Seminário regional debateu sobre impactos dos parques de energia eólica no Nordeste
Fortes
relatos de quem sente na pele todas as consequências da instalação dos
parques eólicos nos seus territórios de origem e a certeza de não ser
viável esse modelo de geração de energia marcaram o Seminário sobre os
impactos ambientais e sociais dos parques eólicos no Nordeste
brasileiro. O evento reuniu cerca de 50 pessoas impactadas pela
instalação destes parques, assessores, pesquisadores, estudantes,
lideranças comunitárias e representantes de entidades de apoios a
organizações e movimentos sociais dos estados da Bahia, Pernambuco,
Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará, de 22 a 24 de setembro deste ano, em
Juazeiro (BA).
O
evento teve o objetivo de garantir uma troca de experiências e de
articular as comunidades que estão sendo ameaçadas por estes
empreendimentos. A intenção é que estas comunidades se fortaleçam e
agreguem mais força na resistência em torno do avanço de projetos de
desenvolvimento nas comunidades rurais, ribeirinhas e litorâneas.
Reunidos
por estado, os participantes socializaram quais os impactos que estão
sofrendo e quais as experiências de resistências frente à entrada dos
parques eólicos nos territórios dos povos tradicionais e originários por
todo o Nordeste. “O território é sagrado”, diz um dos participantes
sobre o pertencimento das pessoas com o seu local de socialização,
produção econômica, social e cultural e também da sua relação com a
natureza.
Um
dos questionamentos levantado se refere, principalmente, à matriz
energética brasileira que ignora os modos de vida, as desigualdades
sociais e explora, em grande escala, os recursos naturais, sendo que
ainda é chamada de energia limpa. Porém, para os atingidos e
especialistas no assunto, estes modelos de geração de energia – que
promovem uma lógica socioambiental injusta onde as empresas ganham e as
populações e o meio ambiente perdem, gerando diversas consequências,
muitas vezes, irreversíveis – não podem ser chamadas de limpa. “Muito se
tem dito que esta é uma energia limpa, porém ela tem gerado sérios
danos nas comunidades, que não são ditos, são invizibilizados. Impacta
na existência das comunidades”, denuncia Nonato Filho, do Conselho
Pastoral de Pescadores, do Ceará (CPP).
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