Todas as regiões do Brasil já têm zoneamento agrícola de risco climático para a melancia
A melancia é originária da África. É uma fruta saborosa, muito apreciada especialmente pelas crianças, visto que possuí um belo contraste de cores. É um alimento saudável, refrescante e hidratante (contém cerca de 90% de água), perfeita para os dias de calor intenso. Sua polpa rica em potássio, sais minerais e vitaminas. Pertence à mesma família da abóbora e do melão. É uma planta rasteira, com folhas grandes e flores pequenas, de cor amarela. Seu ponto de colheita varia em função do tipo de cultivar e das condições climáticas. Normalmente, esse período corresponde entre 65 e 75 dias após o plantio.
A cultura da melancia passa a contar com Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para todas as regiões do Brasil. Isso significa que dados sobre probabilidades de sucesso baseados em informações climáticas e nas características regionais estarão disponíveis para interessados em investir nessa cultura nas cinco regiões brasileiras. Os acervos do Zarc embasam análises atuariais e de concessão de crédito agrícola, dando segurança às instituições de seguro rural e bancárias e facilitando acesso do produtor a esses produtos financeiros. Até então, apenas três estados contavam com o Zarc para a melancia, Mato Grosso do Sul, Bahia e Rio Grande do Sul, e todos voltados a sistemas de sequeiro.
O trabalho envolveu o desenvolvimento de dois modelos de Zarc para condições diferentes de manejo: para a cultura de sequeiro e para a irrigada. Os cientistas verificaram que a irrigação é uma atividade relevante para o sucesso e segurança do negócio. “A irrigação deve ser vista com bons olhos, pois diminui muito os riscos de perdas na cultura da melancia,” afirma o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste Carlos Ricardo Fietz, coordenador dos trabalhos do Zarc da melancia. Esse dado, segundo ele, implica impactos relevantes no planejamento do investimento na cultura.
Fietz salienta que esse estudo trará um importante avanço ao cultivo de melancia no País. “Até então, os Estados que são grandes produtores de melancia, como o Rio Grande do Norte (maior produtor nacional), São Paulo, Goiás e Tocantins não tinham Zarc. Por meio dessa pesquisa, esses e outros Estados agora o contam com o zoneamento, tanto para a cultura de sequeiro quanto para a produção irrigada,” comemora o pesquisador. Por correr menores riscos, o produtor que investir em irrigação, poderá, por exemplo, contar com melhores condições de crédito junto aos bancos. O cientista lembra que o Zarc é utilizado por instituições financeiras de todo o País para subsidiar tecnicamente as análises de crédito e seguro rural.
“Ao todo foram geradas 66 novas portarias para o Zarc da melancia. Seis Estados (RS, SC, PR, SP, MG e MS) contam com quatro recomendações, que levam em consideração três diferentes variáveis de condições climáticas (clima quente, ameno ou frio), nos dois sistemas produtivos de sequeiro ou irrigado,” detalha Fietz.
O pesquisador da Embrapa Éder Comunello lembra que zoneamentos mais antigos recomendavam a semeadura somente em períodos com riscos de perda menores que 20% e explica que os novos zoneamentos trabalham com três níveis de risco: 20%, 30% e 40%. Os três principais fatores de risco para a cultura da melancia levam em conta deficiência hídrica, geada e chuva no período da colheita. O nível de risco apresentado no Zarc está associado a maior limitação de um desses fatores.
O chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Harley Nonato de Oliveira enfatiza a parceria com os produtores na validação do zoneamento. O trabalho reuniu produtores, pesquisadores, extensionistas rurais e autoridades governamentais envolvidas com o agronegócio, nas localidades de cada reunião e foi todo realizado por meio de reuniões on-line. Ele salienta ainda a importância dos investimentos na construção de dois novos lisímetros, equipamentos que medem o consumo hídrico das culturas no campo. Segundo ele, esses equipamentos vão possibilitar um aperfeiçoamento ainda maior do Zarc.
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