Ministra participa do lançamento de projeto que vai recuperar paisagens degradadas do cerrado
Paisagens rurais
Produtores
de nove estados vão receber assistência técnica e gerencial. “Não tenho
dúvida de que é possível aliar o aumento da produtividade com a
preservação dos biomas”, diz Tereza Cristina
A
ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) lançou
nesta quarta-feira (03) o Projeto Paisagens Rurais, de preservação do
cerrado brasileiro, em evento com a participação do embaixador da
Alemanha no Brasil, Georg Witschel, da diretora interina do Banco
Mundial (Bird) no Brasil, Doina Petrescu, e do presidente da
Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA), João Martins.
Com
apoio do Bird e parceria com a Agência de Cooperação Técnica Alemã
(GIZ),o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
(MCTI), por meio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a
Embrapa e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o Paisagens
Rurais vai capacitar e prestar assistência técnica e gerencial a 4 mil
produtores rurais de nove estados e do Distrito Federal, com foco na
recuperação ambiental produtiva do cerrado e na geração de renda. A
iniciativa é coordenada pelo Serviço Florestal Brasileiro, do
Ministério da Agricultura.
Tereza Cristina enfatizou que o
programa une meio ambiente e agricultura, que até pouco tempo atuavam de
forma separada. “Hoje estamos aqui numa harmonia e numa parceria,
porque para preservar o meio ambiente é preciso ter a agricultura
consciente, a agricultura trabalhando em prol do desenvolvimento
sustentável. Essa é a mensagem de como as coisas vão funcionar daqui
para a frente, e de como serão exitosas. O produtor rural sempre
preservou o ambiente, mas agora vai preservar mais com condições”, disse
ela.
O Projeto “Gestão Integrada da Paisagem
no Bioma Cerrado”, também chamado de Projeto FIP Paisagem, tem como
objetivo o fortalecimento das práticas de conservação e recuperação
ambientais, bem como de práticas agrícolas sustentáveis de baixa emissão
de carbono em bacias selecionadas do bioma cerrado. Pelo projeto serão
desenvolvidas atividades de treinamento e de assistência técnica para a
recuperação e conservação da vegetação de Áreas de Preservação
Permanente (APP) e de Reserva Legal (RL) e para a adoção de práticas de
agricultura de baixo carbono (ABC), com o objetivo de melhorar a
sustentabilidade nas pastagens de imóveis rurais. A ideia é fortalecer a
implementação da regularização ambiental. O projeto dará aos 4 mil
beneficiários o aporte técnico necessário para cumprimento do Código
Florestal Brasileiro nos imóveis rurais, além de disseminar o uso de
práticas de agricultura sustentáveis.
A ministra lembrou que o cerrado é o
bioma mais produtivo do país, de onde saem todos os alimentos e todas as
riquezas para alimentar o Brasil e o mundo. “É ali que temos grande
parte da água potável do Brasil. Um dos grandes reservatórios mundiais
está no cerrado, e temos de cuidar de nossa água, de nosso solo,
precisamos dar condições para que nosso produtor possa fazer isso,
principalmente o pequeno, aquele que mais precisa”, disse Tereza
Cristina.
Com recursos da ordem de US$ 21 milhões
do Fundo de Investimento Climático (CIF), disponibilizados por meio do
Programa de Investimentos em Florestas (FIP), o Projeto FIP-Paisagem
selecionou preliminarmente 53 ottobacias, que cobrem uma área de 12,5
milhões de hectares, distribuídos em nove estados (BA, GO, MA, MG, MS,
MT, PI, SP, TO) do Cerrado. A seleção final das áreas de atuação do
projeto será feita na fase inicial de implementação das atividades. O
Distrito Federal será contemplado com alguns imóveis rurais para serem
utilizados como áreas demonstrativas.
“Não tenho dúvida de que é possível
aliar o aumento da produtividade com a preservação dos biomas”, disse a
ministra. “Sou uma defensora de que a sustentabilidade só vem via
produção, desenvolvimento e renda. Lugar onde tem pobreza extrema não
tem preservação. Cada vez mais, precisamos mostrar o que o Brasil já tem
e já vem fazendo. São poucos países do mundo que têm”.
A ministra agradeceu à CNA e ao Senar
por estarem fazendo um trabalho enorme pelo produtor sem olhar para o
tamanho dele. Segundo ela, as entidades estão ajudando o Ministério da
Agricultura “a fazer com que os pequenos saiam do sistema de
subsistência para um sistema produtivo, de dignidade, de renda, com mais
acesso aos mercados”. Para a ministra, o Paisagens Rurais é só o início
da parceria. “O marco é esse: agricultura e meio ambiente trabalhando
em conjunto, para que a gente tenha programas de sucesso. O embaixador e
a diretora do Banco Mundial podem ter certeza de que vamos usar esses
recursos da melhor maneira possível, para que tenhamos sucesso no
programa, porque vamos querer bem mais. Isso é só o início de uma
parceria que agora incorporou o pequeno agricultor brasileiro”, disse
ela.
O embaixador Georg Witschel, a diretora
do Bird, Doina Petrescu, o presidente da CNA, João Martins, o diretor
geral do Serviço Florestal Brasileiro, Valdir Colatto, e o secretário de
Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do ministério, Fernando
Camargo, também falaram sobre os benefícios do projeto para a
recuperação ambiental de paisagens degradadas do cerrado. O Paisagens
Rurais permite ao pequeno produtor se adequar ao cumprimento do Código
Florestal. De acordo com Tereza Cristina, ao estar regularizado e com a
propriedade dentro dos parâmetros do Código Florestal, o produtor vai
poder, no futuro, usufruir da preservação que vai estar fazendo.
Nesta quinta-feira (4), o Senar vai
promover um dia no campo para que os parceiros conheçam a aplicabilidade
da assistência técnica e os resultados alcançados com as novas práticas
de gestão. O produtor a ser visitado no município é pecuarista e
desenvolve na propriedade, em Pirenópolis (GO), integração
pecuária-lavoura e recuperação de pastagens degradadas, tecnologias de
baixa emissão de carbono que resultaram na recuperação de 70% da área
destinada à paisagem.
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