Aumentam os cuidados para evitar que uma praga que ataca o cacau entre no Brasil
Redação Nordeste Rural
Um forte bloqueio nas fronteiras, é algumas das medidas preventivas de defesa vegetal, para evitar a chegada da monilíase do cacaueiro às plantações brasileiras. Desta vez o reforço de controle está no Acre. Por meio de um projeto financiado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Embrapa executará ações estratégicas para conter a doença. Até 2020, serão investidos 300 mil reais em atividades de monitoramento em áreas fronteiriças, procedimentos laboratoriais para diagnóstico do problema e promoção de práticas de educação fitossanitária.De acordo com o pesquisador Amauri Siviero, coordenador das atividades, o objetivo é fortalecer as ações do Plano de Contingência da doença, desenvolvidas no estado. Em 2018 serão instaladas unidades de monitoramento nos municípios de Xapuri, Brasileia, Epitaciolândia, na fronteira com a Bolívia, e Assis Brasil, fronteira com o Peru, com o objetivo de identificar frutos e sementes com suspeita da doença.
“Esses materiais serão coletados por fiscais da defesa fitossanitária estadual, com uso de metodologias específicas de coleta, e encaminhados à Embrapa Acre. A partir de análises microscópicas, realizadas em laboratório, podemos diagnosticar a presença da monilíase e outras doenças de plantas, trabalho que vai permitir a emissão de laudo fitopatológico oficial pelo Mapa”, esclarece Siviero.
Paralelamente ao trabalho de vigilância na fronteira e em laboratório, serão realizadas ações de educação fitossanitária em comunidades rurais, com a participação de produtores e filhos de agricultores, por meio de palestras e cursos ministrados em parceria com o Idaf, visando orientar sobre medidas de prevenção da monilíase e como identificar o problema.
A monilíase é uma doença extremamente agressiva, que ataca os frutos do cacaueiro (Theobroma cacao), do cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) e de outras plantas do gênero Theobroma. Causada pelo fungo Moniliophthora roreri, é facilmente disseminada pelo vento e por materiais infectados como plantas, roupas, sementes e embalagens. As perdas na produção podem variar de 50% a 100%, com sérios prejuízos para os agricultores. Detectada na Bolívia e Peru, a doença ocorre também no Equador, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, México e Venezuela e outros países do continente americano.
Conforme estudo realizado pelo Mapa e Embrapa, a monilíase está entre as 20 pragas quarentenárias ausentes do território brasileiro, consideradas prioritárias para ações de vigilância e pesquisa, em função do risco iminente de entrada no País e dos prejuízos econômicos que pode causar à agricultura nacional. Entre os critérios para atribuir o status de prioridade a uma praga, utilizados no estudo, estão o seu potencial de destruição e a ocorrência em áreas próximas do País, especialmente em regiões fronteiriças.
Diligências realizadas pelo Instituto de Defesa Agroflorestal do Acre (Idaf) indicaram a presença da monilíase em plantações de cacau na cidade de Cobija, há 50 quilômetros de Brasileia. “A proximidade do Acre com a fronteira boliviana coloca o Estado como potencial porta de entrada da doença no País. A atuação conjunta de órgãos da Defesa Vegetal, pesquisa e extensão rural potencializa esforços para minimizar riscos de contágio e garantir segurança à agricultura do País ”, destaca Siviero.
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