AFTOSA: primeiro ano do novo status sanitário
Entidades avaliam a primeiro a ano da certificação de zona livre de febre aftosa sem vacinação do Rio Grande do SulA certificação de zona livre de febre aftosa sem vacinação do Rio Grande do Sul, concedida há exatamente um ano (27 de maio de 2021) pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), é motivo de comemorações. E expectativas. Um ano após esta conquista, entidades e órgãos ligados ao setor agropecuário gaúcho avaliam os avanços e desafios.
“É um dia de comemoração, sim, mas também um dia de responsabilidade. A manutenção do status sanitário é um compromisso de todos. E tenham certeza que a Secretaria da Agricultura está muito atenta, com suas diversas atividades sendo realizadas com competência pelos servidores, em todos os rincões, contribuindo para o movimento que vai culminar na conquista de mercados”, declara o secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Domingos Velho Lopes.
Para a superintendente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa/RS), Helena Rugeri, o avanço do status sanitário no Rio Grande do Sul foi possível pela forte integração entre o setor público e o privado. “A manutenção do fortalecimento do Serviço Veterinário Oficial, que realiza uma vigilância ostensiva, e a orientação dos produtores são de suma importância para a manutenção do status sanitário”, afirma Helena.
Entre as entidades, é consenso de que a nova certificação vai abrir mercados mais exigentes, a médio e longo prazos, e destacam a responsabilidade de toda a cadeia produtiva na manutenção deste status. “Isto traz uma importância sanitária ímpar para o rebanho gaúcho. É um passo importante, sim. Mas, nós, produtores rurais, ainda não usufruímos benefício, a não ser o custo da vacina, obviamente. Quanto às questões de mercado, ainda não evoluímos. É verdade que é muito pouco tempo e que o mercado internacional não funciona no imediatismo. Ainda precisamos caminhar para que os grandes mercados do mundo tenham este reconhecimento e que ele seja duradouro”, destaca o presidente da Farsul, Gedeão Pereira.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul (SIPS), José Roberto Goulart, analisa que “o reconhecimento da OIE não é um botão que você aperta e no outro dia todos os países vão estar liberados para exportar”. Mas entende que o novo patamar sanitário abre portas para mercados mais exigentes. “São mercados que pagam mais pelos nossos produtos, além de serem mais estáveis”. Segundo ele, o Estado e as empresas precisam estar prontos para quando essa oportunidade aparecer. “Esse é o objetivo: estar pronto”.
O presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Estado (Acsurs), Valdecir Folador, concorda que este status facilita o caminho até mercados mais exigentes. “No caso da cadeia da suinocultura, acaba ajudando porque tem países que só importam carne de zonas livres de aftosa sem vacinação”, lembra Folador.
De acordo com o presidente do Fundesa/RS, Rogério Kerber, entidade que congrega as várias cadeias produtivas gaúchas, o marco de um ano de certificação precisa ser celebrado e, também, deve servir para manter o assunto vivo, dentro do olhar do produtor. “A luta pela certificação levou anos e envolveu muitas pessoas e instituições. Somos gratos a todos pelo trabalho que resultou neste fato, mas temos certeza de que a manutenção é uma tarefa ainda mais árdua e permanente, pois exige que cada um faça a sua parte”, pondera Kerber.
Na avaliação do presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, a conquista do Rio Grande do Sul resultou em uma valorização geral da produção. “Ganhamos todos, produtores, Estado e o país, ou seja, ganha a sociedade”, afirma.
Vigilância redobrada
A vigilância constante e atenta de toda a cadeia produtiva é fundamental para a manutenção desta condição sanitária, destacam as diferentes entidades. “O produtor rural é o primeiro e mais importante vigilante, porque é ele que está em contato direto com os seus animais na sua propriedade. Portanto, ele é o principal sentinela de qualquer alteração que possa ser encontrada. O sucesso no combate de uma possibilidade de foco é, realmente, a agilidade do produtor em comunicar, da autoridade sanitária em se manifestar e correr rapidamente para debelar o foco”, destaca Gedeão Pereira.
O presidente do SIPS também entende que a preocupação com a biosseguridade e a conscientização, principalmente do produtor, é fundamental para essa manutenção. Folador, da Acsurs, reforça que a responsabilidade é ainda maior sobre os rebanhos. “Temos que ter um cuidado e uma atenção redobrados, numa parceria forte entre o setor público e o setor privado”, diz ele. Para o presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), João Francisco Wolf, o produtor deve sempre alerta. “Ele não se pode afrouxar. Temos que reforçar o programa Sentinela, que faz a vigilância nas fronteiras, já que os países vizinhos seguem vacinando. E seguir trabalhando”.
Kerber lembra que os investimentos no sistema de defesa sanitária animal em áreas estratégicas do Serviço Veterinário Oficial têm sido constantes. “Temos certeza de que os desafios para a defesa sanitária animal são grandes e, por isso, o Fundesa e todas as entidades que o compõe, tem mantido a atenção e viabilizado investimentos”, ressalta o dirigente do fundo.
Parceria com as forças de segurança
A parceria com as forças de segurança é outro ponto importante para assegurar o status sanitário, fazendo o monitoramento nas regiões de fronteira em parceria com o Serviço Veterinário Oficial. Na Secretaria da Agricultura, os programas Sentinela e Guaritas fazem este monitoramento desde 2020.
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), uma das entidades parceiras na vigilância das fronteiras, afirma em nota que “o apoio das forças de segurança e defesa às ações de fiscalização agropecuária, no âmbito dos programas Sentinela e Guarita, acontece basicamente em duas fases: inteligência e salvaguarda. Desta maneira, busca-se tanto colher o máximo possível de informações para otimizar as operações quanto assegurar que os profissionais da Seapdr possam executar seu trabalho adequadamente”.
Para o comandante do Comando Ambiental da BM, tenente coronel Rodrigo Santos, “a Brigada Militar se sente orgulhosa por participar ativamente das estratégias de fiscalização, garantindo a sanidade do rebanho gaúcho”.
Além do Rio Grande do Sul, os estados do Paraná, Acre, Rondônia e alguns municípios do Amazonas e do Mato Grosso, foram certificados como zona livre de aftosa sem vacinação em maio do ano passado. Santa Catarina possui a certificação internacional há 15 anos.
Para atingir o status sanitário de área livre de aftosa sem vacinação, o Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA) determina critérios técnicos, estratégicos, geográficos e estruturais. O último caso da doença registrado no Rio Grande do Sul foi em 2001.
As informações são da Sedpr*
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