Soja tolerante a veranicos é lançada na Bahia
A
Embrapa Cerrados lançou nessa terça-feira, 28 de maio, a cultivar de
soja BRS 8980 IPRO que apresenta tolerância às variações climáticas e
com potencial para atingir altas produtividades mesmo em regiões com
ocorrência de veranicos frequentes. Esses curtos períodos de estiagem
durante a época de chuvas prejudicam o desenvolvimento da soja, causando
prejuízos aos agricultores.
Recomendada para a região do Matopiba, a nova cultivar, desenvolvida em parceria com a Fundação Bahia, foi apresentada a produtores, consultores e técnicos agrícolas durante o Workshop de Divulgação dos Resultados de Pesquisas da Safra de Soja 2018/2019, na feira Bahia Farm Show, que acontece em Luís Eduardo Magalhães (BA).
“O Brasil tem o caso de sucesso mais celebrado no mundo”, afirma Sebastião Pedro Neto, secretário da Inovação e Negócios da Embrapa, referindo-se à agricultura desenvolvida no Cerrado. Em clima de comemoração pela nova soja disponível para o oeste baiano, a presidente da Fundação Bahia Zirlene Dias Pinheiro lembra do início do cultivo do grão na região: “No começo, os produtores conseguiam colher 20 sacos por hectare e cinco eram destinados ao pagamento dos custos de produção. Hoje, graças à pesquisa, conseguimos mais de 80 sacos por hectare”.
A cultivar da Embrapa tem como objetivo justamente garantir o ganho de produtividade dos agricultores. Segundo André Ferreira, pesquisador da Embrapa Cerrados responsável pela nova cultivar, a BRS 8980 IPRO é bem adaptada às necessidades do oeste da Bahia e das outras áreas do Matopiba, onde foram feitos testes durante cinco anos, com intenso déficit hídrico, o que atestou sua tolerância à escassez de chuva, que é frequente na região. A cultivar tem um sistema radicular bem desenvolvido, formando raízes profundas e volumosas, permitindo à planta alcançar a água que está disponível em camadas mais profundas do solo e não sofrer muito com o estresse hídrico que afeta significativamente as outras variedades cultivadas na região.
O pesquisador enfatizou ainda a resistência da cultivar aos nematoides de galhas, que são naturais nos solos brasileiros, e aos nematoides de cisto. “A cultivar da Embrapa cresce bem, se desenvolve bem e se mantém estável, garantindo um alto rendimento para o produtor”, afirma.
Ferreira aproveitou o auditório composto por público com representantes do setor produtivo para antecipar o anúncio de outra cultivar que deve ser lançada em 2020 e que terá resistência à ferrugem asiática, uma das principais doenças que afetam a soja.
Durante o evento, Cláudio Karia, chefe-geral da Embrapa Cerrados, conta que o Brasil, quando optou por deixar de importar alimentos e se tornar um grande produtor, decidiu que faria essa mudança utilizando muita tecnologia. “A Embrapa se mantém com foco nos produtores e precisamos fortalecer nossas parcerias para facilitar essa aproximação com o setor”, comenta.
O secretário de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia Lucas Costa se mostrou otimista em relação ao papel da Embrapa no estado: “A importância da pesquisa é inegável nessa região. Eu fico confiante quando sei que a Embrapa está participando dos lançamentos. A agropecuária é o setor que sustenta o nosso país e por isso os pesquisadores e os extensionistas são os que têm os papeis mais importantes nesse cenário. Falamos em mudanças climáticas e já estamos nos preparando para enfrentá-las com a soja lançada hoje, que produz mesmo com os veranicos. É isso o que temos que fazer”, conclui.
A partir de dados históricos, Abud mostrou que a produção de soja tem grande oscilação em anos de El Niño e La Niña, quando alcança baixas produtividade e ótimos rendimentos, respectivamente.
“Apesar de a capacidade técnica da Bahia ser muito elevada, a produtividade continua sendo obtida a partir da combinação de uma série de fatores, entre eles, disponibilidade de água, luz, genética e arranjo de plantas”, explica o biólogo da Embrapa. No caso da água, são necessários em média 5,5 milímetros de água por dia para garantir uma boa produtividade, o que não acontece com frequência nessa região.
Abud destaca o espaço que a nova cultivar da Embrapa pode ocupar no sistema produtivo: “Mesmo que a propriedade esteja em uma região com boa disponibilidade de água, com certeza todo produtor tem uma área onde não chove satisfatoriamente e ali ele perde produtividade. Nessas áreas, a cultivar da Embrapa pode fazer a diferença”.
Os participantes do workshop tomaram conhecimento dos componentes que afetam o rendimento das lavouras, além da genética da planta adaptada à região produtiva. A construção e a manutenção de um bom perfil do solo deve ser foco de atenção dos produtores, a fim de permitir uma boa penetração das raízes das plantas e melhor absorção de água e nutrientes. Outros dois fatores determinantes para altas produtividades são: um arranjo adequado das plantas e a manutenção das folhas saudáveis até o fim do ciclo.
Outro alerta foi feito em relação às pragas e doenças que atacam a cultura, que têm apresentado cada vez menor sensibilidade aos agrodenfensivos utilizados e ao manejo adotado pelo produtor. A perda por um manejo inadequado chega a 60 sacos por hectare na região, enquanto a perda por questões climáticas pode alcançar 90 saco. “A perda por manejo merece grande atenção do produtor, mas pode ser facilmente resolvida se adotados alguns cuidados. Já para a perda causada por imprevistos climáticos, precisamos ter uma genética muito bem adequada para cada região produtiva”.
A Embrapa também esteve presente na Sessão Itinerante da Assembleia Legislativa da Bahia, organizada durante a feira para discutir políticas públicas com ênfase na agricultura familiar. Deputados, senadores e secretários de agricultura e de meio ambiente priorizaram as obras estruturantes necessárias para apoiar o fortalecimento das atividades agrícolas. Da Embrapa, solicitaram apoio para construção de projetos de transferência de tecnologia e de pesquisas participativas para melhorar as condições de produção desse setor.
O deputado Eduardo Sales lembrou da rápida resposta que recebeu da Embrapa quando começaram os ataques da lagarta Helicoverpa armigera e do resgate do manejo integrado de pragas, que possibilitou a redução do número de aplicações de defensivos nas lavouras, devolvendo o equilíbrio agroecológico ao sistema produtivo. “Viemos coletar as mariposas e identificamos a espécie Helicoverpa armigera. A partir da demanda que surgiu do município de Luís Eduardo Magalhães, a Embrapa organizou uma caravana frente às ameaças fitossanitárias que atendeu todo o Brasil de 2013 a 2015”, conta Sérgio Abud, coordenador da caravana.
Já o presidente da Embrapa Sebastião Barbosa ressaltou que vários estudos relevantes foram realizados na região graças à parceria com instituições do estado – Fundação Bahia, Aiba e Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) –, além de órgãos de governo, setor privado e principalmente os agricultores, a quem chamou de os “desbravadores da idade moderna”, pois deixaram seus lares, às vezes, muito distantes, para migrar e estabelecer uma nova realidade na região.
“Temos aqui uma agricultura muito pujante, do mais alto nível, que compete com as maiores nações agrícolas do mundo com altíssima produtividade. Isso se dá principalmente pelas mãos desses agricultores que vieram e transformaram essa região da Bahia em uma das mais modernas e produtivas do Brasil”, enfatiza o presidente. Ele fala ainda do potencial da agricultura irrigada da região: “O futuro da agricultura do Brasil está aqui, nessa região”.
O prefeito de Luís Eduardo Magalhães Oziel Oliveira destacou que a região é referência nacional na produção de grãos e hoje responde por 6% da produção nacional. Ele destaca que esse resultado é fruto de pesquisa e educação, fundamentais para que esse cenário fosse possível. “Esperamos ainda aumentar a produção de algodão no estado e fortalecer o centro industrial do Cerrado, que será a locomotiva da região”, conclui.
Recomendada para a região do Matopiba, a nova cultivar, desenvolvida em parceria com a Fundação Bahia, foi apresentada a produtores, consultores e técnicos agrícolas durante o Workshop de Divulgação dos Resultados de Pesquisas da Safra de Soja 2018/2019, na feira Bahia Farm Show, que acontece em Luís Eduardo Magalhães (BA).
“O Brasil tem o caso de sucesso mais celebrado no mundo”, afirma Sebastião Pedro Neto, secretário da Inovação e Negócios da Embrapa, referindo-se à agricultura desenvolvida no Cerrado. Em clima de comemoração pela nova soja disponível para o oeste baiano, a presidente da Fundação Bahia Zirlene Dias Pinheiro lembra do início do cultivo do grão na região: “No começo, os produtores conseguiam colher 20 sacos por hectare e cinco eram destinados ao pagamento dos custos de produção. Hoje, graças à pesquisa, conseguimos mais de 80 sacos por hectare”.
A cultivar da Embrapa tem como objetivo justamente garantir o ganho de produtividade dos agricultores. Segundo André Ferreira, pesquisador da Embrapa Cerrados responsável pela nova cultivar, a BRS 8980 IPRO é bem adaptada às necessidades do oeste da Bahia e das outras áreas do Matopiba, onde foram feitos testes durante cinco anos, com intenso déficit hídrico, o que atestou sua tolerância à escassez de chuva, que é frequente na região. A cultivar tem um sistema radicular bem desenvolvido, formando raízes profundas e volumosas, permitindo à planta alcançar a água que está disponível em camadas mais profundas do solo e não sofrer muito com o estresse hídrico que afeta significativamente as outras variedades cultivadas na região.
O pesquisador enfatizou ainda a resistência da cultivar aos nematoides de galhas, que são naturais nos solos brasileiros, e aos nematoides de cisto. “A cultivar da Embrapa cresce bem, se desenvolve bem e se mantém estável, garantindo um alto rendimento para o produtor”, afirma.
Ferreira aproveitou o auditório composto por público com representantes do setor produtivo para antecipar o anúncio de outra cultivar que deve ser lançada em 2020 e que terá resistência à ferrugem asiática, uma das principais doenças que afetam a soja.
Durante o evento, Cláudio Karia, chefe-geral da Embrapa Cerrados, conta que o Brasil, quando optou por deixar de importar alimentos e se tornar um grande produtor, decidiu que faria essa mudança utilizando muita tecnologia. “A Embrapa se mantém com foco nos produtores e precisamos fortalecer nossas parcerias para facilitar essa aproximação com o setor”, comenta.
O secretário de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia Lucas Costa se mostrou otimista em relação ao papel da Embrapa no estado: “A importância da pesquisa é inegável nessa região. Eu fico confiante quando sei que a Embrapa está participando dos lançamentos. A agropecuária é o setor que sustenta o nosso país e por isso os pesquisadores e os extensionistas são os que têm os papeis mais importantes nesse cenário. Falamos em mudanças climáticas e já estamos nos preparando para enfrentá-las com a soja lançada hoje, que produz mesmo com os veranicos. É isso o que temos que fazer”, conclui.
Workshop de resultados da soja
Além do lançamento da cultivar, foram discutidas questões que influenciam o desempenho da agricultura na Bahia. Sérgio Abud, supervisor de Transferência de Tecnologias da Embrapa Cerrados, apresentou estratégias que podem ajudar a reduzir os prejuízos com as lavouras.A partir de dados históricos, Abud mostrou que a produção de soja tem grande oscilação em anos de El Niño e La Niña, quando alcança baixas produtividade e ótimos rendimentos, respectivamente.
“Apesar de a capacidade técnica da Bahia ser muito elevada, a produtividade continua sendo obtida a partir da combinação de uma série de fatores, entre eles, disponibilidade de água, luz, genética e arranjo de plantas”, explica o biólogo da Embrapa. No caso da água, são necessários em média 5,5 milímetros de água por dia para garantir uma boa produtividade, o que não acontece com frequência nessa região.
Abud destaca o espaço que a nova cultivar da Embrapa pode ocupar no sistema produtivo: “Mesmo que a propriedade esteja em uma região com boa disponibilidade de água, com certeza todo produtor tem uma área onde não chove satisfatoriamente e ali ele perde produtividade. Nessas áreas, a cultivar da Embrapa pode fazer a diferença”.
Os participantes do workshop tomaram conhecimento dos componentes que afetam o rendimento das lavouras, além da genética da planta adaptada à região produtiva. A construção e a manutenção de um bom perfil do solo deve ser foco de atenção dos produtores, a fim de permitir uma boa penetração das raízes das plantas e melhor absorção de água e nutrientes. Outros dois fatores determinantes para altas produtividades são: um arranjo adequado das plantas e a manutenção das folhas saudáveis até o fim do ciclo.
Outro alerta foi feito em relação às pragas e doenças que atacam a cultura, que têm apresentado cada vez menor sensibilidade aos agrodenfensivos utilizados e ao manejo adotado pelo produtor. A perda por um manejo inadequado chega a 60 sacos por hectare na região, enquanto a perda por questões climáticas pode alcançar 90 saco. “A perda por manejo merece grande atenção do produtor, mas pode ser facilmente resolvida se adotados alguns cuidados. Já para a perda causada por imprevistos climáticos, precisamos ter uma genética muito bem adequada para cada região produtiva”.
A Embrapa também esteve presente na Sessão Itinerante da Assembleia Legislativa da Bahia, organizada durante a feira para discutir políticas públicas com ênfase na agricultura familiar. Deputados, senadores e secretários de agricultura e de meio ambiente priorizaram as obras estruturantes necessárias para apoiar o fortalecimento das atividades agrícolas. Da Embrapa, solicitaram apoio para construção de projetos de transferência de tecnologia e de pesquisas participativas para melhorar as condições de produção desse setor.
O deputado Eduardo Sales lembrou da rápida resposta que recebeu da Embrapa quando começaram os ataques da lagarta Helicoverpa armigera e do resgate do manejo integrado de pragas, que possibilitou a redução do número de aplicações de defensivos nas lavouras, devolvendo o equilíbrio agroecológico ao sistema produtivo. “Viemos coletar as mariposas e identificamos a espécie Helicoverpa armigera. A partir da demanda que surgiu do município de Luís Eduardo Magalhães, a Embrapa organizou uma caravana frente às ameaças fitossanitárias que atendeu todo o Brasil de 2013 a 2015”, conta Sérgio Abud, coordenador da caravana.
A abertura do evento
A solenidade de abertura da Bahia Farm Show teve a participação de autoridades da região e do estado. Celestino Zanela, presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), instituição organizadora do evento, adiantou que está sendo feito um estudo do potencial hídrico da região, que vai subsidiar o incremento das atividades agrícolas da região. “O estudo ainda não está finalizado, mas todos vão se surpreender com a nossa capacidade hídrica”, garante. O secretário de Agricultura do estado, Lucas Costa, salientou que esse estudo é um indicativo de que a agricultura da Bahia está crescendo com sustentabilidade.Já o presidente da Embrapa Sebastião Barbosa ressaltou que vários estudos relevantes foram realizados na região graças à parceria com instituições do estado – Fundação Bahia, Aiba e Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) –, além de órgãos de governo, setor privado e principalmente os agricultores, a quem chamou de os “desbravadores da idade moderna”, pois deixaram seus lares, às vezes, muito distantes, para migrar e estabelecer uma nova realidade na região.
“Temos aqui uma agricultura muito pujante, do mais alto nível, que compete com as maiores nações agrícolas do mundo com altíssima produtividade. Isso se dá principalmente pelas mãos desses agricultores que vieram e transformaram essa região da Bahia em uma das mais modernas e produtivas do Brasil”, enfatiza o presidente. Ele fala ainda do potencial da agricultura irrigada da região: “O futuro da agricultura do Brasil está aqui, nessa região”.
O prefeito de Luís Eduardo Magalhães Oziel Oliveira destacou que a região é referência nacional na produção de grãos e hoje responde por 6% da produção nacional. Ele destaca que esse resultado é fruto de pesquisa e educação, fundamentais para que esse cenário fosse possível. “Esperamos ainda aumentar a produção de algodão no estado e fortalecer o centro industrial do Cerrado, que será a locomotiva da região”, conclui.
Embrapa Cerrados
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