quarta-feira, 20 de outubro de 2021
Vale do S. Francisco Começa a Produzir Uva de Mesa sem Sementes
Vale do São Francisco começa a produzir uma nova uva de mesa sem sementes
Nordeste Rural
O Semiárido Nordestino, principal região produtora e exportadora de uvas de mesa do Brasil, conta agora com mais uma cultivar para se diferenciar no mercado: a uva BRS Melodia. Desenvolvida pelo Programa de Melhoramento Genético “Uvas do Brasil”, coordenado pela Embrapa, ela levou duas safras para receber um protocolo de manejo especial para a região do Vale do Rio São Francisco.
Desenvolvida originalmente para regiões de clima temperado e lançada em 2019, a BRS Melodia chamou a atenção do setor produtivo que, em parceria com a Embrapa, contribuiu com a validação do sistema de cultivo para a região tropical. Ela partilha o nicho de mercado explorado pela BRS Vitória, a primeira cultivar de uva da Embrapa a se tornar um ícone da viticultura da região, ao quebrar vários paradigmas e ganhar espaço no mercado internacional.
O lançamento das recomendações de manejo acontecerá hoje, dia 20 de outubro, durante evento híbrido promovido pela Embrapa e Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) na cidade de Petrolina (PE), com transmissão pelo canal da Embrapa no Youtube.
“As cultivares de mesa desenvolvidas pela Embrapa são bastante adaptadas às condições brasileiras, mas sempre antes de recomendar uma nova cultivar para uma região, é feita a validação em parceria com técnicos e produtores”, explica a pesquisadora Patrícia Ritschel, uma das coordenadoras do Programa de Melhoramento “Uvas do Brasil”.
Ela conta que a validação da BRS Melodia começou no Vale do São Francisco em 2019, em parceria com 12 produtores, em cujas áreas foram plantadas cerca de 50 mudas para testar os sistemas de condução, como latada e Y e espaçamento entre as plantas. No Semiárido, em especial, a equipe trabalhou intensamente para ajustar as indicações de poda, para melhorar a expressão da fertilidade de gemas, e o manejo dos cachos, para garantir a ausência de sementes, o sabor e a uniformidade da cor rosada, que passa a ser vermelha, com o uso de bioestimulantes à base de Etefon e Ácido Abscísico, produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“A viabilidade da produção da BRS Melodia com essa cor vermelha uniforme só foi possível com o uso desses bioestimulantes, sem eles ela fica bicolor, uma característica que não é muito bem aceita pelo mercado”, revela a pesquisadora. Ela relata que em todas as regiões nas que foi testada, incluindo o norte do Paraná (Marialva-PR e Uraí-PR), a Serra Gaúcha (RS), e o Vale do São Francisco, a cultivar apresentava grande dificuldade para alcançar coloração adequada. Esse problema foi resolvido a partir de pesquisas e a aprovação de novos produtos pelos órgãos reguladores.
Os produtores interessados em cultivar a BRS Melodia deverão adquirir mudas junto aos viveiristas licenciados pela Embrapa. Isso irá garantir a qualidade do material que está sendo cultivado e evitará a pirataria. A BRS Melodia é uma cultivar inscrita no Registro Nacional de Cultivares sob o no 39139 e protegida no Serviço Nacional de Cultivares sob o no 21190153.
“A BRS Melodia pode ser produzida ao longo de todo o ano, com duas safras anuais, aproveitando as janelas do nacional e internacional e ela complementa o portfólio de uvas para a região”, ressalta o chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, Adeliano Cargnin, ao dizer que desenvolver opções mais competitivas aos viticultores brasileiros é um dos principais objetivos do Programa de Melhoramento Genético Uvas do Brasil.
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