quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Produção de Leite Orgânico no Brasil tem Aprovação da EMBRAPA

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PECUÁRIA

Produção de leite orgânico no Brasil tem projeto de pesquisa aprovado na Embrapa

Embrapa aprovou neste mês o projeto que viabiliza o “Observatório do Leite Orgânico
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A Embrapa aprovou neste mês o projeto que viabiliza o “Observatório do Leite Orgânico”. O objetivo do Observatório é realizar o mapeamento e a caracterização dos sistemas de produção de leite orgânico no país, catalisando informações sobre esse modelo de produção, que ganha cada vez mais adeptos no setor produtivo (veja tabela ao final desta reportagem). “A ausência de dados a respeito da produção orgânica, nos diversos elos da cadeia, é o principal gargalo para o crescimento do setor no país”, diz Fábio Homero Diniz, analista da Embrapa Gado de Leite. Segundo ele, o Observatório irá reunir, em uma única plataforma, dados e informações sistematizadas sobre a cadeia agroalimentar do leite orgânico.

A expectativa é realizar uma ampla caracterização e monitoramento territorial das fazendas de leite orgânico, com dados sobre o tamanho do rebanho, produtividade, ambiente e avaliação da eficiência dos sistemas. A plataforma também conterá dados sobre fornecedores de insumos como grãos e sementes orgânica e medicamentos. Fernanda Samarini Machado, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, diz que é essencial para o crescimento do setor  poder contar com uma plataforma digital, aglutinando informações: “A produção de leite orgânica é diferenciada, principalmente por não adotar insumos químicos e pela dificuldade em adquirir bioinsumos”. O Observatório fará uma intermediação entre os elos da cadeia produtiva, com informações sobre canais de distribuição e circuitos de comercialização.

Raio X

A ideia de se criar o Observatório surgiu em 2019, a partir de diálogos com representantes dos diversos elos da cadeia. Em 2020, foi realizado um estudo prospectivo sobre a pecuária leiteira orgânica nacional. O próprio estudo é uma prévia do potencial do Observatório e da lacuna que ele irá cobrir. “Na época, identificamos 96 unidades de produção orgânica; enviamos um questionário aos produtores para subsidiar o projeto e obtivemos 39 respostas”.  A partir daí, foi possível obter um pequeno Raio X do setor. A pesquisa revelou que os rebanhos são compostos predominantemente de animais Holandês-Gir, Holandês-Jersey e Jersey. A área média das propriedades é de 270 hectares (mínimo de três ha e máximo de 2.980 ha), com área média dedicada à pecuária orgânica de 81,5 ha. Veja outros dados identificados na prospecção:

- Produção/dia: média de 930 litros (variando de 60 L/dia a 5.000 L/dia);

- Produção média/vaca: 14 l/dia;

- Tamanho médio dos rebanhos: 78 vacas (variando de cinco a 310 vacas), sendo 57 vacas em lactação.

- Sistema de produção: Pasto = 46%; Semiconfinamento = 53%.

- O pastejo rotacionado: 89% das fazendas.

Para 72% dos produtores entrevistados, a atividade leiteira orgânica representa a principal fonte de renda, enquanto 34% dos produtores realiza outra atividade orgânica além da produção de leite (olericultura, produção de café e milho). Os problemas sanitários apontados foram: mastite e endo e ectoparasitoses. Foram destacados também o pouco conhecimento em manejo orgânico e a falta de consultoria técnica especializada, além da necessidade de se reduzir a burocracia do processo de certificação, com maior clareza das normas e menor custo. Entre os principais desafios identificados na pesquisa, destacam-se a dificuldade de comercialização da produção, além da escassez e alto preço dos insumos orgânicos, como milho e soja.

Segundo Fernanda Machado, embora a produção de leite em sistemas orgânicos represente um percentual muito pequeno em relação a produção total de leite, o Brasil apresenta condições técnicas e ambientais para o aumento da oferta de leite e derivados orgânicos. Mas ela alerta que aspectos mercadológicos, relacionados a disponibilização de insumos, comercialização da produção, demanda por assistência técnica especializada, além questões burocráticas relacionadas à certificação podem limitar esta oferta. “Os desafios dos atores da cadeia produtiva são grandes e o Observatório surge como uma ferramenta para vencê-los”, conclui Diniz.

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