Pecuária
Cuidados básicos no período de parição previnem perdas econômicas para criadores de caprinos e ovinos
Sobrevivência das crias do nascimento ao desmame tem grande impacto econômico nos sistemas de produção de caprinos e ovinos
A
sobrevivência das crias do nascimento ao desmame tem grande impacto
econômico nos sistemas de produção de caprinos e ovinos. Por isso, os
especialistas recomendam alguns manejos específicos para as fêmeas
prenhes e suas crias durante esse período. As práticas realizadas,
principalmente a partir do terço final da gestação, aumentam o índice de
sobrevivência das crias. São cuidados simples, relacionados à saúde e à
nutrição, que podem assegurar um maior peso dos animais ao nascer e um
colostro de melhor qualidade, além da sobrevivência do filhote.
No terço final da gestação, as fêmeas
devem ser separadas em um lote distinto a fim de receberem uma dieta
adequada com pastagem de qualidade e suplementação alimentar. “Todos os
manejos sanitários necessários devem ocorrer, de preferência, até o meio
da gestação para evitar estresse, que pode vir a ocasionar abortos”,
alerta o médico-veterinário da Embrapa Caprinos e Ovinos, Alexandre
Monteiro.
No mês final da gestação, as fêmeas
prenhes devem ser mantidas próximas ao local de manejo para facilitar a
observação do inicio do parto. O local do parto deve ser protegido,
aquecido e aconchegante para os animais. Monteiro alerta que, no momento
do parto é importante “deixar a natureza seguir seu curso, sem
intervenções”. Caso seja necessário algum procedimento durante o parto,
somente um médico-veterinário poderá fazê-lo. Em rebanhos com a presença
de doenças, o criador deve ter um banco de colostro que deve ser
aquecido a 54°C por 30 minutos, antes de ser oferecido às crias.
O instinto de lamber as crias tem a função
reconhecimento materno e de limpar, aquecer e ativar a circulação
sanguínea e a respiração, além de ajudar a busca pelos tetos da mãe.
Como os recém-nascidos ainda não têm capacidade de regular a temperatura
corporal, caso sejam separados dela, recomenda-se usar aquecimento
artificial com lâmpadas incandescente ou campânulas, por exemplo.
Outra medida importante é o acompanhamento
zootécnico do animal desde o nascimento, assim, logo após a primeira
mamada (colostro) ele precisa ser pesado e identificado com um número,
pode-se usar brinco numerado ou colar com placa.
Normalmente, o cordão umbilical se rompe
sozinho. É necessário fazer a desinfecção do coto umbilical
mergulhando-o em uma solução de tintura de iodo a 10%. O procedimento
deve ser feito por, pelo menos, três dias seguidos para que ocorra a
correta cicatrização. Posteriormente, o coto deverá cair naturalmente.
Nas primeiras 72 horas, as crias devem
permanecer com as mães em local seco, arejado e sombreado. Somente após
os primeiros 20 dias de vida, elas podem acompanha-la no pasto porque já
estarão mais fortes para enfrentar possíveis perigos no campo. “Uma
forma de avaliar isso é colocar uma tábua a 60 cm de altura na entrada
do curral, se o cabrito ou cordeiro conseguir saltar, já pode ir para o
campo pois estará menos suscetível a predadores”, explica Alexandre
Monteiro.
Alimentação especial para as crias
A partir da segunda semana de vida, as
crias podem receber uma alimentação diferenciada para ajudar na fase de
aleitamento, em local separado das matrizes e demais animais. O
creep-feeding, como é chamado, consiste no fornecimento de concentrado
com 18% de proteína bruta e 75% de nutrientes digestíveis totais. Podem
ser utilizados milho, farelo de soja, fenos de tifton, cunhã ou
capim-elefante picados. O uso do melaço pode estimular o consumo. Essa
prática ajuda a reduzir o período de aleitamento ou aumentar o peso
corporal ao desmame.
“O desmame pode ocorrer por dois
critérios, idade e peso vivo (kg). Se levarmos em consideração a idade,
nos caprinos este manejo poderá ocorre a partir de 56 dias de vida, já
nos ovinos isto pode ocorre com 42 dias (desmame precoce) ou 120 dias
(desmame tardio). Quanto ao critério peso, em caprinos deve-se
considerar entre 2,5 e 3 vezes o valor do peso ao nascer e em ovinos os
cordeiros devem pesar entre 15 a 20 Kg para serem desmamados”, explica
Monteiro.
As crias devem ser separadas por sexo entre 90 e 120 dias de vida, para evitar coberturas indesejáveis. Entre quatro e seis meses de idade, os animais já entram na categoria de recria, que exige outros cuidados.
As crias devem ser separadas por sexo entre 90 e 120 dias de vida, para evitar coberturas indesejáveis. Entre quatro e seis meses de idade, os animais já entram na categoria de recria, que exige outros cuidados.
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