O Brasil é um tradicional produtor de frutas cítricas. Laranjas, limões, limas e tangerinas são variedades conhecidas e que fazem parte da rotina do brasileiro, seja em consumo in natura ou em forma de sucos e sobremesas. Só para a safra 2021/2022, o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) estima uma produção de 294,1 milhões de caixas de 40,8 quilos no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo e Sudoeste de Minas Gerais.
O valor corresponde a um aumento de 9,51% com relação à última safra. Isto sem falar que o Brasil é líder na exportação mundial de suco de laranja. De acordo com o Comex Stat, em 2020, os embarques superaram US$ 1,4 bilhão. Já no primeiro quadrimestre de 2021, a exportação superou 21,2%,em relação ao registrado no mesmo período do ano anterior.
Segundo a CitrusBR, o Brasil responde por 79% do suco de laranja comercializado no mundo.
Para o presidente da Comissão Nacional de Fruticultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Roberto Barcelos, a citricultura é um setor fundamental da cadeia de frutas não só pelo destaque no cenário internacional, mas também por promover o sustento de muitas famílias brasileiras. “Temos muito orgulho da citricultura. Muitos produtores, que têm uma área menor, não conseguem ter escala para produzir outra cultura, mas conseguem plantar pomar de citros e obter uma boa renda para sustentar sua família”, disse.
Agronegócio é o motor da economia brasileira
O Brasil é o maior produtor de frutas cítricas do mundo, representando cerca de 25% do total global. “Entretanto, essas culturas se desenvolvem em constante risco sanitário, tendo em vista a infestação de insetos e de ácaros, a incidência de fungos e também plantas daninhas. Alguns destes problemas podem causar até 85% de perda nos pomares”, informa o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), Júlio Garcia.
Segundo estatísticas do IBGE a área de cultivo dos citros também é grande. São 592,8 mil hectares de laranja, 56,7 mil de limão e 52,9 mil de tangerina. No total, isso equivale a 702 mil Maracanãs espalhados pelos estados brasileiros. A produção gera R$ 12,1 bilhões aos agricultores. Mas com a incidência de pragas e doenças, como a mancha preta, pode haver prejuízo superior a R$ 10 bilhões, por ano.
Exportação de cítricos frescos se concentra no limão, e a laranja in natura também conquista seu espaço
No que se refere ao mercado internacional, a exportação de frutas cítricas frescas está concentrada principalmente no limão, cujo principal destino é a União Europeia. A laranja de mesa vem aumentando sua participação nas exportações, ano a ano, e a tangerina vem conquistando novos mercados, a exemplo dos Emirados Árabes Unidos.
Já com o suco de laranja a situação é outra. De cada cinco copos de suco de laranja consumidos no mundo, três são produzidos no Brasil. Em nenhuma outra commodity, o país tem expressividade semelhante. O país é responsável, atualmente, por mais da metade da produção mundial de suco de laranja e exporta 98% do total. Os principais mercados são: América do Norte, com 26%, e 74%, para União Europeia.
Segundo o presidente da Comissão Nacional de Fruticultura, da CNA, Antônio Marcos Ribeiro do Prado, “os números gerados pela citricultura têm grande importância no aumento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. São aproximadamente R$ 9 bilhões e 250 mil empregos criados na área rural”, afirma.
A citricultura é originária de países subtropicais ou tropicais
Os citros compreendem um grande grupo de plantas do gênero Citrus e outros gêneros afins (Fortunella e Poncirus) ou híbridos da família Rutaceae, representado, na maioria, por laranjas (Citrus sinensis), tangerinas (Citrus reticulata e Citrus deliciosa), limões (Citrus limon), limas ácidas como o Tahiti (Citrus latifolia) e o Galego (Citrus aurantiifolia), e doces como a lima da Pérsia (Citrus limettioides), pomelo (Citrus paradisi), cidra (Citrus medica), laranja azeda (Citrus aurantium) e toranjas (Citrus grandis).
São originários principalmente das regiões subtropicais e tropicais do sul e sudeste da Ásia, incluindo áreas da Austrália e África. Foram levados para a Europa na época das Cruzadas. Chegaram ao Brasil trazidos pelos portugueses, no século XVI. Suas árvores, de porte médio, atingem em média quatro metros de altura; a copa é densa, de formato normalmente arredondado.
As folhas são aromáticas, assim como as flores, pequenas e brancas, muito procuradas pelas abelhas melíferas e matéria-prima da água de flor de laranjeira. Os frutos são ricos em vitamina C; possui ainda vitaminas A e complexo B, além de sais minerais, principalmente cálcio, potássio, sódio, fósforo e ferro.
Diferentes tipos de solo permitem a produção da citricultura
As frutas cítricas são facilmente adaptáveis a solos com diferentes características químicas e físicas. Porém, as plantas se adaptam melhor a solos de textura média, profundos (mínimo de um metro de profundidade efetiva), bem drenados e arejados.
O crescimento vegetativo das plantas ocorre em locais com temperaturas de 13ºC a 40ºC, com faixa ótima entre 23ºC e 32ºC. A coloração alaranjada das cascas de laranja e tangerina é intensificada por baixas temperaturas na época do amadurecimento, o que valoriza os frutos no comércio.
Chuvas em torno de 900 a 1.500 milímetros por ano são suficientes para o cultivo de citros. Entretanto, o uso da irrigação, mesmo em locais com quantidades de chuvas nessa faixa, pode resultar em mais produtividade e qualidade de frutos. Os sistemas de irrigação mais utilizados são os localizados, isto é, irrigação por microaspersão e gotejamento.
Frutas exóticas são ricas em nutrientes e ainda movimentam o mercado
A escolha do porta-enxerto é extremamente importante para o sucesso do pomar. A combinação copa e porta-enxerto é responsável por uma série de características das plantas, como resistência à pragas, doenças e seca, adaptação a solos com diferentes características físico-químicas, porte da planta, qualidade dos frutos e produtividade.
A qualidade das mudas é outro fator importante para obtenção de pomares sadios e produtivos. Uma muda de boa qualidade deve estar enxertada sobre porta-enxerto cuja semente foi obtida de plantas registradas.
A borbulha deve ser oriunda de plantas matrizes livres de doenças, principalmente as transmissíveis por enxertia. Já a utilização de telado é indicada para a proteção de afídeos, vetores de vírus, cigarrinhas e do psilídeo que causa o Greening, a doença mais destrutiva e a maior ameaça à citricultura no mundo.
A Embrapa Amazônia Ocidental trabalha na produção de novas áreas de plantio para a citricultura, a fim de minimizar a menor oferta no norte do País. No caso, o Amazonas, onde as distâncias são consideráveis, a produção visa atender basicamente o consumo local. Lá eles desenvolveram um projeto que permite a plantação de cítricos conjuntamente a outras culturas. Graças a isto, segundo Marcos Vinícius Bastos Garcia, autor do projeto, entre 2011 e 2014, a citricultura no Amazonas já envolve mais de 2.400 produtores, com uma área plantada em torno de 4.007 hectares, onde são plantados laranja, limão e tangerina, e se concentra praticamente em Manaus e municípios vizinhos (Iranduba, Rio Preto da Eva, Manacapuru, Itacoatiara, Novo Airão, Presidente Figueiredo e Careiro).
O plantio da citricultura pode ser feito ao longo de todo o ano
Normalmente, o plantio deve ser realizado no início da estação chuvosa. Mas, se houver irrigação, pode ser feito em quaisquer épocas do ano.
A abertura das covas pode ser manual ou mecanizada. Quando a abertura for manual, a terra da camada superficial deve ser separada da terra do fundo da cova, pois por ser mais rica em nutrientes, será utilizada para preencher novamente a cova, após a mistura com adubo, esterco e calcário. A quantidade necessária da mistura depende de análise do solo, que deve ser feita antes do plantio.
Logo após o plantio das mudas, os tratos culturais mais importantes consistem na realização de irrigações até o pegamento, controle de formigas cortadeiras de folhas e de abelha-Irapuá, eliminação das brotações que surgirem abaixo das ramificações principais e replantio das mudas que morrerem.
Curiosidades sobre algumas frutas cítricas que fazem parte da citricultura
Laranja
Os Estados Unidos são o país que mais consome laranja na forma de suco; existe um museu de laranjas (Museu de la Taronja) que fica em Burriana, perto de uma cidade de Valência, na Espanha; A vitamina C encontrada na laranja tem ação antioxidante.
Limão
O limão possui uma substância que aumenta as defesas do corpo e é antiviral. Também atua na digestão de amidos e proteínas e ainda auxilia o trabalho do intestino.
Lima
As variedades Taiti e Galego não são consideradas limões, mas limas ácidas. As limas são bastante usadas na higiene doméstica, como remoção de manchas em vidros e mármores.
Tangerina
No Brasil a tangerina também é conhecida como mexerica, bergamota e poncã. Os gomos da mexerica ajudam a reduzir a absorção de glicose e gorduras. Sua árvore pode chegar a 7 metros de altura.
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