a zona rural e a urbana, isto é, Barra do Ribeiro e Porto Alegre, Suzana é a quarta geração que trabalha no agronegócio. Como destaque, é a primeira mulher da família a assumir a gestão. Com muito amor e empenho, mesmo sem saber por onde começar, ela foi. Seu grande apoio estava no irmão, que com paciência e expertise, a ensinou sobre a visão gerencial e técnica do empreendimento. Reconhecendo o legado bonito que recebeu, Suzana não quer falhar.

É duro trabalhar na fazenda. Além do dia a dia ser complexo, e ter diversas atividades, tem toda a parte financeira que tu tem que cuidar. Hoje em dia eu sempre brinco: ‘Não tem espaço para amador no agronegócio’. Tu tem que saber administrar bem a tua fazenda.

Na — Foto: Bring Filmes | Julien Pereira


Uma vez advogada, isso ajudou Suzana na administração da propriedade. Seja pelo convívio com leis, documentações e contratos ou pela facilidade de transpor sua visão para quem está de fora. Há algum tempo lidando com a soja, nesse ano a produtora passou a tocar a pecuária. Com aproximadamente 900 animais na fazenda, faz integração lavoura-pecuária (ILP). No inverno cuidam de bovinos e ovinos, e no verão, cultivam a soja. Ainda, em outra propriedade, plantam arroz. Adaptando seu lado mais planejador, Suzana viveu na pele as imprevisibilidades da vida rural, como as mudanças climáticas, falta de luz e de conectividade. Mas apesar das intempéries, o afeto permeia tudo o que faz.

Eu tenho um amor pela terra que... eu nunca ia abrir mão disso aqui. E eu nunca vou abrir mão disso aqui. Quero continuar com esse legado que a minha família construiu, que eu tenho muito orgulho! Então, é realmente com muito orgulho que eu quero dar continuidade. Quero passar para os meus filhos, quero que os meus filhos passem para os filhos deles. E para isso, a gente precisa trabalhar. Quando tu faz alguma coisa por amor, se torna muito melhor, né? Porque até as dificuldades tu consegue passar por elas, num processo muito mais leve, porque tu tá amando o que tá fazendo. Então, dificuldades a gente vai ter muitas, diversas, inúmeras, mas quando a gente ama o que a gente faz, consegue superar e seguir em frente.

Entre internos e externos, a fazenda de Suzana conta com dez colaboradores no total. Seja sujando as botas de barro ou fazendo a contabilidade, ser mulher no setor agropecuário nunca foi um problema para ela. Determinada a seguir em frente, não prestou atenção ao preconceito e nem abria espaço para que isso a afetasse. Embora admita sua dificuldade em trabalhos que exijam força física, sublinha a comunicação apurada da mulher, que conduz assertivamente diferentes situações. Suzana divide a sociedade com o irmão e o vê de igual para igual, pois passam pelos mesmos desafios.

Ser mulher no agro é uma barreira que a gente já ultrapassou. Eu acho que hoje em dia ainda pode ter um pouco de preconceito, mas se valoriza cada vez mais a mulher no agronegócio e se tem muito respeito. Vejo que é uma barreira que já foi quebrada.



Suzana reconhece a importância da inovação para o avanço do setor, que beneficia quem é do campo a produzir mais em menos espaço. Ligada à engenharia genética, relembra de quando o pai trouxe sémen de ovinos direto da França para começar a cabanha presente em sua fazenda. Para continuar crescendo diariamente, ela conta com a tecnologia da Chevrolet S10 High Country.

Hoje em dia para a gente conseguir andar pela fazenda, ter um carro é muito importante. Então, quando tem uma picape é muito bom, porque daí tu pode carregar diversos itens que tu precisa na fazenda. Essa é uma das coisas que prezamos em sempre ter e nos auxilia muito no dia a dia do nosso trabalho. Adorei que ela tem o OnStar, que te dá segurança, tecnologia e conectividade.



Extremamente realizada, Suzana considera que, a pessoa que faz é aquela que não tem medo de colocar a mão na massa. Principalmente, sem deixar de comunicar sobre o agronegócio, defendê-lo e continuar fazendo dele a potência que é, no Brasil e mundialmente. Movimentando também os jovens do meio, a produtora é presidente de uma comissão em Porto Alegre.

Uma das coisas que eu acho mais interessante, que eu tenho visto muitas palestras, é que no mundo inteiro os produtores rurais são pessoas mais velhas. Digamos, se você for pensar na Europa, nos Estados Unidos... e no Brasil temos os produtores rurais mais jovens do mundo. Então, isso me dá muita esperança no Brasil, porque a gente sabe que produzir alimento é a nossa maior riqueza. Então, a gente ter jovens pensando, estudando e trabalhando nisso, é uma coisa que vai ser muito importante para o futuro do Brasil. Eu acredito muito nos jovens do agronegócio.

Nome: Suzana Ludwig Garcia de Garcia

Idade: 35 anos

Cidade: Barra do Ribeiro - RS

Atividade: Bovinos, ovinos, soja e arroz

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