FAO aumenta lista de países em situação de insegurança alimentar
Problemas climáticos e conflitos em algumas regiões do mundo afetam produção agrícola e restringem acesso ao alimento
"Conflitos persistentes se mantêm como fator dominante, conduzindo a altos níveis de insegurança alimentar severa. Choques climáticos também têm impactado de forma adversa a disponibilidade e acesso ao alimento", resume a FAO. Comparado com documento anterior, de março, a relação atual acrescentou dois países: Cabo Verde e Senegal.
Já na parte sul da África, a situação é mais grave. Apesar da melhora no regime de chuvas no final do ciclo agrícola, o déficit hídrico na fase inicial teve mais peso e prejudicou a produtividade no campo. Só no Zimbábue, a estimativa é de que a insegurança alimentar atinge cerca de um milhão de pessoas.
Na área leste, a dificuldade foi com o excesso de chuvas, que causou alagamentos e danos à agricultura local. No Sudão do Sul, país criado em 2011, a FAO acrescenta que os conflitos e problemas econômicos agravam a situação. Insegurança, rupturas comerciais e altos preços de alimentos deixam vulneráveis mais de 7 milhões de pessoas.
"No oeste da África, as atividades agropastoris também enfrentam uma crescente insegurança alimentar por conta do clima desfavorável, que aumentou a incerteza em relação à produção. E conflitos em vários países africanos continuam a agravar a situação", analisa a FAO.
Outros sete países na lista da FAO estão na Ásia e Oriente Médio. Segundo a Agência das Nações Unidas, iniciativas de suporte por parte de governos tem surtido efeito em países na área mais a leste, onde estão países como China, Índia, Vietnã e Mianmar.
“A produção deve aumentar nessas regiões, auxiliada por medidas de apoio de governos para garantir preços remuneradores e expansão de áreas cultiváveis”, diz a FAO.
Já no Oriente Médio, a produção agrícola esperada é considerada dentro das médias, ajudada por um regime de chuvas favorável nos últimos meses. Essas precipitações, de certo modo, ajudaram a compensar os problemas de seca enfrentados na fase inicial de desenvolvimento de lavouras.
“No entanto, conflitos em curso continuam a afligir de forma severa o setor agrícola em vários países”, diz a FAO. No Iraque, por exemplo, dados de dezembro do ano passado citados pela Agência da ONU no relatório, apontavam que pelo menos 800 mil pessoas necessitavam de auxílio para ter acesso aos alimentos.
Na região mais próxima da Europa, onde estão localizadas, por exemplo, ex-repúblicas soviéticas, a colheita está abaixo das médias históricas, também em função de problemas climáticos. “Colheitas abaixo da média são esperadas por conta de seca durante os meses do inverno, que reduziram as expectativas para a produtividade do trigo”, diz a FAO.
A lista de países inseguros da FAO inclui ainda o Haiti, única nação considerada com problemas na região da América Latina e Caribe. O relatório menciona que a produção de milho na região deve se manter em nível elevado, em contraste com outras culturas. Uma situação bem diferente da América do Sul, com sucessivos recordes nas colheitas.
Sobre o Haiti, especificamente, o documento ressalta que em 2014 e 2016, o país passou por severas secas. E em 2016 e 2017, os haitianos sofreram os efeitos dos furacões Irma e Mathew. A FAO estima que 1,32 milhão de habitantes do país precisam de assistência para conseguir alimentação.
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