segunda-feira, 27 de maio de 2019

De que adianta a banana ser orgânica se não possui nutrientes?


Quase tudo na natureza vive em equilíbrio, quando isso se altera aparecem os problemas, como doenças, que são causadas pela falta ou excesso de alguns elementos. 
Todos já ouviram a recomendação para alguém comer banana para evitar câimbras. Um dos minerais responsáveis que auxilia na prevenção dessa sensação dolorida é o potássio, nutriente presente em muitos alimentos e um dos principais componentes da célula humana. Quem se lembra do Gustavo Kuerten? Conhecido como Guga, é um ex-tenista profissional brasileiro, condecorado com posição no Hall da Fama da Associação de Tenistas Profissionais. Tricampeão de Roland-Garros(França), é considerado o maior tenista masculino da história do Brasil e um dos maiores tenistas da história do tênis mundial. Ele comia meia banana a cada intervalo dos sets que disputava, simplesmente para repor potássio e evitar câimbras. 

Entretanto, o que pouca gente sabe é que as plantas também necessitam desse mineral e quem o fornece é o solo. Este, por sua vez, é potencializado através da utilização de adubos, os chamados fertilizantes, sendo capazes de prover os nutrientes necessários para a planta e, consequentemente, fornecer um alimento saudável e de qualidade. Não adianta o fruto ser aparentemente vistoso e desprovido de nutrientes. É necessário que haja um trabalho em equipe entre o homem e a natureza. 
Os fertilizantes são largamente utilizados na agricultura, mas muitas pessoas desconhecem seus benefícios e até os associam a certos riscos. Porém, o uso de adubos é fundamental para a produção de plantas e para a saúde do solo. Os nutrientes absorvidos pela planta variam de acordo com a exigência de cada uma. Após a colheita, se os nutrientes não forem repostos à terra, o solo acaba tornando-se pobre e até mesmo infértil. Os fertilizantes ajudam no aumento da produtividade, repondo essas substâncias e permitindo a contínua produção de alimentos. 
Estudos indicam que em 2050 a população mundial deve atingir a marca de 9 bilhões de pessoas, o que irá requerer altas produtividades para atender à demanda de alimentos, se não quisermos desmatar novas áreas florestais para a prática da agricultura. Douglas Guelfi, professor doutor do Departamento de Ciências do Solo da Universidade Federal de Lavras (UFLA), enfatiza a importância de usarmos o conhecimento na agricultura, “Sem a presença de fertilizantes é impossível manter uma área produtiva”. Ou, conforme prognosticou Norman Borlaug (1914-2009), que foi um engenheiro agrônomo estadunidense ganhador do Prêmio Nobel da Paz, “sem fertilizantes é fim de jogo para a humanidade”, quando comentou a previsão milenarista, depois desmentida, de alguns fertilizantes minerais atingirem, dentro em breve, um esgotamento pela sua finitude na natureza. 
Potássio
O potássio exerce uma função fundamental para a sobrevivência da planta. Ele participa da produção do amido, do açúcar e das proteínas, aumenta a resistência a doenças e proporciona o vigor, além de ser o responsável por transportar carboidratos das folhas para os frutos. A carência de potássio acarreta frutos malformados e sem valor comercial. A adubação do potássio é feita via solo e deve ocorrer de maneira criteriosa, aplicando-se a dose correta na época e local adequados.

Tenho um jardim florido em minha casa em São Paulo, com algumas dezenas de plantas (como roseira, primavera, dama-da-noite, espadas de São Jorge, comigo ninguém pode, alamandas, gerânios etc.), e a forma que proporciono alimento adequado para as plantas, além do xixi de minhoca, é a de usar compostos de resíduos orgânicos caseiro como borra de café, cinzas, para repor potássio e outros micronutrientes às plantas. Lamentavelmente esse comportamento é inviável na agricultura de escala, que exige alta produção de alimentos para nutrir bilhões de bocas urbanas. 
Importante na agricultura, o potássio também é indispensável para a saúde humana. Entre os seus benefícios estão a ajuda na manutenção do ritmo cardíaco, o equilíbrio da quantidade de água no organismo, a regulação da pressão arterial, a prevenção de acidentes vasculares cerebrais (AVCs), sem contar com a característica de ser um aliado dos músculos. Por outro lado, os sintomas que indicam uma deficiência nesse quesito são a fraqueza muscular, fadiga, câimbras, alterações cardíacas, anorexia e apatia mental. 
“Além de benefícios gerais para toda a população, pessoas da terceira idade, que fazem uso frequente de diuréticos, têm como efeito colateral a eliminação de potássio. Por isso, esse grupo é extremamente beneficiado com o consumo de alimentos ricos em potássio e outros minerais”, afirma o cardiologista Daniel Magnoni. 
Existem muitos alimentos que são fonte de potássio e auxiliam na manutenção da quantidade ideal desse nutriente no corpo. Os principais protagonistas são os vegetais e as frutas frescas, tais como tomate, laranja, abacate, amêndoa, espinafre, banana, beterraba, brócolis, e também o nosso santo cafezinho de todo dia, entre tantos outros. Recomenda-se ingerir de 2,5 a 3,5 gramas por dia. 

O desperdício de alimentos é também uma das grandes preocupações atuais. Nesse cenário, o trabalho em conjunto entre fertilizantes e potássio pode amenizar as consequências do problema. A adubação intensifica a capacidade do solo de fornecer nutrientes, entre eles o potássio, que ajuda a melhorar o aspecto visual e a resistência ao manuseio e estocagem, aumentando o tempo de preservação dos frutos e atrasando seu apodrecimento. 
O engenheiro agrônomo e florestal Dr. Valter Casarin, coordenador científico do Nutrientes Para a Vida (NPV), acredita que a utilização de fertilizantes contendo potássio, junto com a informação para os consumidores, pode levar a um melhor aproveitamento dos alimentos e, consequentemente, a diminuir o desperdício: “Precisamos pensar em comprar o necessário e para isso é fundamental o planejamento no momento da compra. Saber reaproveitar os alimentos, ou mesmo partes deles, como a casca, por exemplo, e também como armazenar os alimentos para que eles permaneçam mais tempo saudáveis, são formas eficientes de reduzir o desperdício. É nesse momento que nutrientes como o potássio fazem a diferença”, finaliza. 
Presente no Brasil desde 2016, a Nutrientes Para a Vida (NPV) é uma iniciativa que possui visão, missão e valores análogos aos da coirmã americana, a Nutrients For Life. Seu objetivo é esclarecer e informar a sociedade sobre os benefícios do uso dos fertilizantes (ou adubos) na produção dos alimentos, bem como sobre sua utilização adequada. 
Este tipo de esclarecimento é essencial, se considerarmos que há muita desinformação sobre o tema. Como dizia um antigo slogan publicitário, sobre o manejo adequado do solo, no Brasil, “Com Manah, adubando, dá”. 
Para manter o solo fértil e a alta produtividade dos cultivos, os nutrientes precisam ser repostos. Os fertilizantes cumprem o papel de alimentar a planta, o que é essencial para o seu desenvolvimento. Portanto, na agricultura orgânica podemos consumir alimentos pobres em alguns micronutrientes, que podem nos fazer falta, e provocar desequilíbrios e doenças. 

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