O agricultor pode aumentar a produtividade e proteção ambiental com o uso da adubação verde
Uma prática agrícola utilizada há mais de 2.000 anos por gregos, romanos e chineses tem se tornado cada vez mais importante na atualidade. O objetivo é aumentar a produção das lavouras a partir da melhoria da fertilidade do solo sem dependência de insumos externos à propriedade. Trata-se da adubação verde, técnica que contribui com a conservação ambiental.
A prática consiste no plantio de espécies vegetais, principalmente leguminosas, em rotação ou consórcio com lavouras. Essas espécies podem ser roçadas e deixadas no terreno para servirem de adubo natural, ou podem ser usadas para o plantio direto. Neste caso, em cima da palhada, são cultivadas outras culturas. Leguminosas perenes também são usadas em sistemas de faixas ou aleias. Cultivadas próximas da área do cultivo principal, periodicamente são podadas e suas folhas acrescentadas à área de produção.
A matéria orgânica disponibilizada pela adubação verde retém nutrientes na superfície do solo e aumenta a fertilidade do terreno. As raízes profundas dessas plantas trazem para a superfície nutrientes levados pela água para o subsolo.
O pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) Walter Matrangolo explica que leguminosas, como feijão guandu, mucuna e crotalária, são capazes de ampliar o teor de matéria orgânica no solo pela fixação biológica de nitrogênio, que é realizada em simbiose (ou parceria) com bactérias presentes em suas raízes. “Assim, é possível aumentar a produtividade das culturas sem depender de fertilizantes químicos, que têm alto custo econômico e ambiental”, comenta Walter.
Além do benefício da redução dos custos de produção, a adubação verde contribui com a conservação da biodiversidade. O pesquisador explica que, com o uso intensivo de adubos minerais solúveis, ocorre a eutrofização do solo, ou seja, o excesso de nutrientes estimula o desenvolvimento de microrganismos que consomem rapidamente grande parte da matéria orgânica. Esse processo pode causar aumento da compactação do terreno, diminuição da capacidade de retenção de água e aumento da erosão.
Por outro lado, os adubos verdes promovem o equilíbrio ecológico, protegem o terreno contra radiação solar e erosão. Também promovem a descompactação e aeração do solo, o que aumenta sua capacidade de armazenamento de água e de nutrientes. Além disso, algumas espécies utilizadas como adubos verdes são úteis para reduzir a infestação de pragas nas culturas, pois diversificam o sistema de produção, o que favorece a ação dos agentes de controle biológico e, em geral, diminui a incidência das plantas invasoras devido ao sombreamento.
Mesmo com tantas vantagens, a prática ainda não está bastante difundida entre os produtores rurais. Um dos principais entraves para a utilização da adubação verde no Brasil tem sido a baixa disponibilidade de material para propagar a prática e de informações, principalmente para os agricultores familiares.
A fim de superar essas dificuldades e incentivar o uso da técnica, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) desenvolve o programa Banco Comunitário de Sementes de Adubo Verde. Com a iniciativa, produtores recebem sementes para multiplicação. Busca-se estimular a troca de material e de informações entre agricultores.
Nos bancos, os produtores se associam espontaneamente. Cada agricultor tem direito a uma quantidade de sementes para plantio que deve ser restituída após a colheita. Assim, outras pessoas podem receber material e é possível fazer estoque para os momentos de necessidade.
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