O cajueiro que resiste à seca prolongada e produz mais
É o cajueiro anão, avaliado como sendo mais produtivo, rústico e resistente à seca. A cultivar usada pelos produtores é o clone de cajueiro anão Embrapa 51, variedade predileta dos produtores de Severiano Melo, município do Rio Grande do Norte, na chapada do Apodi, conhecido como terra do caju. O clone apresentou uma produtividade média de cerca de mil quilos de castanha por hectare, em sequeiro, após uma sequência de cinco anos de seca. Em 2017, com chuvas um pouco mais generosas, alguns produtores conseguiram obter mais de 1,5 mil quilos por hectare. Essa produtividade foi alcançada em áreas implantadas há cinco anos e que recebem os tratos culturais recomendados.“A planta se adaptou e produz muito na região. Mesmo no período muito seco dos últimos cinco anos, os produtores que cuidam bem chegam a mais de mil quilos de castanha por hectare, o que é uma coisa fantástica”, atesta o pesquisador Levi de Moura Barros, líder do Programa de Melhoramento Genético do Cajueiro, que lançou o clone no ano de 1995. De acordo com o pesquisador, o Embrapa 51 apresenta castanha de boa qualidade e pedúnculo que atende bem aos critérios das fábricas de sucos.
Além da resistência à seca, a variedade também tolera bem uma das principais doenças que afeta a espécie, a resinose (Lasiodiplodia theobromae). Outra grande vantagem do clone é que ele produz durante oito meses do ano quase sem interrupções, enquanto as demais variedades oferecem uma safra de apenas quatro meses. Isso ocorre porque, ao contrário de outros cajueiros, ele desenvolve simultaneamente etapas diferentes de evolução dos frutos.
O engenheiro agrônomo e produtor Antônio Tertulino explica que com a produção distribuída ao longo de oito meses, é possível aproveitar também o preço da entressafra. Ele é um dos entusiastas do clone na região. Dos 200 hectares de sua propriedade, 50 são ocupados com a variedade. “Muitos produtores já plantaram, mas nós recomendamos que ocupem no máximo 50% da área, pois o melhor é ter um pouco de cada clone. Pelo menos três clones diferentes para garantir uma maior variabilidade genética no pomar”, explica.
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