De que adianta a banana ser orgânica se não possui nutrientes?
Por:
Richard Jakubaszko
Quase tudo
na natureza vive em equilíbrio, quando isso se altera aparecem os
problemas, como doenças, que são causadas pela falta ou excesso de
alguns elementos.
Todos já ouviram a recomendação para
alguém comer banana para evitar câimbras. Um dos minerais responsáveis
que auxilia na prevenção dessa sensação dolorida é o potássio, nutriente
presente em muitos alimentos e um dos principais componentes da célula
humana. Quem se lembra do Gustavo Kuerten? Conhecido como Guga, é um
ex-tenista profissional brasileiro, condecorado com posição no Hall da
Fama da Associação de Tenistas Profissionais. Tricampeão de
Roland-Garros(França), é considerado o maior tenista masculino da
história do Brasil e um dos maiores tenistas da história do tênis
mundial. Ele comia meia banana a cada intervalo dos sets que disputava,
simplesmente para repor potássio e evitar câimbras.
Entretanto, o que pouca gente sabe é que
as plantas também necessitam desse mineral e quem o fornece é o solo.
Este, por sua vez, é potencializado através da utilização de adubos, os
chamados fertilizantes, sendo capazes de prover os nutrientes
necessários para a planta e, consequentemente, fornecer um alimento
saudável e de qualidade. Não adianta o fruto ser aparentemente vistoso e
desprovido de nutrientes. É necessário que haja um trabalho em equipe
entre o homem e a natureza.
Os fertilizantes são largamente
utilizados na agricultura, mas muitas pessoas desconhecem seus
benefícios e até os associam a certos riscos. Porém, o uso de adubos é
fundamental para a produção de plantas e para a saúde do solo. Os
nutrientes absorvidos pela planta variam de acordo com a exigência de
cada uma. Após a colheita, se os nutrientes não forem repostos à terra, o
solo acaba tornando-se pobre e até mesmo infértil. Os fertilizantes
ajudam no aumento da produtividade, repondo essas substâncias e
permitindo a contínua produção de alimentos.
Estudos indicam que em 2050 a população
mundial deve atingir a marca de 9 bilhões de pessoas, o que irá requerer
altas produtividades para atender à demanda de alimentos, se não
quisermos desmatar novas áreas florestais para a prática da agricultura.
Douglas Guelfi, professor doutor do Departamento de Ciências do Solo da
Universidade Federal de Lavras (UFLA), enfatiza a importância de
usarmos o conhecimento na agricultura, “Sem a presença de fertilizantes é
impossível manter uma área produtiva”. Ou, conforme prognosticou Norman
Borlaug (1914-2009), que foi um engenheiro agrônomo estadunidense
ganhador do Prêmio Nobel da Paz, “sem fertilizantes é fim de jogo para a
humanidade”, quando comentou a previsão milenarista, depois desmentida,
de alguns fertilizantes minerais atingirem, dentro em breve, um
esgotamento pela sua finitude na natureza.
Potássio
O potássio exerce uma função fundamental para a sobrevivência da planta. Ele participa da produção do amido, do açúcar e das proteínas, aumenta a resistência a doenças e proporciona o vigor, além de ser o responsável por transportar carboidratos das folhas para os frutos. A carência de potássio acarreta frutos malformados e sem valor comercial. A adubação do potássio é feita via solo e deve ocorrer de maneira criteriosa, aplicando-se a dose correta na época e local adequados.
O potássio exerce uma função fundamental para a sobrevivência da planta. Ele participa da produção do amido, do açúcar e das proteínas, aumenta a resistência a doenças e proporciona o vigor, além de ser o responsável por transportar carboidratos das folhas para os frutos. A carência de potássio acarreta frutos malformados e sem valor comercial. A adubação do potássio é feita via solo e deve ocorrer de maneira criteriosa, aplicando-se a dose correta na época e local adequados.
Tenho um jardim florido em minha casa em
São Paulo, com algumas dezenas de plantas (como roseira, primavera,
dama-da-noite, espadas de São Jorge, comigo ninguém pode, alamandas,
gerânios etc.), e a forma que proporciono alimento adequado para as
plantas, além do xixi de minhoca, é a de usar compostos de resíduos
orgânicos caseiro como borra de café, cinzas, para repor potássio e
outros micronutrientes às plantas. Lamentavelmente esse comportamento é
inviável na agricultura de escala, que exige alta produção de alimentos
para nutrir bilhões de bocas urbanas.
Importante na agricultura, o potássio
também é indispensável para a saúde humana. Entre os seus benefícios
estão a ajuda na manutenção do ritmo cardíaco, o equilíbrio da
quantidade de água no organismo, a regulação da pressão arterial, a
prevenção de acidentes vasculares cerebrais (AVCs), sem contar com a
característica de ser um aliado dos músculos. Por outro lado, os
sintomas que indicam uma deficiência nesse quesito são a fraqueza
muscular, fadiga, câimbras, alterações cardíacas, anorexia e apatia
mental.
“Além de benefícios gerais para toda a
população, pessoas da terceira idade, que fazem uso frequente de
diuréticos, têm como efeito colateral a eliminação de potássio. Por
isso, esse grupo é extremamente beneficiado com o consumo de alimentos
ricos em potássio e outros minerais”, afirma o cardiologista Daniel
Magnoni.
Existem muitos alimentos que são fonte
de potássio e auxiliam na manutenção da quantidade ideal desse nutriente
no corpo. Os principais protagonistas são os vegetais e as frutas
frescas, tais como tomate, laranja, abacate, amêndoa, espinafre, banana,
beterraba, brócolis, e também o nosso santo cafezinho de todo dia,
entre tantos outros. Recomenda-se ingerir de 2,5 a 3,5 gramas por dia.
O desperdício de alimentos é também uma
das grandes preocupações atuais. Nesse cenário, o trabalho em conjunto
entre fertilizantes e potássio pode amenizar as consequências do
problema. A adubação intensifica a capacidade do solo de fornecer
nutrientes, entre eles o potássio, que ajuda a melhorar o aspecto visual
e a resistência ao manuseio e estocagem, aumentando o tempo de
preservação dos frutos e atrasando seu apodrecimento.
O engenheiro agrônomo e florestal Dr.
Valter Casarin, coordenador científico do Nutrientes Para a Vida (NPV),
acredita que a utilização de fertilizantes contendo potássio, junto com a
informação para os consumidores, pode levar a um melhor aproveitamento
dos alimentos e, consequentemente, a diminuir o desperdício: “Precisamos
pensar em comprar o necessário e para isso é fundamental o planejamento
no momento da compra. Saber reaproveitar os alimentos, ou mesmo partes
deles, como a casca, por exemplo, e também como armazenar os alimentos
para que eles permaneçam mais tempo saudáveis, são formas eficientes de
reduzir o desperdício. É nesse momento que nutrientes como o potássio
fazem a diferença”, finaliza.
Presente no Brasil desde 2016, a
Nutrientes Para a Vida (NPV) é uma iniciativa que possui visão, missão e
valores análogos aos da coirmã americana, a Nutrients For Life. Seu
objetivo é esclarecer e informar a sociedade sobre os benefícios do uso
dos fertilizantes (ou adubos) na produção dos alimentos, bem como sobre
sua utilização adequada.
Este tipo de esclarecimento é essencial,
se considerarmos que há muita desinformação sobre o tema. Como dizia um
antigo slogan publicitário, sobre o manejo adequado do solo, no Brasil,
“Com Manah, adubando, dá”.
Para manter o solo fértil e a alta
produtividade dos cultivos, os nutrientes precisam ser repostos. Os
fertilizantes cumprem o papel de alimentar a planta, o que é essencial
para o seu desenvolvimento. Portanto, na agricultura orgânica podemos
consumir alimentos pobres em alguns micronutrientes, que podem nos fazer
falta, e provocar desequilíbrios e doenças.
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