AgroNordeste gera melhoria de renda para agricultoras do semiárido
Garra e determinação descrevem bem a força de trabalho das criadoras de caprinos do município de Cabaceiras (PB). Entre elas, está Telma Simônica Soares da Silva. Casada com José Carlos da Silva e mãe de três filhas, Telma mora há 31 anos no Sitio Curtume, zona rural de Cabaceiras, onde, até 2005, só criava bovinos de leite.
Há dois anos, seu negócio mudou, cresceu depois de ter acesso às ações do AgroNordeste. “Meu marido cuidava das vacas e eu das cabras. Comecei sem conhecimento, sem tecnologias e cuidados... A cooperativa dava capacitações, mas eu não fazia tudo que era orientado, achava que era besteira. Não víamos aquilo como um ‘negócio’, apenas uma fonte de renda a mais”, conta ao ter decidido iniciar na caprinocultura de leite após a chegada da cooperativa de beneficiamento do produto.
Segundo a agricultora, no início de 2020 pensou em desistir, chegando a vender cerca de 75% dos animais. Contudo, com a vinda da assistência técnica do Senar, trazida pelo AgroNordeste, reviu a decisão em relação à criação de caprinos e mudou bastante a forma de trabalho. Sob a orientação do técnico, ela reestruturou o aprisco (local de confinamento dos animais), passou a utilizar novas tecnologias - entre elas o cardápio forrageiro da Embrapa – e pegou financiamento pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura (Pronaf) para adquirir novas matrizes, ampliando de 16 para 36 seu rebanho.
“Os meninos (técnicos) trouxeram tecnologia e um caderno no qual eu controlava tudo relativo aos bichos. Passei a me preocupar mais com a qualidade, a nutrição e a imunização dos animais, com a limpeza do aprisco, com a higiene na ordenha, ou seja, a gerenciar as cabras como um negócio e isso fez toda a diferença”, diz a produtora.
De acordo com Telma, com o aumento e a qualificação do rebanho a produção diária passou de 14 litros para 35 litros, na média, entregues à Cooperativa Capribov, que atende ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) com o leite e derivados. “Nos dois últimos anos, a nossa condição mudou muito. Além da oportunidade de melhorar a produção, houve, por parte do Governo Federal, um acréscimo de mais de 100%, tanto no preço do leite de cabra quanto na cota de distribuição para o PAA, o que fez com que a nossa renda aumentasse”, conta.
“De 2020 para cá, a vida da gente melhorou bastante. Compramos mais animais, um carrinho, fizemos uma cisterna com recurso do Banco do Nordeste e temos a meta de adquirir um moinho elétrico. Hoje tenho consciência que não se trata só de criar cabras, mas de gerenciar um negócio, e que vale muito a pena”, declara Telma.
Reconhecimento
Nesse tempo, a agricultora passou a compartilhar com os vizinhos o aprendizado adquirido, tornando-se uma liderança local. Mas sua história de sucesso vai além. Em 2021, Telma foi convidada a participar do maior evento de ovinos e caprinos do Cariri Paraibano, a Festa do Bode Rei, que ocorre há mais de 20 anos, no município de Cabaceiras. Mesmo temerosa, ela decidiu aceitar o desafio e o resultado foi uma dupla premiação: ganhou nas categorias Boca Cheia e Cabra Rainha.
Telma mostra os prêmios conquistados na Festa do Bode Rei
Mais sobre o Agronordeste
O Plano AgroNordeste foi lançado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 2019, para impulsionar, por meio da integração de ações e políticas públicas, o desenvolvimento econômico, social e sustentável da Região Nordeste e do norte de Minas Gerais e Espírito Santo. Com o apoio de uma importante rede de parceiros, conjuga ações que visam o fortalecimento das cadeias produtivas, ampliando o potencial de sucesso dos agricultores familiares da zona semiárida, em 16 territórios.
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