Cama de galinha usada como adubo pode ser responsável pela proliferação da mosca dos estábulos em Pernambuco
É o que apostam alguns produtores e especialistas quando analisam o constante crescimento da mosca do estábulo em várias regiões de Pernambuco. A infestação das moscas prejudica os rebanhos e o meio ambiente, invariavelmente, entre os meses de setembro e fevereiro, todos os anos, principalmente, nos municípios de Gravatá, Barra de Guabiraba, Ribeirão, Água Preta e ainda em estudo, o município de São Bento do Uma.O ataque das moscas ocorre, justamente, no período em que os agricultores dessas áreas iniciam o plantio de cará e outras dioscoreáceas. Durante os trabalhos de plantio é usada uma quantidade muito grande de cama da galinha como adubo. Há testemunho de que durante o transporte dessa “cama” há sempre um enxame de moscas acompanhando os caminhões. O material descarregado, fica no local, a céu aberto, sem qualquer tratamento, momento em que o ambiente se torna propício para a multiplicação das moscas.
Esse problema foi identificado pelas autoridades sanitárias do Estado e para tentar controlar a invasão da mosca-do-estábulo foi criada uma Portaria pela Adagro – Agência de Defesa Agropecuária de Pernambuco – em 2014 para controlar e fiscalizar o transporte de material orgânico proveniente dos aviários. Essa Portaria torna obrigatória a fiscalização das granjas que comercializam e produzam cama de aviário, determina que todo o transporte de “cama de aviário” deverá ser acompanhado obrigatoriamente da documentação sanitária pertinente, o Certificado de Inspeção Sanitária Modelo – E (CIS – E) e torna obrigatório nas propriedades o uso de lonas plásticas, com o objetivo de cobrir integralmente a “cama de aviário” a ser utilizada como adubo orgânico, imediatamente após o seu descarrego no campo, até a sua total utilização, ficando o produtor responsável pela integridade da lona de cobertura, com o objetivo de se evitar a proliferação da Mosca.
O problema é exatamente a partir daí. Segundo um conhecido produtor rural que não quer se identificar para evitar represálias, “cama de galinha só pode sair das granjas após receber um tratamento! Inclusive, tal procedimento tem que ser feito por agrônomo, com a expedição de uma Guia própria semelhante a GTA, onde o profissional diz qual produto foi aplicado na “cama de galinha” e que tratamento a mesma recebeu! Porém essa Portaria já de alguns anos, é letra morta no nosso estado! É conhecida a inoperância da ADAGRO em fazer cumprir a Portaria e exercer o seu poder de polícia para punir os infratores, conclui ele.
A Adagro rebate afirmado que realiza um trabalho de educação sanitária sobre o controle da mosca de estabulo. Apesar de não ser uma doença de notificação obrigatória, a Adagro já vem há alguns anos realizando palestras, reuniões e fiscalizações em regiões de infestação da mosca de estabulo. A fiscalização em granjas é compartilhada pela Adagro e pelo Ministério, dependendo do tipo de criação a competência da fiscalização pode ser de um ou outro órgão.
No momento o Estado está realizando o registro de todas as 1.200 granjas cadastradas. Para o registro ser efetivado o estabelecimento tem que atender uma série de requisitos. A granja que não se enquadrar não poderão alojar novas aves.
Mas para alguns produtores reunidos num evento, aqui no Recife, esse trabalho não vem surtindo efeito porque, na verdade, é preciso que seja feita uma fiscalização séria e que os abusos sejam coibidos exemplarmente. Nesse caso, nenhum deles quis se identificar, alguns para não bater de frente com os representantes do Governo, e outros para evitar que os granjeiros promovam represálias e cortem o fornecimento da “cama de aviário”.
Enquanto produtores, agricultores e técnicos do governo, não se unem para enfrentar a situação, o problema persiste e prejudica centenas de produtores e milhares de pessoas em pelo menos cinco municípios pernambucanos.
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