quinta-feira, 29 de julho de 2021

 

Como aprender a usar o suporte forrageiro da palma para dar mais renda aos produtores de leite

 

A correta utilização da palma forrageira e as indicações de novas possibilidades de introdução da planta nas dietas de bezerras, novilhas e vacas, pode contribuir significativamente para a manutenção da atividade pecuária no Semiárido, promovendo mais renda e produtividade para o produtor rural. Esse foi o tema de uma capacitação promovida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Pernambuco (Senar/PE).

O treinamento “Utilização da palma forrageira na alimentação de diferentes categorias do rebanho leiteiro: Uma troca de experiências”, conduzido pelo professor e pesquisador do Departamento de Zootecnia da UFRPE e doutor em Zootecnia, Marcelo de Andrade Ferreira, qualificou técnicos de campo e supervisores, que levam Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar/PE a cerca de 900 produtores, responsáveis pela produção mensal de quatro milhões de litros de leite, na bacia leiteira do Estado.

De acordo com o pesquisador, a planta se destaca como a principal entre as alternativas de suplementação em regiões semiáridas, devido à capacidade de tolerar longos períodos de estiagem e manter alta produtividade, com excepcional valor nutritivo. Contudo, a cactácea deve ser tratada como uma cultura nobre e com tecnologias apropriadas.

Dietas à base de palma forrageira, devidamente balanceadas, reduzem a quantidade de alimento concentrado para determinadas categorias animais, possibilitando sua redistribuição. O fornecimento em associação com volumosos e fontes de nitrogênio, constitui premissas básicas para o melhor uso da palma forrageira.

Isso porque, a introdução da planta nos sistemas de produção de leite, pode ser feita em associação com outras espécies, permitindo ao produtor, integrar forrageiras disponíveis e de menor risco climático para a região como o sorgo para silagem e também restos de cultura e subprodutos da agroindústria como o bagaço de cana, este último disponibilizado pelas usinas de açúcar e álcool.

Existe, por parte dos produtores, uma grande preocupação com a proteína da dieta. Nesse sentido, o pesquisador ressalta que uma simples comparação entre o preço de dois produtos pode ocasionar enganos, que comprometam o desempenho animal e a rentabilidade dos sistemas. “Uma realidade clara é o preço pago por um saco de 50kg do farelo de soja. Não é nenhuma novidade que o valor praticado está elevado e o produtor, muitas vezes, recorre a insumos mais acessíveis, como o farelo de algodão, quando o correto é pagar pelo preço do nutriente, nesse caso a proteína, e não do produto”, defende.

“Ao questionarmos, por exemplo, se é mais vantajoso comprar 50kg de farelo de soja ao preço de RS135, ou 50kg de farelo de algodão por R$120, certamente a resposta mais lógica é a segunda opção.  Mas aí é que está o engano. Na verdade, o produtor estará comprando o kg da proteína bruta do farelo de soja a RS6, 14 e o do farelo de algodão a R$8,43”, explica Marcelo.

Atualmente, é mais lucrativo trabalhar com o farelo de soja, do que com o farelo de algodão, com base na tabela nutricional e valores cobrados por esses insumos. A dica é sempre acompanhar a movimentação de preços praticados no mercado, que tem variação constantemente.

Já no âmbito financeiro, o coordenador regional da ATeG do Senar/PE, Adriano Pontes, destaca que o investimento na implantação do palmal da cultura é relativamente alto, mas muito compensatório, a depender dos tratos culturais realizados pelo produtor desde o início do plantio, pois se trata de uma cultura perene e esses custos iniciais se diluem, observando benefícios a partir da segunda colheita.

Pontes alerta que, quanto menor for o custo de produção, mais rentável será a atividade. “Nos primeiros dois anos, é imprescindível que o pecuarista receba orientação técnica para conduzir todas as etapas e obter resultados importantes, como o rebanho bem nutrido e em máxima capacidade produtiva. Sem acompanhamento profissional, todo o investimento fica comprometido a ponto de precisar refazê-lo”, orienta.

O próximo treinamento está previsto para o dia 10 agosto e dará continuidade ao ciclo de capacitações, com a abordagem do tema “Plantio da Palma” pelo pesquisador do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Djalma Cordeiro.

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