Portal reúne informações para manejo integrado das principais parasitoses na pecuária
Produtores
rurais, veterinários e técnicos em geral contarão, a partir de
novembro, com um programa inédito que reunirá informações úteis para
promover manejo integrado das principais parasitoses da pecuária
brasileira. O Programa Paratec, cujo portal será lançado no dia 7 de
novembro no Semiárido Show, em Petrolina (PE), pretende disponibilizar
conhecimentos atualizados sobre as estratégias recomendadas pela Embrapa
e seus parceiros para combater doenças causadas por vermes, moscas,
carrapatos, sarnas e piolhos, que provocam perdas produtivas em rebanhos
animais de ovinos, caprinos e bovinos.
A ideia do portal é fornecer informações detalhadas, permitindo o treinamento on-line com enfoques regionais, para gerenciar os riscos das principais parasitoses dos animais domésticos nas diferentes partes do País. Para isso, será composto por quatro programas, cada um com página específica no portal. São eles: Paratec Vermes, Paratec Moscas, Paratec Carrapatos e Paratec Sarnas e Piolhos. O primeiro já traz informações para o controle de verminose de caprinos e ovinos do bioma Caatinga e, em breve, também trará recomendações para outros biomas e também para a bovinocultura. Os demais programas serão lançados futuramente.
“O objetivo inicial era elaborar somente um programa de controle de verminose em caprinos e ovinos, que é minha área de atuação. No entanto, percebi que um plano mais completo, com outros programas de controle que possam ser liderados por formadores de opinião das diversas áreas da parasitologia teria mais força, e seria mais estratégico para a captação de recursos e formação de parcerias para que, futuramente, o programa seja autossuficiente”, explica o médico-veterinário Marcel Teixeira, pesquisador da área de Sanidade Animal da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), que idealizou o programa tomando como referência experiências em países como Austrália e Nova Zelândia.
Segundo Marcel, o corpo técnico do Paratec já é formado por pesquisadores de diferentes Unidades da Embrapa, de universidades brasileiras e instituições estrangeiras. O plano, porém, é mais amplo: buscar outras parcerias nos setores público e privado para, além de disponibilizar informações on-line sobre as parasitoses, viabilizar capacitações presenciais de profissionais do setor e garantir recursos financeiros para manutenção dos programas.
“A prioridade é estar com o conteúdo completo do Paratec Vermes, incluindo todas as funcionalidades on-line, até o fim de 2018, juntamente com um calendário de atividades de treinamento. Como ele servirá de modelo para os demais, em seguida iremos formular e adaptar os outros”, adianta Marcel. Segundo ele, o portal também servirá para cadastro de técnicos capacitados que possam prestar assistência técnica – especialmente no âmbito dos programas de controle das parasitoses – nas diversas regiões do País, além de cadastrar também produtores e fornecer dados sobre temas de interesse dos públicos do setor produtivo.
De acordo com o pesquisador, o programa privilegiará soluções tecnológicas e orientações de manejo adequadas para as realidades regionais que observem as diferenças de climas, raças e pastagens em cada bioma brasileiro. “[Antes de aderir a um programa] o produtor rural vai querer saber, na ponta do lápis, se vale a pena ou não. Por isso, precisamos trabalhar com estratégias bem práticas e de baixo custo”, acrescenta Marcel.
Entre os desafios do programa, está a chamada resistência anti-helmíntica: aquela que os vermes desenvolvem contra os medicamentos, ao longo do tempo, em virtude do uso contínuo de vermífugos nos rebanhos. Para contornar o problema, é recomendada a realização de testes de eficácia dos vermífugos e o uso racional dos medicamentos, informações que também serão disponibilizadas no site.
Segundo o médico-veterinário Eduardo Luiz Oliveira, analista da Embrapa Caprinos e Ovinos, a estratégia de controle integrado é baseada em três práticas fundamentais: a escolha do grupo químico de medicamento mais adequado para o rebanho (após o teste de eficácia); a utilização de métodos seletivos como o Famacha, que se baseia no exame da mucosa ocular dos animais para identificar graus de anemia (provocada por parasitos hematófagos) e, assim, vermifugar somente os animais que realmente necessitam de medicamento; o descarte orientado de animais que se mostram mais suscetíveis à verminose.
Eduardo explica que, com a integração dessas três práticas, é possível reduzir gastos com medicamentos, reduzir o problema da resistência anti-helmíntica e, ainda, descartar animais mais suscetíveis à verminose, para ter, em um prazo mais longo, um rebanho mais resistente.
“Ao saber qual vermífugo é eficaz, você pode usá-lo de forma orientada, reduzindo custos de compra. Com o uso do cartão Famacha, você identifica os animais que precisam tomar medicamento e investe na vermifugação somente desses. E pode descartar animais mais suscetíveis (ao identificar quem necessitou de oito doses de vermífugo em um período de seis meses), mantendo no rebanho somente os mais resistentes. Como a tendência dos animais resistentes é terem filhos também resistentes, o produtor estará fazendo uma seleção para melhorar o rebanho”, destaca ele.
Outras recomendações são os cuidados com a alimentação, com fornecimento de proteína a categorias mais sensíveis (borregos, borregas, cabritos e cabritas até a desmama; cabras e ovelhas em gestação e com crias ao pé); limpeza regular das instalações, com cochos limpos e colocados fora das baias; alternativas como o pastejo alternado com espécies animais diferentes para reduzir a contaminação da pastagem por larvas – bovinos, por exemplo, podem ingerir vermes que atacam caprinos e ovinos, sem que sua saúde seja prejudicada.
No Semiárido brasileiro, experiências práticas com a adoção das orientações do controle integrado de verminose já apontam para resultados favoráveis. Na localidade de Marrecas, distrito de Tauá (CE), a agricultora Cícera Almeida, destaca avanços na redução de casos de verminose em seu plantel, composto por aproximadamente 90 animais, entre caprinos e ovinos.
“Antes de conhecer o controle integrado recomendado pela Embrapa, a gente juntava todos os animais e vermifugava a cada seis meses. Agora, com o Famacha, passamos a controlar melhor, conhecemos a importância do manejo e da alimentação, que é base fundamental para o controle”, afirma ela. Segundo Cícera, em dois anos de adoção ao controle integrado, o saldo é satisfatório. “A verminose diminuiu uns 80 a 90%”, frisa ela.
A ideia do portal é fornecer informações detalhadas, permitindo o treinamento on-line com enfoques regionais, para gerenciar os riscos das principais parasitoses dos animais domésticos nas diferentes partes do País. Para isso, será composto por quatro programas, cada um com página específica no portal. São eles: Paratec Vermes, Paratec Moscas, Paratec Carrapatos e Paratec Sarnas e Piolhos. O primeiro já traz informações para o controle de verminose de caprinos e ovinos do bioma Caatinga e, em breve, também trará recomendações para outros biomas e também para a bovinocultura. Os demais programas serão lançados futuramente.
“O objetivo inicial era elaborar somente um programa de controle de verminose em caprinos e ovinos, que é minha área de atuação. No entanto, percebi que um plano mais completo, com outros programas de controle que possam ser liderados por formadores de opinião das diversas áreas da parasitologia teria mais força, e seria mais estratégico para a captação de recursos e formação de parcerias para que, futuramente, o programa seja autossuficiente”, explica o médico-veterinário Marcel Teixeira, pesquisador da área de Sanidade Animal da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), que idealizou o programa tomando como referência experiências em países como Austrália e Nova Zelândia.
Segundo Marcel, o corpo técnico do Paratec já é formado por pesquisadores de diferentes Unidades da Embrapa, de universidades brasileiras e instituições estrangeiras. O plano, porém, é mais amplo: buscar outras parcerias nos setores público e privado para, além de disponibilizar informações on-line sobre as parasitoses, viabilizar capacitações presenciais de profissionais do setor e garantir recursos financeiros para manutenção dos programas.
“A prioridade é estar com o conteúdo completo do Paratec Vermes, incluindo todas as funcionalidades on-line, até o fim de 2018, juntamente com um calendário de atividades de treinamento. Como ele servirá de modelo para os demais, em seguida iremos formular e adaptar os outros”, adianta Marcel. Segundo ele, o portal também servirá para cadastro de técnicos capacitados que possam prestar assistência técnica – especialmente no âmbito dos programas de controle das parasitoses – nas diversas regiões do País, além de cadastrar também produtores e fornecer dados sobre temas de interesse dos públicos do setor produtivo.
De acordo com o pesquisador, o programa privilegiará soluções tecnológicas e orientações de manejo adequadas para as realidades regionais que observem as diferenças de climas, raças e pastagens em cada bioma brasileiro. “[Antes de aderir a um programa] o produtor rural vai querer saber, na ponta do lápis, se vale a pena ou não. Por isso, precisamos trabalhar com estratégias bem práticas e de baixo custo”, acrescenta Marcel.
Controle de Verminoses
O primeiro dos quatro programas do Paratec a ter conteúdo disponibilizado é o Paratec Vermes. Ainda este ano, o internauta já poderá acessar informações referentes ao controle de verminoses em caprinos e ovinos no bioma Caatinga. Até 2018, também estarão disponíveis informações referentes ao manejo integrado da verminose em caprinos e ovinos nas regiões da Mata Atlântica e Pampas, e para bovinos no Cerrado. “Neste momento, não há como disponibilizar informações para todos os biomas, nem sobre todas as metodologias, pois ainda dependemos de resultados de pesquisas em andamento”, explica Marcel.Entre os desafios do programa, está a chamada resistência anti-helmíntica: aquela que os vermes desenvolvem contra os medicamentos, ao longo do tempo, em virtude do uso contínuo de vermífugos nos rebanhos. Para contornar o problema, é recomendada a realização de testes de eficácia dos vermífugos e o uso racional dos medicamentos, informações que também serão disponibilizadas no site.
Segundo o médico-veterinário Eduardo Luiz Oliveira, analista da Embrapa Caprinos e Ovinos, a estratégia de controle integrado é baseada em três práticas fundamentais: a escolha do grupo químico de medicamento mais adequado para o rebanho (após o teste de eficácia); a utilização de métodos seletivos como o Famacha, que se baseia no exame da mucosa ocular dos animais para identificar graus de anemia (provocada por parasitos hematófagos) e, assim, vermifugar somente os animais que realmente necessitam de medicamento; o descarte orientado de animais que se mostram mais suscetíveis à verminose.
Eduardo explica que, com a integração dessas três práticas, é possível reduzir gastos com medicamentos, reduzir o problema da resistência anti-helmíntica e, ainda, descartar animais mais suscetíveis à verminose, para ter, em um prazo mais longo, um rebanho mais resistente.
“Ao saber qual vermífugo é eficaz, você pode usá-lo de forma orientada, reduzindo custos de compra. Com o uso do cartão Famacha, você identifica os animais que precisam tomar medicamento e investe na vermifugação somente desses. E pode descartar animais mais suscetíveis (ao identificar quem necessitou de oito doses de vermífugo em um período de seis meses), mantendo no rebanho somente os mais resistentes. Como a tendência dos animais resistentes é terem filhos também resistentes, o produtor estará fazendo uma seleção para melhorar o rebanho”, destaca ele.
Outras recomendações são os cuidados com a alimentação, com fornecimento de proteína a categorias mais sensíveis (borregos, borregas, cabritos e cabritas até a desmama; cabras e ovelhas em gestação e com crias ao pé); limpeza regular das instalações, com cochos limpos e colocados fora das baias; alternativas como o pastejo alternado com espécies animais diferentes para reduzir a contaminação da pastagem por larvas – bovinos, por exemplo, podem ingerir vermes que atacam caprinos e ovinos, sem que sua saúde seja prejudicada.
No Semiárido brasileiro, experiências práticas com a adoção das orientações do controle integrado de verminose já apontam para resultados favoráveis. Na localidade de Marrecas, distrito de Tauá (CE), a agricultora Cícera Almeida, destaca avanços na redução de casos de verminose em seu plantel, composto por aproximadamente 90 animais, entre caprinos e ovinos.
“Antes de conhecer o controle integrado recomendado pela Embrapa, a gente juntava todos os animais e vermifugava a cada seis meses. Agora, com o Famacha, passamos a controlar melhor, conhecemos a importância do manejo e da alimentação, que é base fundamental para o controle”, afirma ela. Segundo Cícera, em dois anos de adoção ao controle integrado, o saldo é satisfatório. “A verminose diminuiu uns 80 a 90%”, frisa ela.
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