El Niño
Condições para o El Niño estão presentes
Regiões mais a Leste é que registraram menor volume de precipitação
O início do mês de
janeiro foi marcado por intensas e volumosas chuvas no Rio Grande do
Sul, sobretudo nas regiões da Fronteira Oeste e Campanha. Esse excesso
de chuvas teve influência do aquecimento no Oceano Pacífico, mas,
principalmente, ocorreu devido à um sistema de bloqueio atmosférico, que
fez com que toda a umidade e condições para altos volumes de
precipitação ficassem retidos entre o Oeste gaúcho e partes do Uruguai e
Argentina. Com isso, os volumes de precipitação superaram, e muito, a
média climatológica do mês (Imagem 1C). Uruguaiana, segundo dados do
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), registrou 656,2 milímetros
(mm), sendo que o valor médio para janeiro é de 116,5 mm, ou seja,
choveu 5,6 vezes o volume normal para o mês.
Durante o primeiro mês do ano, apesar de
os mapas apresentarem volumes diferentes de precipitação durante a 1ª e
2ª quinzena, os acumulados foram elevados durante o janeiro inteiro na
metade Oeste do estado. As regiões mais a Leste é que registraram menor
volume de precipitação, com muitas lavouras de soja apresentando
estresses devido à falta de umidade no solo.
Além dos altos acumulados de precipitação,
outro fator importante é o que diz respeito à radiação solar, que ficou
abaixo da média no estado. Janeiro é um mês importante para as lavouras
de arroz que estão em estágio reprodutivo, já que é o período em que a
planta mais demanda por radiação solar. Baixos índices de radiação solar
reduzem o potencial produtivo das lavouras.Situação atual do fenômeno
ENOS (El Niño-Oscilação Sul) e perspectivas.
Embora o aquecimento no Oceano Pacífico
Equatorial não tenha acontecido de forma continua, já se tem três
trimestres consecutivos com anomalias superiores a 0,5°C. Além disso, no
decorrer de janeiro, finalmente as componentes atmosféricas acoplaram
com as oceânicas e, assim, a NOAA
(NationalOceanicandAtmosphericAdministration) confirmou que as condições
para o El Niño estão, agora, presentes. Só para lembrar, para que um
evento El Niño ou La Niña se estabeleça é necessário que haja esse
acoplamento das componentes atmosféricas e oceânicas, ou seja, mudanças
nos padrões de ventos e pressão atmosférica e no padrão da temperatura
da superfície do mar no Pacífico, respectivamente.
A expectativa é de que o aquecimento
persista até o outono, com a atmosfera voltando à Neutralidade logo em
seguida. Isto acontece porque as águas do Oceano Pacífico deverão
continuar com viés positivo, mas insuficientes para sustentar o El Niño
por mais tempo. Com isso, espera-se que este El Niño seja de curta
duração e fraca intensidade.
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