O plantio de mandioca tem uma nova técnica para uso dos agricultores
A nova técnica de plantio permite que estacas de apenas 5 gramas e do tamanho de um lápis substituam hastes de 50 gramas e mais de 20 cm no plantio da mandioca. Cientistas da Embrapa desenvolveram um processo inovador de propagação de mandioca. Em vez de utilizar o material tradicional (manivas-semente), a nova técnica usa miniestacas. A inovação conseguiu contornar características indesejadas, como a baixa taxa de propagação e os grandes volumes de materiais de plantio convencional, que dificultam a logística para ao armazenamento e transporte das manivas para novas áreas.
A técnica, desenvolvida no âmbito da Rede de multiplicação e transferência de manivas-semente de mandioca com qualidade genética e fitossanitária (Reniva), é tema do comunicado técnico “Miniestacas de mandioca – nova alternativa de material de plantio”, assinado pela equipe da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA), técnicos e produtores parceiros. O engenheiro-agrônomo Herminio Rocha, um dos coordenadores do Reniva, conta que essa técnica surgiu a partir do trabalho, também inédito, de multiplicação de mudas de mandioca em larga escala no Instituto Biofábrica de Cacau (hoje Biofábrica da Bahia), parceiro do Reniva.
Rocha lembra que o material de plantio de mandioca convencional demanda uma logística muito bem concatenada com as operações de campo. “Quando você pensa em plantar áreas maiores do que 10 ha, você pensa em muitos caminhões de manivas. Para se plantar apenas 1 ha de mandioca, são demandados de 4 m3 a 6 m3 de hastes convencionais, um grande volume. Quando você pensa em plantar com miniestacas, você reduz demais isso. Uma maniva convencional tem peso aproximado de 45 g; uma miniestaca, cerca de um décimo disso [5 g].” Benedito Dutra Souza, produtor de Tracuateua, no município do Pará, parceiro da Rede Reniva, reitera que essa é a grande “sacada” da miniestaca. “Para levarmos grande volume de manivas-sementes de um estado para outro, precisamos de carretas e carretas. No caso das miniestacas, poderemos levar nos automóveis,” compara o produtor.
Além disso, Dutra destaca que o produtor deve usar a miniestaca como estratégia para ter acesso a diversas cultivares. E deixa um recado: “Nós produtores rurais cometemos um grande erro. Queremos que alguém faça as manivas-semente para a gente. O que temos de fazer é ter acesso àquela cultivar que desejamos e fazer a maniva-semente na nossa propriedade. Fica aqui a recomendação para o produtor que quer plantar 100 ha para produzir raízes: que ele plante quatro hectares de miniestacas. Um jardim clonal, de 1 ha, bem organizado, produz, em 12 meses, 400 mil miniestacas. Aí você imagina um produtor que tem lá 4 ha de miniestacas? É muito material.” Entusiasmado, ele diz que espera em um futuro próximo encontrar caixinhas desses materiais para vender em casas de produtos agropecuários.
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