Pesquisadores procuram formas de melhorar o desempenho da caprinocultura leiteira
O Brasil produz cerca de 26 milhões de litros de leite caprino por ano, em 15.720 propriedades rurais. Somente a Região Nordeste é responsável por 70% dessa produção (cerca de 18 milhões de litros/ano), em 13.053 propriedades.
Os estados da Paraíba e Pernambuco, juntos respondem por 50% da produção de leite de cabra do Nordeste e 35% dos cerca de 26 milhões de litros da produção brasileira. Para analisar a importância dessa produção foi realizada uma pesquisa coordenada pela Embrapa, em parceria com as universidades Nacional Autônoma do México ( Unam ) e Estadual Paulista ( Unesp ), que traçou um panorama sobre a caprinocultura leiteira na divisão entre os dois estados.
O objetivo dos investigadores foi compreender melhor a realidade e seguir em soluções planejadas para os principais desafios dos sistemas produtivos locais. Os resultados do trabalho estão publicados em artigo na revista científica Small Ruminant Research. Com base nos dados levantados junto a 334 propriedades rurais na Paraíba e 220 propriedades em Pernambuco, a pesquisa evidencia uma realidade de dependência de programas públicos para divulgação do leite caprino e seus derivados, assim como impostos na segurança alimentar dos rebanhos, alta taxa de lotação – concentração de animais em uma mesma área de pastagem – e necessidade de alimentos externos para composição das rações. A pesquisa aponta também possíveis soluções, como a adoção de tecnologia, mudanças de manejo (especialmente de pastejo e melhoramento animal), além da busca por novos canais de recepção da produção.
Segundo a pesquisadora Nívea Felisberto , da Embrapa Caprinos e Ovinos , integrante da equipe da pesquisa, a busca pelo diagnóstico da realidade da caprinocultura leiteira na região da divisa, que compreende os territórios do Cariri (PB), Sertões de Moxotó/Pajeú (PE) e Agreste Central/Meridional (PE), foi motivada pela necessidade de encontrar soluções para problemas como baixa adoção de tecnologias e baixo índice de continuidade de ações de projetos na região, principalmente junto ao público da agricultura familiar. “Assim, entender o perfil produtivo, econômico, ambiental e social dessas famílias nos tornam fundamentais para entrarmos no agroecossistema, conhecermos sua estrutura e funcionamento e contribuirmos na busca e/ou construção coletiva de soluções”, ressalta ela.
De acordo com os autores, quase todo o leite caprino produzido no Nordeste é adquirido pelo programa de aquisição de alimentos do governo federal Alimenta Brasil , que substituiu o antigo Programa de Aquisição de Alimentos – PAA . A garantia desse mercado, inclusive, alavancou a atividade, fazendo com que várias propriedades passassem a explorar a caprinocultura leiteira como principal atividade comercial na Paraíba e em Pernambuco a partir de 2000. Os pesquisadores ressaltaram, porém, que um mercado restrito à venda para políticas públicas acaba limitando a produção de leite de cabra.
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