quinta-feira, 9 de julho de 2020

Uma tecnologia para oferecer mais conforto e produtividade nos estábulos de criação bovina

 
compost barnA tecnologia é chamada de “compost barn” e é utilizada nos sistemas confinados do pais. A Embrapa é a primeira instituição de pesquisa brasileira a dispor de um estábulo com a tecnologia compost barn. Um sistema em que os animais circulam livres pelo estábulo e cuja principal característica é o material orgânico distribuído sobre o piso, o que gera mais conforto às vacas. A estrutura está montada no campo experimental da Embrapa Gado de Leite (MG) na cidade de Coronel Pacheco (MG). Trata-se de um modelo de inovação aberta, que tem como objetivo oferecer ao setor produtivo de leite embasamento técnico-científico para o funcionamento adequado do sistema no País, especialmente no que se refere ao manejo e adaptação às condições tropicais.
Segundo o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo Martins, essa era uma reivindicação do setor produtivo desde que os sistemas confinados no País passaram a introduzir esse modelo, no início da década passada. “O compost barn ainda é utilizado no Brasil na base da tentativa e erro, sem um respaldo efetivo da pesquisa agropecuária. Com o sistema adotado na Embrapa, iniciaremos trabalhos para responder questões ligadas ao seu manejo, como qualidade do leite, ambiência e saúde animal”, diz.
O médico-veterinário e empresário, Adriano Seddon, um dos introdutores do compost barn no Brasil, informa que já existem cerca de dois mil galpões desse tipo operando na pecuária de leite nacional. “Devido às condições climáticas do País, o modelo se adaptou muito bem, oferecendo conforto térmico às vacas de alta produção, aumentando a produtividade e melhorando a qualidade do leite”, pontua.
Para quem não sabe o compost barn significa “estábulo de compostagem”. O modelo surgiu como alternativa aos sistemas de produção de leite em confinamento como o free stall (galpões onde as vacas descansam retidas em baias individuais) e o tie stall (vacas presas a correntes também em baias individuais). Embora no compost barn as vacas continuem confinadas, os animais podem circular livremente pelo galpão. Isso faz com que exercitem seus instintos sociais com o grupo. Isso impacta na melhoria dos indicadores reprodutivos e, consequentemente, no aumento da produção de leite.
Sua principal característica é a “cama orgânica”, que cobre o piso do estábulo em contato direto com o solo. Ela pode ser feita de maravalha ou serragem, caroço de amendoim, casca de café, ou outro material orgânico rico em carbono, que seja de baixo custo e fácil disponibilidade para o produtor. O composto é confortável para as vacas, abolindo as baias com camas de areia ou de borracha, além do piso de concreto dos sistemas tradicionais. “O piso mais macio contribui para evitar problemas de cascos nos animais”, afirma o pesquisador da Embrapa Alessandro Guimarães.
As vacas passam boa parte do dia no galpão (só saem para serem ordenhadas) e defecam e urinam nessa cama. Mas, de acordo com o chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Unidade, Pedro Arcuri, não há perigo de contaminação dos animais porque o material original da cama, rico em carbono e pobre em nitrogênio e nutrientes, ao qual são incorporados os dejetos dos animais, passa pelo processo biológico chamado de compostagem. “Ele estimula a decomposição de materiais orgânicos pelos microrganismos que atuam na presença do ar (aeróbios). Ao produzir calor, mata muitos microrganismos patogênicos que poderiam causar contaminação. O resultado é uma cama limpa e seca que não favorece o aparecimento de mastites ambientais”, explica.
Para que isso ocorra de forma efetiva, a cama deve ser bem manejada, sempre seca e com constante aeração. O composto deve ser revolvido com a utilização de trator do tipo enxada rotativa ou avassalador, duas vezes ao dia. A substituição do material é feita a cada período de aproximadamente um ano. Inclusive, um dos resultados esperados das pesquisas nas novas instalações são os indicadores para determinar o tempo exato da substituição. O material retirado do estábulo é um rico adubo orgânico e pode ser vendido ou utilizado na própria fazenda.

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