quinta-feira, 21 de outubro de 2021
Preço do Leite no Brasil Supera Cotação Internacional
Preço do leite no Brasil supera cotação internacional
Os preços dos produtos lácteos no mercado externo sinaliza recuperação
Os preços dos produtos lácteos no mercado externo, de acordo com a plataforma Global Dairy Trade (GDT), sinaliza recuperação. Segundo afirmou o analista da Embrapa Gado de Leite, Lorildo Stock, durante a reunião mensal de conjuntura do CILeite (Centro de Inteligência do Leite da Embrapa Gado de Leite), ocorrida em outubro, o principal fator para a recuperação dos preços é a atividade da economia mundial, após a Pandemia. Segundo Stock “o ano de 2021 começou com aumentos nos primeiros quatro meses em mais de 23%, puxados pela demanda chinesa, baixo nível de estoque mundial, e por uma menor oferta dos países exportadores”. Em setembro a valorização do preço internacional do leite foi de 3,3% em relação a agosto, cotado a um valor bruto de US$ 0,43/kg.
“Com a vacinação e o controle da pandemia de Covid-19 no mundo, há uma forte recuperação da demanda”, diz Stock. O aumento do consumo, principalmente na China – o maior importador mundial de lácteos – vem puxando a cotação para cima. “Soma-se a isso, o crescimento em menor ritmo da produção dos Estados Unidos, que afeta a oferta”, explica o analista.
No Brasil, o preço líquido do litro de leite ao produtor chegou a quase o equivalente a 0,46 centavos de dólar, valor acima da cotação internacional em 14%. Pesquisadores e analistas do CILeite explicam que o índice no mercado interno, embora ainda esteja influenciado pela entressafra que terminou em setembro, reflete principalmente o aumento dos custos de produção. Glauco de Carvalho, também pesquisador da Embrapa Gado de Leite, argumenta que os preços das commodities agrícolas atingiram o maior nível desde outubro de 2015.
Os preços internacionais da soja e do milho influenciam diretamente nos custos de produção do leite. Mas, no caso brasileiro, utilizando dados atualizados do Instituto de Economia Agrícola, a cotação do milho nos primeiros nove meses de 2021 fechou a R$ 1,52/kg, em média. Isso representa o dobro em relação à média histórica 2018/2020. A soja teve um aumento menor, mesmo assim está 50% a mais do que a média histórica, em R$ 3,00/kg.
Carvalho afirma, porém, que os custos estão altos em todo o mundo e não se limitam ao preço dos grãos, que compõem a ração do rebanho. “O frete do transporte marítimo também está elevado, devido ao aumento da demanda mundial. Além disso, precisamos considerar a cotação do petróleo, provocando aumento dos combustíveis em todo o mundo”, diz o pesquisador.
Outro fator identificado pela elevação dos custos, e que ganhou destaque nas últimas semanas refere-se a baixa oferta de fertilizantes no mundo. O Brasil é um grande importador de fertilizantes, principalmente de potássio. Na pecuária de leite, o fertilizante impacta na produção de volumoso. Para os analistas e pesquisadores da Embrapa, há uma demanda maior de modo geral no mundo e a China, grande produtor desse insumo, teve que reduzir a produção para se adequar aos novos parâmetros de emissão de carbono.
No caso dos preços de lácteos no Brasil, há um certo desaquecimento da demanda, embora o preço do litro de leite pago ao produtor esteja mais caro internamente do que no mercado internacional, está entrando menos leite importado no país. A baixa demanda, aliado ao fim da entressafra, está tornando o produto mais barato no atacado: em 15 dias, o preço do litro de leite UHT (caixinha) caiu de R$3,63 para R$3,44. No varejo, a caixinha de leite, que custava R$4,28 chega a ser vendida a R$4,19 e o preço deve cair mais nas próximas semanas.
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