Gripe aviária: saiba sobre a doença e entenda por que o Brasil deve estar alerta
País já soma 31 casos, todos em aves silvestres, mas risco para as criações comerciais tem deixado governo e setor privado em atenção
A gripe aviária chegou ao Brasil. De acordo com o Ministério da Agricultura (Mapa), 31 casos foram confirmados até esta sexta-feira (9/6), todos em aves silvestres, o que, pelo menos até o momento, não muda o status internacional do Brasil, de livre da doença. No entanto, o risco de contaminação de planteis comerciais tem deixado produtores, indústria e governo em alerta. Saiba mais sobre a gripe aviária e por que é importante ficar atento às suas consequências.
Por que é importante ficar atento à gripe aviária
O que é a gripe aviária?
A
gripe aviária é uma doença altamente contagiosa, causada por variantes
do vírus Influenza. Atualmente, grande parte dos casos de alto potencial
transmissível registrados no Brasil e em outras partes do mundo é da
cepa H5N1. A doença pode atingir tanto aves silvestres quanto domésticas
e planteis de criação, além de mamíferos. O ser humano também pode
contrair, embora os casos sejam mais raros.
A gripe aviária foi notificada pela primeira vez em 1878, na Itália, sendo chamada, então, de praga aviária. Em 1955. O vírus foi classificado como Influenza A. O primeiro relato de contágio pela variedade H5N1 foi relatado em 1997, em Hong Kong. O Brasil, até este ano, nunca havia registrado focos da doença.
Como se transmite a gripe aviária?
Os
principais vetores da gripe aviária são aves migratórias. Pássaros
silvestres aquáticos, como patos, marrecos, gansos e cisnes, são
hospedeiros naturais do vírus. O meio de transmissão mais comum para
aves domésticas é o contato com animais infectados ou secreções, como
fezes e fluidos corporais. Água e objetos contaminados também podem
passar a doença. Nos poucos casos de infecção humana de que se tem
registro, o contágio se seu pelo contato direto com animais doentes ou
com ambientes contaminados.
Quais são os sintomas da gripe aviária?
Entre os principais intomas da gripe aviária estão:
- Problemas no sistema nervoso e de coordenação motora, como andar cambaleante;
- secreções pelo nariz e olhos;
- tosses e espirros;
- menor produção de ovos (em aves de postura);
- mortes de aves em larga escala.
Se a gripe aviária atingir uma criação comercial, o que pode acontecer?
Países
que notificam surtos de gripe aviária altamente patogênicos enfrentam
barreiras sanitárias que limitam a comercialização nos mercados interno e
internacional, com prejuízos à avicultura comercial, seja a de corte
(para carne) seja a de postura (para a produção de ovos).
No Brasil, como os registros feitos até este momento foram em aves silvestres, pelas regras internacionais, ainda fica mantido o status de livre de gripe aviária. Desta forma, a avicultura brasileira vem mantendo sua atuação nos mercados globais, com médias elevadas de exportações, de acordo com dados do setor.
A sanidade dos planteis brasileiros tem sido argumento recorrente como diferencial de competitividade no mercado global. No entanto, a detecção de um foco de gripe aviária em planteis comerciais brasileiro teria um peso grande, considerando que o país é o segundo maior produtor e maior exportador mundial de carne de frango.
De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa a cadeia produtiva no Brasil, no mercado interno, a consequência seria restrições de trânsito e comércio de aves e subprodutos na região do estabelecimento onde a doença foi detectada, com efeitos no quadro de oferta e demanda. No mercado externo, poderia haver restrições ou bloqueio de comércio.
Como prevenir as criações contra a gripe aviária?
A
zootecnista da Emater Santa Maria (RS), Laila Ribeiro Simon, explica
que o principal é evitar o contato dos planteis de criação com aves
silvestres. Ela enumera algumas medidas a serem adotadas nas granjas.
- Planteis que integram um sistema de produção em que ficam soltos devem passar a ser confinados;
- o galpão destinado ao criatório deve ser telado, com revisão constante das condições das telas;
- monitorar o comportamento das aves de criação. Qualquer ocorrência ou morte sem explicação aparente deve ser notificada;
- a circulação de pessoas na área das granjas deve ser evitada ao máximo. Mesmo o acesso de técnicos e extensionistas deve ser feito apenas quando estritamente necessário;
- manter limpos comedouros e bebedouros nas áreas dos criatórios.
“É um vírus que causa alta mortalidade. Mais importante do que detectar a chegada do vírus é prevenir a chegada. Quanto mais trabalhar na prevenção, mas vai retardar a chegada da gripe aviária”, afirma.
Identificada a gripe aviária, que medidas são adotadas?
De
acordo com a Organização Internacional de Saúde Animal (OMSA), caso
seja identificado um caso de gripe aviária, são adotadas medidas como
isolamento e vigilância da região afetada, abate sanitário, desinfecção e
monitoramento de outras localidades suscetíveis em uma área demarcada
pelas autoridades.
Recentemente, ganhou força a discussão sobre a vacinação em massa contra a doença. A Organização Internacional de Saúde Animal defendeu que os governos considerem essa possibilidade, levando em conta que a doença já atingiu países em várias partes do mundo e pode causar sérios prejuízos econômicos.
Aqui no Brasil, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) já se manifestou a favor de estudos que viabilizem a vacinação. No entanto, o Ministério da Agricultura posicionou-se contra, sob o argumento de que a medida poderia levar a restrições sanitárias contra a avicultura do país.
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