Sem renovação, população rural brasileira envelhece
Da esquerda para a direita: Mauro Del Grossi (UnB), Antonio Florido
(IBGE), deputado Heitor Schuch, Daniela Bittencourt (Embrapa) e
Antoninho Rovaris (Contag) formaram a mesa da audiência pública sobre o
Censo Agro 2017.
O percentual
de jovens no campo está encolhendo enquanto a população rural do Brasil
fica mais velha. O problema é um dos grandes desafios para a manutenção
e o fortalecimento da agricultura familiar. Essa foi uma das principais
informações coletadas pelo Censo Agro 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
cuja prévia foi apresentada na manhã da última quinta-feira (24/05) em
audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
Desenvolvimento Rural da Câmara Federal.
O levantamento, que está em fase de finalização, foi apresentado pelo coordenador do Censo Rural 2017, Antonio Florido (foto abaixo). “Em 23 de maio, registramos 5.067.656 estabelecimentos recenseados de um total previsto de 5.254.953 propriedades e podemos perceber o envelhecimento da população rural”, comunicou o coordenador.
Em 2006, quando foi realizado o último censo rural, as pessoas com mais 65 anos representavam 17,52% da população do campo. Hoje, esse grupo gira em torno de 21,4%. A faixa etária entre 55 e 65 anos também aumentou quatro pontos percentuais, passando de 20% para 24% do total. Em contrapartida, o agrupamento entre 35 e 45 anos de idade encolheu de 21,93% para 18,29% da população rural e os jovens entre 25 e 35 anos, que representavam 13,56% do campo em 2006, hoje são apenas 9,48%. “Detectamos também um aumento do número de recursos de aposentadorias e pensões no campo, o que reforça os dados de faixa etária confirmando que a população rural envelheceu, mesmo”, reforçou o coordenador da pesquisa.
“Os jovens têm de contar com soluções tecnológicas inovadoras que viabilizem sua fixação no campo. Além disso, a agricultura familiar precisa ser lucrativa para que haja a renovação de pessoas no meio rural,” afirmou a pesquisadora. Daniela Bittencourt apresentou uma série de nichos de mercado que se encaixam no perfil dos pequenos produtores. “Turismo rural, produção orgânica e fabricação de produtos artesanais (como os queijos da Serra da Mantiqueira e os vinhos coloniais da Serra Gaúcha) são alternativas valiosas para o produtor familiar, pois agregagam valor aos seus produtos”, sugeriu a cientista lembrando que as pequenas propriedades podem se beneficiar dos processos de certificação de origem de determinados produtos e, desse modo, se inserir no valioso mercado gourmet.
A pesquisadora ressaltou também ser importante investir em ações para organizar cadeias produtivas das quais os pequenos produtores participam. “Proporcionar mecanismos para a organização dos produtores e fortalecimento da agroindústria familiar é um caminho que possibilitará maior inserção de mercado de seus produtos”, frisou.
O secretário de Política Agrícola da Confederação Nacional de Trabalhadores Rurais (Contag), Antoninho Rovaris (foto abaixo), participante do debate, disse que considera a evasão de jovens um dos maiores desafios do setor. “Não conseguimos criar atrativos no meio rural para que os jovens lá permaneçam”, afirmou. “Muitas das tecnologias e soluções que a Embrapa gera não chegam ao produtor porque o sistema de extensão rural dos estados está sucateado”, lamentou.
Outro convidado para o debate, o professor Mauro Del Grossi do Programa de Pós-graduação em Agronegócios da Universidade de Brasília (UnB) explicou que considera o Censo Agro essencial para orientar ações públicas a fim de desenvolver e fortalecer o pequeno agricultor o qual, segundo o acadêmico, tem papel fundamental na segurança alimentar do País. “A agricultura familiar é uma importante supridora de alimentos para a população brasileira, sendo a principal responsável pela produção de alimentos como mandioca e feijão, por exemplo, fundamentais para o País,” ressaltou.
“O Censo vai muito além dos números. Ele nos diz sobre os anseios de pessoas, sobre o que elas precisam para se instalar em um lugar. Ninguém quer morar onde não há luz elétrica, água encanada e, hoje em dia, internet,” declarou o deputado federal Heitor Schuch (PSB/RS) que convocou a audiência pública com o objetivo de debater os primeiros resultados apresentados pelo Censo Agro 2017. “A questão é como a gente faz hoje a sucessão rural? Como a gente incentiva a população jovem a permanecer no meio rural?” concluiu.
O evento contou com audiência maciça de participantes de movimentos sociais camponeses de todo o Brasil.
O levantamento, que está em fase de finalização, foi apresentado pelo coordenador do Censo Rural 2017, Antonio Florido (foto abaixo). “Em 23 de maio, registramos 5.067.656 estabelecimentos recenseados de um total previsto de 5.254.953 propriedades e podemos perceber o envelhecimento da população rural”, comunicou o coordenador.
Em 2006, quando foi realizado o último censo rural, as pessoas com mais 65 anos representavam 17,52% da população do campo. Hoje, esse grupo gira em torno de 21,4%. A faixa etária entre 55 e 65 anos também aumentou quatro pontos percentuais, passando de 20% para 24% do total. Em contrapartida, o agrupamento entre 35 e 45 anos de idade encolheu de 21,93% para 18,29% da população rural e os jovens entre 25 e 35 anos, que representavam 13,56% do campo em 2006, hoje são apenas 9,48%. “Detectamos também um aumento do número de recursos de aposentadorias e pensões no campo, o que reforça os dados de faixa etária confirmando que a população rural envelheceu, mesmo”, reforçou o coordenador da pesquisa.
Censo subsidia pesquisa científica
“Os dados do Censo Rural do IBGE são fundamentais para embasar e subsidiar os nossos trabalhos e traçar estratégias de pesquisa e inovação voltadas à agricultura familiar”, afirmou a pesquisadora Daniela Bittencourt, supervisora de Redes Nacionais de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa que também foi convidada para participar dos debates na audiência pública. Bittencourt coordenou a pasta Macroprograma 6 que reunia projetos de pesquisa da Embrapa relacionados à agricultura familiar.“Os jovens têm de contar com soluções tecnológicas inovadoras que viabilizem sua fixação no campo. Além disso, a agricultura familiar precisa ser lucrativa para que haja a renovação de pessoas no meio rural,” afirmou a pesquisadora. Daniela Bittencourt apresentou uma série de nichos de mercado que se encaixam no perfil dos pequenos produtores. “Turismo rural, produção orgânica e fabricação de produtos artesanais (como os queijos da Serra da Mantiqueira e os vinhos coloniais da Serra Gaúcha) são alternativas valiosas para o produtor familiar, pois agregagam valor aos seus produtos”, sugeriu a cientista lembrando que as pequenas propriedades podem se beneficiar dos processos de certificação de origem de determinados produtos e, desse modo, se inserir no valioso mercado gourmet.
A pesquisadora ressaltou também ser importante investir em ações para organizar cadeias produtivas das quais os pequenos produtores participam. “Proporcionar mecanismos para a organização dos produtores e fortalecimento da agroindústria familiar é um caminho que possibilitará maior inserção de mercado de seus produtos”, frisou.
O secretário de Política Agrícola da Confederação Nacional de Trabalhadores Rurais (Contag), Antoninho Rovaris (foto abaixo), participante do debate, disse que considera a evasão de jovens um dos maiores desafios do setor. “Não conseguimos criar atrativos no meio rural para que os jovens lá permaneçam”, afirmou. “Muitas das tecnologias e soluções que a Embrapa gera não chegam ao produtor porque o sistema de extensão rural dos estados está sucateado”, lamentou.
Outro convidado para o debate, o professor Mauro Del Grossi do Programa de Pós-graduação em Agronegócios da Universidade de Brasília (UnB) explicou que considera o Censo Agro essencial para orientar ações públicas a fim de desenvolver e fortalecer o pequeno agricultor o qual, segundo o acadêmico, tem papel fundamental na segurança alimentar do País. “A agricultura familiar é uma importante supridora de alimentos para a população brasileira, sendo a principal responsável pela produção de alimentos como mandioca e feijão, por exemplo, fundamentais para o País,” ressaltou.
“O Censo vai muito além dos números. Ele nos diz sobre os anseios de pessoas, sobre o que elas precisam para se instalar em um lugar. Ninguém quer morar onde não há luz elétrica, água encanada e, hoje em dia, internet,” declarou o deputado federal Heitor Schuch (PSB/RS) que convocou a audiência pública com o objetivo de debater os primeiros resultados apresentados pelo Censo Agro 2017. “A questão é como a gente faz hoje a sucessão rural? Como a gente incentiva a população jovem a permanecer no meio rural?” concluiu.
O evento contou com audiência maciça de participantes de movimentos sociais camponeses de todo o Brasil.
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