Ações do Incra no bioma Caatinga são apresentadas em Conferência
O Incra apresentou na II Conferência da
Caatinga a contribuição da reforma agrária para o desenvolvimento
socioeconômico de famílias assentadas residentes no bioma, presente em
nove estados nordestinos e no norte de Minas Gerais. Venda de produtos
desenvolvidos em assentamentos cearenses e informativos sobre planos de
manejo e sustentabilidade ambiental foram outros destaques da autarquia
no evento, realizado de 19 a 21 de junho na Assembleia Legislativa do
Ceará (Alce).
Técnicos de nove superintendências do
Incra no Nordeste explicaram que iniciativas de redistribuição de terras
em regiões cobertas pela Caatinga são relativamente recentes. Dos 1.925
assentamentos presentes no bioma, 97% foram criados após a Constituição
de 1988.
“A Carta Magna reconhece a necessidade
de reformular a questão agrária no país e estabelece competência
exclusiva da União, e do Incra, em desapropriar por interesse social
para fins de reforma agrária o imóvel rural que não esteja cumprindo sua
função social”, explicou o perito agrário do Incra/CE, Deodato do
Nascimento Aquino, em palestra na programação da conferência, realizada
na manhã da quinta-feira (21).
A partir da criação dos assentamentos,
118.626 famílias tiveram acesso à terra em áreas localizadas no bioma.
Ações do Incra como a oferta de créditos para produção, construção de
casas, implementação de infraestrutura hídrica e viária, desenvolvimento
de projetos educacionais e culturais, além da oferta de assistência
técnica, contribuíram para que os agricultores familiares pudessem
conviver com as dificuldades impostas pelas características presentes
nesta região semiárida do país.
Por fim, destacou-se na apresentação que
o foco atual da autarquia na região é a entrega de títulos de
propriedade às famílias assentadas. A ação deve ser feita de forma
criteriosa, para garantir as condições necessárias de permanência na
terra conquistada, além de prevenir contra a possibilidade de
reconcentração de terras e formação de latifúndios em áreas já
reformadas.
Produção em destaque
No estande montado pelo Incra, os
participantes conheceram exemplos exitosos de produção e geração de
renda das famílias assentadas. Representantes de Coqueirinho, área
reformada no município cearense de Fortim, ocuparam o espaço para venda
de bolos típicos da culinária nordestina, feitos com matéria-prima
cultivada sem uso de agrotóxicos.
“Nossa associação participou de
capacitação para produção de bolos artesanais como forma de beneficiar e
agregar valor ao nosso cultivo orgânico”, explicou Carlos de Oliveira,
que acompanhado do também assentado Aldelio Neto, era responsável pelo
atendimento e venda dos bolos de milho, pés de moleque e macaxeiras
expostos no estande. Os bolos agradaram em cheio, e metade dos 110
levados já tinha sido vendida nas duas primeiras horas da programação da
quarta-feira (21) da Conferência.
De acordo com Oliveira e Neto, a
produção de bolos integra uma série de ações de Coqueirinho para ampliar
a geração de renda das famílias. A comunidade tem forte aptidão para o
turismo, por ser localizada no litoral leste do estado, em área de
praia. A Pousada Rural oferece hospedagem para turistas nacionais e
estrangeiros, além de estudantes universitários e participantes de
eventos sediados no assentamento.
Além de usufruir das belezas locais, o
hóspede tem a chance de conhecer o cotidiano das famílias e a história
de criação do assentamento, contada em um espetáculo teatral encenado
por atores da comunidade, formados a partir de cursos e capacitações
fomentados pelo Projeto Arte e Cultura na Reforma Agrária (Pacra), do
Incra/CE. A alimentação fornecida na pousada é toda produzida com frutas
e verduras orgânicas.
Sustentabilidade Ambiental e geração de renda
O Serviço de Meio Ambiente do Incra/CE
apresentou painel com proposta de ampliação de Planos de Manejo
Florestal Sustentável (PMFS) em áreas reformadas no Ceará e a criação de
uma rede para comercialização de produtos florestais, extraídos de
forma sustentável e em conformidade com a legislação ambiental.
Atualmente, 66 PMFS estão implantados em 63 assentamentos do estado, em
uma área de 33,7 mil hectares de Caatinga manejada, com 3.605 famílias
beneficiadas. Há possibilidade de expansão, a partir de 47 assentamentos
com recursos florestais já identificados.
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