Mercado de insumos biológicos em crescimento
O avanço do controle biológico no manejo de pragas e doenças não é mais uma alternativa aos produtos químicos; é uma solução necessária. O motor que impulsiona o crescimento exponencial da produção e uso de produtos biológicos são os riscos ambientais e de saúde que humanos e animais enfrentam pelo uso de agrotóxicos.
O avanço do controle biológico no manejo de pragas e doenças não é mais uma alternativa aos produtos químicos; é uma solução necessária. O motor que impulsiona o crescimento exponencial da produção e uso de produtos biológicos são os riscos ambientais e de saúde que humanos e animais enfrentam pelo uso de agrotóxicos. Os consumidores mundo afora e até mesmo os agricultores pressionam pela produção de alimentos mais saudáveis e sustentáveis. Mesmo entre grupos mais atrelados a métodos convencionais de controle químico, é perceptível a redução de críticas aos defensivos biológicos.
De acordo com a empresa de pesquisa de mercado Research and Markets, o mercado de insumos biológicos deverá alcançar faturamento de US $18,5 bilhões até 2026, um crescimento de 74%, contra um aumento de apenas 3,7% dos defensivos químicos. Segundo estimativas da consultoria Blink Projetos com a CropLife, o mercado destes insumos deve triplicar até 2030, com os agentes de controle biológico de pragas liderando esse mercado. Entre os principais benefícios dos biológicos na agricultura estão o aumento da produtividade e da rentabilidade das culturas, a promoção de crescimento, a fixação biológica de nitrogênio, a solubilização de nutrientes para assimilação pelas raízes, a ativação da resistência natural das plantas e a melhoria na absorção de água e nutrientes.
Dentre as grandes culturas, as mais beneficiadas pelo volume de área tratada com produtos biológicos está a soja, a cana, o milho e o algodão. Dado o alto índice de adoção dos inoculantes na soja, ela se destaca ante as demais lavouras no uso desses produtos. A produção de bioinsumos em larga escala é relativamente recente. A primeira publicação sobre biocontrole surgiu em 1950 e o primeiro registro de um bioinsumo apareceu somente em 2014, sendo que em 2019 surgiu o primeiro registro de um produto complexo com a junção de três microrganismos em um único produto, promovendo um controle mais eficiente de doenças.
A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), que ataca cerca de 180 cultivos (soja, milho e algodão, entre eles), já pode ser controlada pelo bioinseticida microbiológico Baculomip SF, lançado ao mercado em outubro de 2021, com eficácia similar à alcançada pelos inseticidas sintéticos ‘premium’. O produto foi desenvolvido pela parceria público-privada Embrapa Milho e Sorgo e a empresa Promip de insumos biológicos. Este é apenas um exemplo dentre muitos outros disponíveis no mercado, entre eles outro biodefensivo: o Trichomip.
Segundo o pesquisador Fernando Hercos Valicente, responsável pela coordenação dos estudos na Embrapa, “a lagarta-do-cartucho é a principal praga do milho, tanto na safra quanto na safrinha, e pode reduzir a produção de grãos em até 60%. A pesquisa trabalha para mitigar um pouco esses danos”.
O engenheiro Agrônomo Marcelo Poletti, co-fundador e CEO da empresa
Promip, enfatiza que produtores que impulsionam o controle biológico e o
manejo integrado de pragas ajudam a construir uma imagem positiva do
Brasil, apoiando-o como exportador de ponta de commodities agrícolas.
Junto com os bioprodutos, vieram os desafios de como dar sobrevida a
produtos vivos armazenados em depósitos, para facilitar sua logística de
distribuição, o que foi conseguido através de novas formulações desses
insumos. Sua aplicação na lavoura era outro desafio, resolvido através
do uso de drones. A empresa Natutec oferece uma solução completa aos
produtores: fornece os biodefensivos e sua aplicação na lavoura, via
drone. As soluções biológicas para o manejo sustentável dos cultivos
estão começando a substituir com vantagens as alternativas químicas.
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