sábado, 10 de junho de 2023


Gripe aviária só atingiu aves silvestres no Brasil, mas risco de contaminação de planteis comerciais deixa avicultura em alerta
Gripe aviária só atingiu aves silvestres no Brasil, mas risco de contaminação de planteis comerciais deixa avicultura em alerta Leo Drumond/Ed. Globo

Por que é importante ficar atento à gripe aviária

O que é a gripe aviária?
A gripe aviária é uma doença altamente contagiosa, causada por variantes do vírus Influenza. Atualmente, grande parte dos casos de alto potencial transmissível registrados no Brasil e em outras partes do mundo é da cepa H5N1. A doença pode atingir tanto aves silvestres quanto domésticas e planteis de criação, além de mamíferos. O ser humano também pode contrair, embora os casos sejam mais raros.

A gripe aviária foi notificada pela primeira vez em 1878, na Itália, sendo chamada, então, de praga aviária. Em 1955. O vírus foi classificado como Influenza A. O primeiro relato de contágio pela variedade H5N1 foi relatado em 1997, em Hong Kong. O Brasil, até este ano, nunca havia registrado focos da doença.

Como se transmite a gripe aviária?
Os principais vetores da gripe aviária são aves migratórias. Pássaros silvestres aquáticos, como patos, marrecos, gansos e cisnes, são hospedeiros naturais do vírus. O meio de transmissão mais comum para aves domésticas é o contato com animais infectados ou secreções, como fezes e fluidos corporais. Água e objetos contaminados também podem passar a doença. Nos poucos casos de infecção humana de que se tem registro, o contágio se seu pelo contato direto com animais doentes ou com ambientes contaminados.

Quais são os sintomas da gripe aviária?
Entre os principais intomas da gripe aviária estão:

  • Problemas no sistema nervoso e de coordenação motora, como andar cambaleante;
  • secreções pelo nariz e olhos;
  • tosses e espirros;
  • menor produção de ovos (em aves de postura);
  • mortes de aves em larga escala.

Se a gripe aviária atingir uma criação comercial, o que pode acontecer?
Países que notificam surtos de gripe aviária altamente patogênicos enfrentam barreiras sanitárias que limitam a comercialização nos mercados interno e internacional, com prejuízos à avicultura comercial, seja a de corte (para carne) seja a de postura (para a produção de ovos).

No Brasil, como os registros feitos até este momento foram em aves silvestres, pelas regras internacionais, ainda fica mantido o status de livre de gripe aviária. Desta forma, a avicultura brasileira vem mantendo sua atuação nos mercados globais, com médias elevadas de exportações, de acordo com dados do setor.

A sanidade dos planteis brasileiros tem sido argumento recorrente como diferencial de competitividade no mercado global. No entanto, a detecção de um foco de gripe aviária em planteis comerciais brasileiro teria um peso grande, considerando que o país é o segundo maior produtor e maior exportador mundial de carne de frango.

De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa a cadeia produtiva no Brasil, no mercado interno, a consequência seria restrições de trânsito e comércio de aves e subprodutos na região do estabelecimento onde a doença foi detectada, com efeitos no quadro de oferta e demanda. No mercado externo, poderia haver restrições ou bloqueio de comércio.

Como prevenir as criações contra a gripe aviária?
A zootecnista da Emater Santa Maria (RS), Laila Ribeiro Simon, explica que o principal é evitar o contato dos planteis de criação com aves silvestres. Ela enumera algumas medidas a serem adotadas nas granjas.

  • Planteis que integram um sistema de produção em que ficam soltos devem passar a ser confinados;
  • o galpão destinado ao criatório deve ser telado, com revisão constante das condições das telas;
  • monitorar o comportamento das aves de criação. Qualquer ocorrência ou morte sem explicação aparente deve ser notificada;
  • a circulação de pessoas na área das granjas deve ser evitada ao máximo. Mesmo o acesso de técnicos e extensionistas deve ser feito apenas quando estritamente necessário;
  • manter limpos comedouros e bebedouros nas áreas dos criatórios.

“É um vírus que causa alta mortalidade. Mais importante do que detectar a chegada do vírus é prevenir a chegada. Quanto mais trabalhar na prevenção, mas vai retardar a chegada da gripe aviária”, afirma.

Identificada a gripe aviária, que medidas são adotadas?
De acordo com a Organização Internacional de Saúde Animal (OMSA), caso seja identificado um caso de gripe aviária, são adotadas medidas como isolamento e vigilância da região afetada, abate sanitário, desinfecção e monitoramento de outras localidades suscetíveis em uma área demarcada pelas autoridades.

Recentemente, ganhou força a discussão sobre a vacinação em massa contra a doença. A Organização Internacional de Saúde Animal defendeu que os governos considerem essa possibilidade, levando em conta que a doença já atingiu países em várias partes do mundo e pode causar sérios prejuízos econômicos.

Aqui no Brasil, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) já se manifestou a favor de estudos que viabilizem a vacinação. No entanto, o Ministério da Agricultura posicionou-se contra, sob o argumento de que a medida poderia levar a restrições sanitárias contra a avicultura do país.


 

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