Brasil tenta aumentar a preservação da Mata Atlântica promovendo o potencial turístico, cultural e histórico
Presente em 17 estados brasileiros, a Mata Atlântica é um dos biomas
mais ricos em biodiversidade do mundo. São cerca de 22 mil espécies de
animais e vegetais, sendo que 8 mil delas são exclusivas desse ambiente
natural. Entretanto, a fauna e a flora não são as únicas a chamar a
atenção: o bioma reúne grande potencial turístico, cultural e histórico
que ajuda a preservar a área e a impulsionar a economia regional.
Apenas 7% da cobertura original do bioma estão em bom estado de
conservação, concentrados principalmente entre o litoral sul de São
Paulo e o norte de Santa Catarina, área abraçada pelo movimento Grande
Reserva Mata Atlântica.
“O movimento foi criado principalmente para resgatar e fortalecer os
atrativos e a cultura do maior remanescente de Mata Atlântica do Brasil,
além de assegurar o desenvolvimento das comunidades situadas na região.
Queremos incentivar a população a visitar a área e promover uma
convivência harmônica entre a sociedade e o meio natural, que fortaleça
negócios e traga desenvolvimento econômico e social”, destaca a
coordenadora de Áreas Protegidas da Fundação Grupo Boticário de Proteção
à Natureza, Marion Silva.
Em 4 milhões de hectares de florestas, ambientes urbanos e área
costeiro-marinha, a reserva de Mata Atlântica está em 45 municípios e
reúne muita diversidade de paisagens e atividades que podem ser
aproveitados por turistas do Brasil e do mundo. Entre elas, algumas
sugestões já consolidadas seguem abaixo:
- Passeio de trem pela Serra do Mar
Considerado o mais belo passeio de trem do Brasil, o roteiro pode ser
feito de Curitiba (PR) a Morretes (PR) e também no sentido contrário. O
trem passa por paisagens da Serra do Mar paranaense, como pontes,
túneis, penhascos e cachoeiras, além de possuir várias curiosidades
históricas. Programação e valores estão disponíveis no site da Serra
Verde Express, companhia que é responsável pelo trajeto turístico.
- Cavernas e cachoeiras no Alto Ribeira
O Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR), localizado no
estado de São Paulo, conta com dezenas de cachoeiras e mais de 300
cavernas. Por se tratar de uma área de preservação ambiental, nem todos
os locais são abertos à visitação.
- Passeios de barco nas ilhas paranaenses
O litoral paranaense reúne paisagens naturais para sair da rotina do
continente. A Ilha do Mel, por exemplo, tem cerca de 95% de sua área
composta por ecossistemas de restinga e Mata Atlântica, é um dos
principais destinos turísticos paranaenses, com praias e opções de
caminhadas. O acesso é somente por barcos, que partem todos os dias de
Pontal do Sul (PR) ou Paranaguá (PR). Outra opção é a Ilha de Superagui,
parque nacional na divisa com São Paulo que reúne paias, comunidades
tradicionais e espécies ameaçadas, garantindo a conservação da paisagem e
da cultura caiçara. O acesso também é por barcos, que partem de
Paranaguá ou Guaraqueçaba (PR).
- Boia cross no Rio Nhundiaquara
O passeio de boia é opção de lazer para quem visita a cidade
histórica de Morretes (PR). O trajeto, nas pequenas corredeiras e em
meio às pedras, é restrito a adultos e crianças acima de 12 anos e mais
de 1 metro e meio de altura. O percurso de três quilômetros costuma
durar duas horas e meia, com diversão e muito contato com a natureza.
- Passeio de escuna em Itapoá
Em Itapoá (SC), os turistas podem fazer um passeio de escuna no barco
Pérola Negra. O percurso começa na Baía de Babitonga, passando por 14
ilhas. Durante o trajeto, que tem duração média de quatro horas e meia,
há parada para banho e visitação na cidade histórica de São Francisco do
Sul (SC).
- Caminho do Itupava
Os mais aventureiros podem conhecer o Caminho do Itupava, na Serra do
Mar paranaense. O roteiro, que historicamente começava às margens do
Rio Belém, foi uma das primeiras conexões entre a Vila de Nossa Senhora
da Luz dos Pinhais e o litoral paranaense. Atualmente, o caminho com
cerca de 20 quilômetros liga os municípios de Quatro Barras e Morretes e
pode ser percorrido em cerca de sete horas, exigindo bom preparo físico
dos aventureiros.
- Ecoturismo em reservas naturais
Por concentrar trechos onde a Mata Atlântica permanece intacta, a
região da Grande Reserva Mata Atlântica concentra várias áreas
protegidas naturais públicas e privadas. Uma delas é a Reserva Ecológica
do Sebuí, localizada no município de Guaraqueçaba. Lá é possível
praticar trekking, canoagem, observação de aves e tomar banho em
diferentes cachoeiras. Outra opção, também na região de Guaraqueçaba, é a
Reserva Natural Salto Morato, mantida pela Fundação Grupo Boticário.
Seus 2.253 hectares abrigam um expressivo remanescente de Mata
Atlântica, com destaque para Salto Morato, uma queda d’água de cerca de
100 metros de altura. Em ambos os lugares a visitação é paga. O acesso
pode ser feito por uma estrada de terra ou via marítima.
- Ilha do Cardoso
Cananéia (SP), onde a Ilha do Cardoso está localizada, é uma das
cidades mais antigas do Brasil. Foi descoberta em 1502 por uma
embarcação portuguesa comandada por Américo Vespúcio. A ilha possui mais
de 90% da sua área coberta por floresta nativa original, com praias e
pequenos vilarejos. Os turistas podem visitar trilhas, cachoeiras,
piscinas naturais e dunas, além de conhecerem a cultura e a tradição
caiçara. O acesso é por barcos e, no trajeto, é possível observar
garças, botos e golfinhos.
- Montanhismo no Paraná
A Serra do Mar paranaense conta com um conjunto de montanhas que
virou ponto de encontro de escaladores e adeptos do montanhismo. O Morro
do Anhangava, por exemplo, é um dos melhores campo-escola de escalada
em rocha do Brasil, com vários graus de dificuldade em 1.420 metros de
altitude. É um ponto para a prática de voo livre, escalada, rappel e
passeios a cavalo. Outra opção é o Pico Marumbi, que resguarda muitas
riquezas da Mata Atlântica brasileira, além de oferecer opções de
trilhas, banhos de cachoeira e escaladas.
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