Alerta geral para os produtores de aves do Brasil
O Ministério da Agricultura e Pecuária declarou estado de emergência zoossanitária em todo o território nacional em função da detecção da infecção pelo vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) – H5N1 – em aves silvestres no Brasil. A medida foi publicada na edição extra do Diário Oficial da União. A Doença está notificada em aves silvestres em dois estados brasileiros e em países vizinhos; orientação é reforçar a biosseguridade das criações.
Trata-se de uma doença grave, causada por um vírus, e letal para o plantel. Por isso, é de notificação obrigatória e imediata aos órgãos oficiais nacionais e internacionais de controle de saúde animal. A doença já foi diagnosticada no Brasil no dia 15 de maio, em duas aves marinhas da espécie trinta-réis-de-bando e em uma ave migratória da espécie atobá-pardo, no litoral do Espírito Santo. No final de semana, outros casos foram registrados, incluindo um no Rio de Janeiro.
Especialistas reforçam que, mesmo com a presença do vírus nas aves marinhas, o Brasil não afeta a condição de país livre de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade e o comércio internacional deve ser mantido. Porém, o estado de alerta deve ser mantido e as medidas devem ser reforçadas.
O alerta se deve especialmente ao impacto da doença na avicultura, tanto em termos econômicos para o País quanto, e especialmente, para pequenos avicultores. “Se a doença chegar aos plantéis comerciais do Brasil, pode impactar significativamente a produção e a vida de produtores. A influenza aviária não é um tema específico da avicultura industrial. É um tema de toda a avicultura, porque é uma doença letal para as aves”, alerta o chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, Everton Krabbe. “Quem produz frango, ovos ou aves de reprodução deve estar ciente da gravidade da situação. E os pequenos avicultores podem perder sua produção, o que muitas vezes significa perder sua subsistência”.
Atenção para os cuidados que os produtores devem ter: A primeira ação do produtor é a de proteção da granja, definindo os limites de acesso, que são considerados a área “suja”, a de interface e a “limpa”. A área suja é todo o espaço fora da granja, onde o produtor tem dificuldade de controle no fluxo de pessoas, veículos, aves e outros agentes transmissores. Já a área de interface é aquela que compreende a portaria da granja e todo o perímetro em volta. É nessa área que estão também os vestiários, escritório, portão de acesso e arco de desinfecção.
A área limpa é a parte interna da granja, protegida e que o produtor consegue aplicar as normas e regras de biosseguridade. Entre os itens de proteção estão o isolamento da área de produção, a instalação de telas antipássaro, uso de um único acesso às granjas e áreas de desinfecção e controle de visitantes, uso de água potável de qualidade livre do acesso direto ou indireto de aves e cloração da água com no mínimo 3ppm de cloro livre, manter os reservatórios bem vedados.
As orientações de biosseguridade não são apenas para as granjas comerciais. Elas valem também para produção de pequena escala ou de subsistência, pois protegem e evitam que doenças se proliferem. “O cuidado em pequena escala é tão ou mais importante. Pois, se uma doença afeta a produção, isso afeta o sustento e a qualidade de vida do produtor e sua família”, explica o pesquisador. “Neste momento, a criação de aves de pequena escala deve levar em consideração todas as regras de biosseguridade e ainda observar outras, como a compra de aves somente com Guia de Trânsito Animal (GTA) e Nota Fiscal. Isso garante a procedência e saúde das aves”, enfatiza.
Outro ponto crítico e que deve ser foco dos pequenos produtores é que em criações coloniais, ou com acesso das aves à área externa, esses os piquetes precisam ser mantidos protegidos com cercado. Esta cerca deve estar afastada pelo menos cinco metros do perímetro limite dos piquetes. Também não deve ser permitido que as aves se desloquem livremente pela propriedade e sim mantidas em um perímetro de controle e cercado.
Os pesquisadores orientam ainda que os produtores evitem a entrada de novos exemplares de galinhas e frangos no sistema de produção. Quando isso for necessário deixe estes animais em quarentena, isolados dos demais. “Outro item importante é que o acesso das galinhas e frangos de corte a locais de outras criações, como patos, marrecos ou aves exóticas e de vida livre deve ser evitado, uma vez que essas aves aquáticas são hospedeiras e transmissoras do vírus”, explicou Luizinho.
Os principais sintomas que identificam a doença no plantel é a repentina mortalidade de muitas aves na criação e em curto espaço de tempo (menos de 48 horas). As aves apresentam ainda falta de coordenação motora (sintomas nervosos), andar cambaleante, pendem a cabeça para o lado e tem inchaço na região dos olhos, da cabeça e pescoço e nas juntas das pernas. Também tem inchaço da crista e barbela apresentando coloração roxa-azulada ou vermelho-escuro e sinais de apatia.
Ao identificar alguns desses sinais, o produtor deve comunicar o Serviço de Defesa Agropecuária Oficial da sua região. Se as aves estiverem no piquete, imediatamente devem ser fechadas no aviário e nenhum equipamento ou utensílio deve ser retirado do local. Se tiver contato com as aves, deve trocar de roupas e calçados e tomar banho. As roupas e calçados contaminados devem ser colocados em saco plástico fechado até a orientação do profissional da Defesa Sanitária. “O importante é não manipular as aves ou fazer qualquer ação sem a orientação da equipe da Defesa Sanitária”, explicou.
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