Coronavírus: boas práticas de sanitização garantem hortaliças seguras para consumo
Como pela aparência não é possível identificar se a hortaliça apresenta contaminação por microrganismos, já que esses patógenos não alteram a coloração, o cheiro e o sabor desses alimentos, a receita é seguir os mandamentos recomendados pela pesquisa científica, por meio de testes de eficácia comprovada. O primeiro desses mandamentos, de acordo com a pesquisadora Lucimeire Pilon, da área de Pós-Colheita da Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), é a higienização antes do consumo.
“Toda e qualquer ação relacionada à descontaminação das hortaliças passa pela prática habitual de higienização, adaptada às características de cada uma”, prega a pesquisadora, para quem esse cuidado vai garantir o consumo seguro do alimento.
“Os cuidados são os mesmos recomendados desde sempre para se prevenir da contaminação: para todas as hortaliças, incluindo as folhosas e as que são consumidas cruas, a receita é realizar a pré-lavagem com sabão alcalino próprio para alimentos, seguida do enxague em água corrente e depois a imersão em água com produto sanitizante, como hipoclorito de sódio ou dióxido de cloro”, pontua Lucimeire.
A sanitização com cloro, segundo ela, é indispensável antes do consumo de todas as hortaliças, sem distinção quanto àquelas que serão consumidas com ou sem casca. No tocante ao processo de higienização das folhosas, a pesquisadora chama a atenção para a necessidade de retirar folha por folha, eliminando aquelas com danos aparentes, antes de iniciar a lavagem.
Prevenção
Para a pesquisadora Iriani Maldonade, também da área de Pós-Colheita da Embrapa Hortaliças, é importante que o consumidor adote alguns cuidados no momento da compra para se prevenir contra possível contaminação e, também, para evitar contaminar os produtos, já que os alimentos são manuseados por clientes nas gôndolas onde ficam expostos.
A pesquisadora também reforça a necessidade de manter uma certa distância de outras pessoas e o uso de máscaras, como já vem sendo orientado pelos órgãos de saúde. “Como não existem ainda estudos conclusivos sobre quanto tempo o vírus fica ativo no ar ou nas superfícies dos produtos, a prevenção é o melhor caminho”.
“É bom lembrar que todo o processo é amplo e envolve desde o cultivo no campo, colheita, pós-colheita, armazenamento, transporte, pontos de venda e, na ponta, o consumidor”, sublinha a pesquisadora, para quem, tendo em vista a linha ascendente dos contágios, “todo esforço é válido como contribuição para que esse avanço seja freado”.
Na mesma linha de raciocínio, a pesquisadora Alice Nagata, da área de Virologia Vegetal, reforça as recomendações a respeito do tratamento que deve ser dispensado às hortaliças, e chama a atenção para a questão que vem sendo levantada sobre o tempo de permanência do vírus nos alimentos.
“Esse tempo é extremamente variável, de acordo com fatores como temperatura, umidade, tipo de superfície e presença de outros materiais e microrganismos: o vírus é mantido ativo por mais tempo em condições de baixa temperatura, por exemplo, em sala com ar condicionado e em geladeira, sendo que o ambiente seco também é favorável para aumentar a longevidade da partícula viral”, explica Nagata.
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