quinta-feira, 19 de julho de 2018

Ampla oferta, desestimula a produção de açúcar no Brasil



SÃO PAULO (Reuters) – A ampla oferta de açúcar na safra global vigente (2017/18) já compensou todo o déficit de produção registrado nos dois ciclos anteriores, pressionando os preços do adoçante na bolsa de Nova York para perto das mínimas nesta década, disse nesta terça-feira um analista da INTL FCStone.
Na sexta-feira, a consultoria projetou um superávit de 10,8 milhões de toneladas de açúcar na atual temporada, que se encerra em setembro, em meio a fortes produções na Índia e na Tailândia. Esse excedente se segue a déficits de 7,1 milhões de toneladas em 2015/16 e de 2,1 milhões em 2016/17.
“Toda redução de estoques já foi compensada em 2017/18”, frisou o analista de mercado da INTL FCStone, João Paulo Botelho, durante evento da consultoria em São Paulo.
Ele projeta pressão também no próximo ano, dadas a perspectiva de produção novamente elevada na Índia, segundo maior produtor depois do Brasil.
Diante desse cenário, os preços do açúcar na bolsa ICE têm oscilado entre 10 e 11 centavos de dólar por libra-peso, o menor nível desde meados de 2015.
Para Botelho, esse nível de cotação, aliado à maior remuneração do etanol, tem desestimulado a produção de açúcar no Brasil. Com efeito, usinas têm focado na fabricação do biocombustível desde o ano passado, também na esteira de mudanças tributárias no país e da política de reajuste de preços da Petrobras.
Pelos cálculos da INTL FCStone, o valor da gasolina no mercado doméstico está, atualmente, cerca de 29 por cento acima do registrado há um ano. Já o do etanol, concorrente direto do combustível fóssil, registra valorização de 17 por cento na mesma base de comparação.
Nem mesmo a forte produção no centro-sul do país tem pressionado as cotações do álcool, comentou Botelho.
“Os preços do etanol já dão sinais de estabilização, por causa da demanda resultante da paridade favorável com a gasolina”, afirmou o analista.

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