Ganhador do Prêmio Nobel da Paz alerta para a conservação do solo
A
conservação do solo aliada à agricultura sustentável é uma das
bandeiras do indiano naturalizado estadunidense Rattan Lal, ganhador do
Prêmio Nobel da Paz em 2007. Agraciado pela Academia Sueca pela sua
participação no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC), o pesquisador alerta sobre a conservação ambiental na
agricultura. O cientista estará entre os mais de três mil profissionais
de 130 países que virão ao Rio de Janeiro entre os dias 12 e 17 de
agosto de 2018 para o XXI Congresso Mundial de Ciência do Solo (XXI
CMCS).
“Muitas ideias sobre agricultura herdadas da “Revolução Verde”, que se baseavam em mecanização e uso intensivo de fertilizantes, pesticidas e herbicidas eram caras demais para o agricultor familiar”. Lal demonstrou que a combinação de plantio direto e rotação de culturas produzia lavouras sustentáveis que reduzem os efeitos negativos da erosão. “Nutrindo o solo, evitando revolvê-lo, fazendo rotação de culturas e cobrindo a terra com palhada, temos uma agricultura sustentável que reduz substancialmente os impactos da agricultura intensiva”.
O tema sequestro de carbono pelo solo também é uma área de expertise de Lal, que é presidente da União Internacional de Ciência do Solo (IUSS, da sigla em inglês) e professor na Universidade do Estado de Ohio (Estados Unidos). “O solo estoca carbono ao longo dos anos, entretanto o revolvimento excessivo da terra reduziu o carbono no solo. Usando o plantio direto, o carbono nesta terra pode ser restaurado, tornando esses solos fontes de carbono, ajudando a reduzir a concentração de CO2 na atmosfera”.
O Congresso, que terá como sede o Windsor Covention & Expo Center (Barra da Tijuca), também trará para o Brasil cientistas como Pedro Sanchez, agraciado com o World Food Prize, em 2002, e professor de solos tropicais no Departamento de Ciências do Solo e da Água da Universidade da Flórida (EUA), um dos maiores nomes em solos tropicais do planeta. No evento, Pedro vai falar sobre os solos do mundo e como tratá-los adequadamente, conciliando seu uso com nossas necessidades de alimentação, combustível e água de qualidade. Outra presença importante é a da cientista Estelle Dominati, da empresa de pesquisa agropecuária neozelandesa AgResearch. Ela é referência em estudos dos serviços ecossistêmicos do solo. Sua pesquisa integra agronomia, ciência do solo e ecologia econômica para investigar a sustentabilidade de agroecosistemas. Seus estudos recentes sobre produção agrícola com os maoris buscam valorizar o saber tradicional no cultivo da terra.
Produção de alimentos
O tema do evento “Ciência do solo: para além da produção de alimentos e de energia” é explicado pelo professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Flávio Camargo, presidente do XXI CMCS, “o país e o mundo têm uma trajetória consolidada na produção de biomassa, que é a função primordial do solo. Entretanto, se as outras funções do solo não forem debatidas, consideradas e priorizadas, poderemos comprometer a sustentabilidade desta produção e da vida no planeta”.
“Nas próximas décadas, a pesquisa em ciência do solo deverá propor práticas agrícolas resilientes que possam acomodar as alterações ambientas e climáticas e a segurança alimentar. O estudo do solo é essencial e estratégico para questões como a qualidade da água, a diminuição da pobreza e a produção de energia renovável”, lembra Camargo, ressaltando a importância do Brasil receber o XXI CMCS, que acontecerá pela primeira vez na América Latina.
Quadros com tinta de solo
A Embrapa Solos (Rio de Janeiro-RJ) vai organizar a feira de solos e excursões técnicas de campo. Na feira, a principal atração será a exposição do artista plástico português radicado no Rio de Janeiro Albano Rodrigues de Oliveira, que utiliza tinta feita com solo para pintar as paisagens da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e de grandes cientistas.
“Também teremos a exibição de perfis de solos de dez classes da terra brasileira”, conta o chefe geral do centro de pesquisa carioca José Carlos Polidoro. Esses perfis, chamados de macromonolitos, têm 65 centímetros de diâmetro e 80 de altura, são extraídos diretamente do solo e mostram em detalhe o que está embaixo da terra.
A USP vai enriquecer a feira trazendo a Experimentoteca de Solos Portátil que exibe, em kits didáticos, a preparação agrícola, a permeabilidade e a decomposição do solo. A Experimentoteca racionaliza o uso de material experimental, da mesma maneira que uma biblioteca pública.
A atração em 3D da feira será a caixa de areia desenvolvida pela UFRJ que demonstra noções de topografia e escoamento da água de acordo com a manipulação da areia pelo público.
Já as excursões técnicas levarão os participantes para destinos variados, colocando-os em contato com os solos nacionais em destinos diversos, tais como o platô brasileiro em Minas Gerais, as terras pretas de índio na Amazônia e a Serra Fluminense.
Congresso Carbono Neutro
Eventos de porte internacional, como o XXI CMCS, possuem elevado potencial de emissão de CO2, especialmente pelo deslocamento de seus participantes. A fim de neutralizar essas emissões serão plantadas árvores nativas em Valença (RJ) que, ao longo de 20 anos, realizarão essa compensação.
A escolha de Valença, situada na região do Médio Vale Paraíba do Sul foi motivada pelo histórico de degradação da área, que data do descobrimento do Brasil. Além disso, a sua Bacia é fundamental na oferta de água para milhões de pessoas no estado do Rio de Janeiro.
O XXI CMCS é promovido pela União Internacional de Ciência do Solo e organizado pela SBCS e Embrapa Solos.
O site do Congresso está em www.21wcss.org .
“Muitas ideias sobre agricultura herdadas da “Revolução Verde”, que se baseavam em mecanização e uso intensivo de fertilizantes, pesticidas e herbicidas eram caras demais para o agricultor familiar”. Lal demonstrou que a combinação de plantio direto e rotação de culturas produzia lavouras sustentáveis que reduzem os efeitos negativos da erosão. “Nutrindo o solo, evitando revolvê-lo, fazendo rotação de culturas e cobrindo a terra com palhada, temos uma agricultura sustentável que reduz substancialmente os impactos da agricultura intensiva”.
O tema sequestro de carbono pelo solo também é uma área de expertise de Lal, que é presidente da União Internacional de Ciência do Solo (IUSS, da sigla em inglês) e professor na Universidade do Estado de Ohio (Estados Unidos). “O solo estoca carbono ao longo dos anos, entretanto o revolvimento excessivo da terra reduziu o carbono no solo. Usando o plantio direto, o carbono nesta terra pode ser restaurado, tornando esses solos fontes de carbono, ajudando a reduzir a concentração de CO2 na atmosfera”.
O Congresso, que terá como sede o Windsor Covention & Expo Center (Barra da Tijuca), também trará para o Brasil cientistas como Pedro Sanchez, agraciado com o World Food Prize, em 2002, e professor de solos tropicais no Departamento de Ciências do Solo e da Água da Universidade da Flórida (EUA), um dos maiores nomes em solos tropicais do planeta. No evento, Pedro vai falar sobre os solos do mundo e como tratá-los adequadamente, conciliando seu uso com nossas necessidades de alimentação, combustível e água de qualidade. Outra presença importante é a da cientista Estelle Dominati, da empresa de pesquisa agropecuária neozelandesa AgResearch. Ela é referência em estudos dos serviços ecossistêmicos do solo. Sua pesquisa integra agronomia, ciência do solo e ecologia econômica para investigar a sustentabilidade de agroecosistemas. Seus estudos recentes sobre produção agrícola com os maoris buscam valorizar o saber tradicional no cultivo da terra.
Produção de alimentos
O tema do evento “Ciência do solo: para além da produção de alimentos e de energia” é explicado pelo professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Flávio Camargo, presidente do XXI CMCS, “o país e o mundo têm uma trajetória consolidada na produção de biomassa, que é a função primordial do solo. Entretanto, se as outras funções do solo não forem debatidas, consideradas e priorizadas, poderemos comprometer a sustentabilidade desta produção e da vida no planeta”.
“Nas próximas décadas, a pesquisa em ciência do solo deverá propor práticas agrícolas resilientes que possam acomodar as alterações ambientas e climáticas e a segurança alimentar. O estudo do solo é essencial e estratégico para questões como a qualidade da água, a diminuição da pobreza e a produção de energia renovável”, lembra Camargo, ressaltando a importância do Brasil receber o XXI CMCS, que acontecerá pela primeira vez na América Latina.
Quadros com tinta de solo
A Embrapa Solos (Rio de Janeiro-RJ) vai organizar a feira de solos e excursões técnicas de campo. Na feira, a principal atração será a exposição do artista plástico português radicado no Rio de Janeiro Albano Rodrigues de Oliveira, que utiliza tinta feita com solo para pintar as paisagens da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e de grandes cientistas.
“Também teremos a exibição de perfis de solos de dez classes da terra brasileira”, conta o chefe geral do centro de pesquisa carioca José Carlos Polidoro. Esses perfis, chamados de macromonolitos, têm 65 centímetros de diâmetro e 80 de altura, são extraídos diretamente do solo e mostram em detalhe o que está embaixo da terra.
A USP vai enriquecer a feira trazendo a Experimentoteca de Solos Portátil que exibe, em kits didáticos, a preparação agrícola, a permeabilidade e a decomposição do solo. A Experimentoteca racionaliza o uso de material experimental, da mesma maneira que uma biblioteca pública.
A atração em 3D da feira será a caixa de areia desenvolvida pela UFRJ que demonstra noções de topografia e escoamento da água de acordo com a manipulação da areia pelo público.
Já as excursões técnicas levarão os participantes para destinos variados, colocando-os em contato com os solos nacionais em destinos diversos, tais como o platô brasileiro em Minas Gerais, as terras pretas de índio na Amazônia e a Serra Fluminense.
Congresso Carbono Neutro
Eventos de porte internacional, como o XXI CMCS, possuem elevado potencial de emissão de CO2, especialmente pelo deslocamento de seus participantes. A fim de neutralizar essas emissões serão plantadas árvores nativas em Valença (RJ) que, ao longo de 20 anos, realizarão essa compensação.
A escolha de Valença, situada na região do Médio Vale Paraíba do Sul foi motivada pelo histórico de degradação da área, que data do descobrimento do Brasil. Além disso, a sua Bacia é fundamental na oferta de água para milhões de pessoas no estado do Rio de Janeiro.
O XXI CMCS é promovido pela União Internacional de Ciência do Solo e organizado pela SBCS e Embrapa Solos.
O site do Congresso está em www.21wcss.org .
Embrapa Solos
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