Consórcio milho e capim-massai garante silagem com menor custo para produtores de ovinos no Semiárido
Experimento
realizado por pesquisadores da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE) concluiu
que o plantio consorciado de milho e capim-massai é uma opção
economicamente vantajosa para alimentação de rebanhos de ovinos na
região semiárida do Brasil.
Em um hectare com as duas culturas, é possível produzir biomassa de forragem para manter produtivos 53 ovinos de corte ou leite, com peso corporal médio de 25 kg, durante oito meses, período que corresponde à época de estiagem. Os resultados indicaram que produzir o volumoso em sua propriedade a partir do plantio de milho e capim-massai é 31,35% mais barato para o criador do que adquiri-lo no comércio. A partir do segundo ano, sem o custo com o cercamento da área, essa economia chega a 78%.
Os custos do plantio conjunto de milho e capim-massai para produção de silagem são maiores que para o cultivo do milho solteiro, porque incluem a compra das sementes do capim e o cercamento para impedir o acesso dos animais à área de produção do volumoso e ao silo. “Se for uma área mais isolada, à qual os animais não tenham acesso, não é necessário cercar e pode-se eliminar esse custo”, explica o engenheiro-agrônomo Roberto Pompeu, pesquisador da Embrapa em Sistemas de Produção de Forragens.
De acordo com Pompeu, já existem outros trabalhos que indicam o capim-massai como uma boa alternativa para o Semiárido. “A Embrapa já vem trabalhando há muito tempo com esse capim em sistemas agrossilvipastoris com bons resultados”, conta.
Entre as características da forrageira estão a tolerância ao déficit hídrico, elevado rendimento de matéria seca por área, porte baixo, compatível com o pastejo de pequenos ruminantes; qualidade nutricional e alta população de plantas. Outra vantagem interessante é que a planta produz mais folhas que hastes (colmos), as folhas são mais nutritivas além de ser a parte preferida pelos animais.
“Como o capim produz bem no período chuvoso, o criador pode deixar o rebanho no pasto nesse período e tirá-lo durante a seca. Com uma adubação adequada, no período chuvoso irá rebrotar”, explica o pesquisador.
Embora a Caatinga forneça diversas opções de plantas forrageiras, há pesquisas científicas para aprimorar a oferta de alimentos, seja por meio da avaliação de cultivares de outras regiões tolerantes a condições de seca, seja por meio de ações de melhoramento genético vegetal que resultem, no futuro, em cultivares próprias para as condições do Semiárido brasileiro.
Na Embrapa Caprinos e Ovinos, as equipes de pesquisa nas áreas de Melhoramento Genético Vegetal e de Forragicultura têm se integrado na busca de respostas para essas duas vertentes. Cultivares de espécies forrageiras como sorgo e milheto, que demostraram bom desempenho em outras regiões do País ou do exterior, também já estão em teste.
“Todos esses fatores são avaliados: a qualidade nutricional, o desempenho em campo, a tolerância à seca. Assim, esperamos dar respostas aos produtores, de acordo com um objetivo final, se a forrageira será usada para produção de silagem, de feno ou fornecida a fresco”, explica o biólogo Fernando Guedes, pesquisador da área de Melhoramento Genético Vegetal. Segundo ele, os testes indicam, inclusive, possibilidades de combinação, como a de uma silagem que utilize milheto com girassol, aliando a tolerância à seca da primeira espécie e os benefícios nutricionais da segunda.
Outra frente de pesquisa na área é a de avaliação de plantas gramíneas como culturas perenes, para formação de pastagens: os materiais observados são capins Panicum e Andropogon, testados na região Centro-Oeste. Neste caso, os testes também incluem coleções de germoplasma, para realização das avaliações em nível regional, chamadas de VCU (valor de cultivo e uso).
“Em nossa busca por materiais adaptados, estão tanto aqueles com histórico de potencial em outras regiões, como materiais novos, que ainda não estão nas linhas de programas de melhoramento de cultivares no Brasil, mas apresentaram potencial em outros países, como nas zonas semiáridas da África, por exemplo”, cita a engenheira-agrônoma Luice Bueno, pesquisadora da área de Melhoramento Genético Vegetal da Embrapa Caprinos e Ovinos.
Pesquisas com forrageiras adaptadas para o Semiárido incluem também espécies como o feijão-guandu, gliricídea e leucena, compondo um quadro de diversificação de modo a permitir aos produtores rurais várias opções de plantio para a reserva alimentar na propriedade. “São vários cenários, em que avaliamos a melhor forma de manter qualidade na produção de silagem, qual gramínea seria melhor para um diferimento [manejo em que se escolhe uma área da propriedade para excluir do pastejo imediato de animais, ficando como reserva alimentar para outro período], além de outras questões”, explica Fernando Guedes.
A pesquisadora acrescenta que os consórcios são úteis aos programas de melhoramento vegetal por permitirem observar manejos diferentes para os materiais genéticos e, assim, traçar recomendações mais precisas sobre o uso em campo. “Às vezes existem materiais ótimos para adaptação ao Semiárido, mas, de cada cinco deles, três têm bom desempenho quando plantados solteiros e outros dois vão bem solteiros, mas vão melhor ainda quando consorciados com outras espécies. É uma etapa em que vemos como cada material se adapta melhor às formas de cultivo e utilização”, exemplifica ela.
De acordo com Guedes e Luice, esses resultados de novas cultivares forrageiras a partir das ações de melhoramento podem levar de dez a 15 anos para conclusão, período em que é feita escolha de material, cruzamentos, variabilidades e novas populações, observadas em diferentes ciclos. Na Embrapa Caprinos e Ovinos, já foram iniciados experimentos para melhoramento do feijão-guandu e de algumas gramíneas, como a Urochloa, com perspectiva de desenvolver novas cultivares.
Essas etapas dos programas de melhoramento são fundamentais não somente para a indicação de resultados, mas também para registrar o histórico de genealogia exigido pelo mercado formal para uma futura comercialização de sementes e mudas.
Em um hectare com as duas culturas, é possível produzir biomassa de forragem para manter produtivos 53 ovinos de corte ou leite, com peso corporal médio de 25 kg, durante oito meses, período que corresponde à época de estiagem. Os resultados indicaram que produzir o volumoso em sua propriedade a partir do plantio de milho e capim-massai é 31,35% mais barato para o criador do que adquiri-lo no comércio. A partir do segundo ano, sem o custo com o cercamento da área, essa economia chega a 78%.
Os custos do plantio conjunto de milho e capim-massai para produção de silagem são maiores que para o cultivo do milho solteiro, porque incluem a compra das sementes do capim e o cercamento para impedir o acesso dos animais à área de produção do volumoso e ao silo. “Se for uma área mais isolada, à qual os animais não tenham acesso, não é necessário cercar e pode-se eliminar esse custo”, explica o engenheiro-agrônomo Roberto Pompeu, pesquisador da Embrapa em Sistemas de Produção de Forragens.
Menos erosão
Mesmo com esses custos iniciais, o consórcio demonstrou vantagens, tais como a possibilidade de adotar outras estratégias para o uso da terra, entre elas o pastejo dos animais após a colheita do milho e a cobertura de matéria morta para o plantio direto da cultura anual, que diminui a erosão e proporciona sustentabilidade do agroecoecossistema.De acordo com Pompeu, já existem outros trabalhos que indicam o capim-massai como uma boa alternativa para o Semiárido. “A Embrapa já vem trabalhando há muito tempo com esse capim em sistemas agrossilvipastoris com bons resultados”, conta.
Entre as características da forrageira estão a tolerância ao déficit hídrico, elevado rendimento de matéria seca por área, porte baixo, compatível com o pastejo de pequenos ruminantes; qualidade nutricional e alta população de plantas. Outra vantagem interessante é que a planta produz mais folhas que hastes (colmos), as folhas são mais nutritivas além de ser a parte preferida pelos animais.
“Como o capim produz bem no período chuvoso, o criador pode deixar o rebanho no pasto nesse período e tirá-lo durante a seca. Com uma adubação adequada, no período chuvoso irá rebrotar”, explica o pesquisador.
Pesquisas para diversificar a alimentação dos rebanhos
Em um contexto de criação predominantemente extensiva de animais e limitação de recursos hídricos, condições que dificultam a manutenção de pastos cultivados para rebanhos, a produção de animais no Semiárido brasileiro ainda é dependente da vegetação nativa para garantir recursos alimentares.Embora a Caatinga forneça diversas opções de plantas forrageiras, há pesquisas científicas para aprimorar a oferta de alimentos, seja por meio da avaliação de cultivares de outras regiões tolerantes a condições de seca, seja por meio de ações de melhoramento genético vegetal que resultem, no futuro, em cultivares próprias para as condições do Semiárido brasileiro.
Na Embrapa Caprinos e Ovinos, as equipes de pesquisa nas áreas de Melhoramento Genético Vegetal e de Forragicultura têm se integrado na busca de respostas para essas duas vertentes. Cultivares de espécies forrageiras como sorgo e milheto, que demostraram bom desempenho em outras regiões do País ou do exterior, também já estão em teste.
De olho no girassol no Semiárido
Outra cultura anual objeto de estudos é o girassol, de boa tolerância à seca e com indicadores de contribuição para a qualidade nutricional da silagem: o aporte de energia para uma ração é considerado semelhante ao do milho, espécie mais utilizada para a produção de alimentos volumosos no Semiárido.“Todos esses fatores são avaliados: a qualidade nutricional, o desempenho em campo, a tolerância à seca. Assim, esperamos dar respostas aos produtores, de acordo com um objetivo final, se a forrageira será usada para produção de silagem, de feno ou fornecida a fresco”, explica o biólogo Fernando Guedes, pesquisador da área de Melhoramento Genético Vegetal. Segundo ele, os testes indicam, inclusive, possibilidades de combinação, como a de uma silagem que utilize milheto com girassol, aliando a tolerância à seca da primeira espécie e os benefícios nutricionais da segunda.
Outra frente de pesquisa na área é a de avaliação de plantas gramíneas como culturas perenes, para formação de pastagens: os materiais observados são capins Panicum e Andropogon, testados na região Centro-Oeste. Neste caso, os testes também incluem coleções de germoplasma, para realização das avaliações em nível regional, chamadas de VCU (valor de cultivo e uso).
“Em nossa busca por materiais adaptados, estão tanto aqueles com histórico de potencial em outras regiões, como materiais novos, que ainda não estão nas linhas de programas de melhoramento de cultivares no Brasil, mas apresentaram potencial em outros países, como nas zonas semiáridas da África, por exemplo”, cita a engenheira-agrônoma Luice Bueno, pesquisadora da área de Melhoramento Genético Vegetal da Embrapa Caprinos e Ovinos.
Pesquisas com forrageiras adaptadas para o Semiárido incluem também espécies como o feijão-guandu, gliricídea e leucena, compondo um quadro de diversificação de modo a permitir aos produtores rurais várias opções de plantio para a reserva alimentar na propriedade. “São vários cenários, em que avaliamos a melhor forma de manter qualidade na produção de silagem, qual gramínea seria melhor para um diferimento [manejo em que se escolhe uma área da propriedade para excluir do pastejo imediato de animais, ficando como reserva alimentar para outro período], além de outras questões”, explica Fernando Guedes.
Alternativas para plantio consorciadoO plantio consorciado de culturas anuais com gramíneas e leguminosas, por exemplo, também tem merecido atenção das equipes de pesquisa, por serem alternativas de rendimento promissoras na realidade do Semiárido brasileiro. As estratégias de consórcios são variadas. Em alguns experimentos são combinadas culturas anuais (milheto, milho ou sorgo) com gramíneas, possibilitando fornecimento de forragens distintas em diferentes períodos do ano, uma vez que o ciclo de culturas anuais, entre elas o milheto, é mais precoce que das gramíneas.Em outros casos, a estratégia do consórcio é orientada para silagem de melhor qualidade nutricional, quando se combina uma dessas três culturas anuais com o feijão-guandu — em que este é inserido para garantir reserva de proteína — ou ainda o consórcio de milheto com girassol, já citado. Por sua vez, gramíneas podem ser consorciadas com plantas arbóreas de alto potencial forrageiro na Caatinga, como a leucena e a gliricídia. Segundo o pesquisador Fernando Guedes, no Semiárido, ambiente de certo risco, com fatores como a incerteza de períodos chuvosos dentro da média histórica, essa diversificação é muito importante no contexto da segurança alimentar de rebanhos. “Não é fácil afirmar para o produtor rural que apostar em um só material é certeza de boa produção. A estratégia é diversificar, tanto com o plantio de diferentes forrageiras em diferentes áreas, como com a possibilidade dos consórcios”, frisa. |
Rotação para a sustentabilidade
Outros benefícios dos consórcios são de natureza ambiental e de segurança biológica, conforme aponta a pesquisadora Luice Bueno. “Uma rotação de culturas contribui com a manutenção do solo, com a reposição de nutrientes. E quando você adota uma monocultura, há o risco de chegar uma praga que ataque essa cultura praticada em larga escala, fazendo o produtor perder tudo”, destaca ela.A pesquisadora acrescenta que os consórcios são úteis aos programas de melhoramento vegetal por permitirem observar manejos diferentes para os materiais genéticos e, assim, traçar recomendações mais precisas sobre o uso em campo. “Às vezes existem materiais ótimos para adaptação ao Semiárido, mas, de cada cinco deles, três têm bom desempenho quando plantados solteiros e outros dois vão bem solteiros, mas vão melhor ainda quando consorciados com outras espécies. É uma etapa em que vemos como cada material se adapta melhor às formas de cultivo e utilização”, exemplifica ela.
Melhoramento genético vegetal
As estratégias de pesquisas com as forrageiras no Semiárido brasileiro incluem não somente a avaliação de cultivares já testadas em outras regiões, mas também a implementação de ações de melhoramento genético vegetal, que possam, em um prazo de tempo mais longo, resultar em novas cultivares recomendadas para a alimentação de rebanhos na região.De acordo com Guedes e Luice, esses resultados de novas cultivares forrageiras a partir das ações de melhoramento podem levar de dez a 15 anos para conclusão, período em que é feita escolha de material, cruzamentos, variabilidades e novas populações, observadas em diferentes ciclos. Na Embrapa Caprinos e Ovinos, já foram iniciados experimentos para melhoramento do feijão-guandu e de algumas gramíneas, como a Urochloa, com perspectiva de desenvolver novas cultivares.
Essas etapas dos programas de melhoramento são fundamentais não somente para a indicação de resultados, mas também para registrar o histórico de genealogia exigido pelo mercado formal para uma futura comercialização de sementes e mudas.
Embrapa Caprinos e Ovinos
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