segunda-feira, 10 de julho de 2023

 

Já é possível usar a levedura originária da cana de açúcar para alimentação de peixes

EMBRAPA

As leveduras são organismos unicelulares microscópicos, classificados no reino dos fungos, tal como os bolores e os cogumelos. Durante a produção de álcool são responsáveis ​​por converter bioquimicamente a glicose e a sacarose em etanol. A Saccharomyces cerevisiae é uma das mais utilizadas devido ao seu potencial de conversão.

Segundo o pesquisador Jony Dairiki , um dos autores da pesquisa, a levedura pode ser um potencial substituto do farelo de soja na nutrição de peixes, especialmente no estado do Amazonas, uma vez que essa commodity é encarecida pelo frete e, consequentemente, onera o custo das rações para tambaqui e matrinxã. “Na piscicultura, os custos se concentram basicamente na alimentação dos peixes, pois cerca de 50% a 70% dos valores totais de produção são provenientes da nutrição dos animais”, afirma.

Pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) avaliaram com sucesso o uso de levedura da indústria de álcool na formulação de ração para peixes onívoros, como o tambaqui ( Colossoma macropomum ) e a matrinxã ( Brycon amazonicus ), evoluiu um passivo ambiental em insumo benéfico para o animais de consumo. Na análise, destacam-se os níveis de cobre e ferro, que foram, respectivamente, 29% e 35%, superiores aos encontrados no farelo de soja, comumente usados ​​na formulação de rações. De forma prática, a levedura pode ser incorporada na formulação e na confecção de rações para peixes onívoros por ser facilmente processada e pela sua qualidade nutricional.

Para se obter a levedura a partir da cana-de-açúcar, segue-se um procedimento padrão adotado para obtenção da levedura que consiste na colheita da cana-de-açúcar com colheitadeira do tipo forrageira acoplada ao trator. Nesse momento ocorreu a trituração e deposição da cana-de-açúcar triturada em uma carreta. Posteriormente esse material é  descarregado na indústria para a garantia da garapa, que é realizado por moenda movida a vapor proveniente de caldeira.

A garapa extraída foi mantida em dornas de 19 mil litros, à qual, posteriormente, adicionou-se a levedura permitida para o início da fermentação. Um pacote de cinco quilos de levedura selecionados ativa para destilaria, S. cerevisiae, cepa CAT-1, foi despejado em um tanque com capacidade de 2 mil litros, com adição do caldo de cana, de forma controlada, até atingir o volume máximo.

Esse processo, com duração de aproximadamente dois dias, foi realizado para a ativação e a multiplicação da levedura. Após 18 horas de fermentação, observe-se que não houve mais formação de espuma, indicando o termo da fermentação, e todo o açúcar foi convertido em álcool. Ao caldo de cana fermentado dá-se o nome de vinho e para o início da destilação é necessário um processo de separação do excesso de levedura do vinho, para que ela não se acumule na coluna de destilação, e essa separação ocorra por meio de uma centrífuga, que separa a levedura do vinho por diferença de densidade.

O líquido mais pesado (que contém a levedura) sai pela parte de baixo da centrífuga; enquanto o vinho, que é mais leve, sai pela parte de cima do equipamento. Após a separação, o vinho é encaminhado para destilação, e a levedura, em forma de líquido espesso, volta para uma nova fermentação. Entretanto, conforme o aumento dos ciclos, a levedura se multiplica, sendo necessário o descarte do material excedente. Esse material descartado se origina a levedura de cana-de-açúcar para o uso em experimentos de nutrição animal.

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