Uma pesquisa inédita usa solo da Amazônia, rumem de caprinos do nordeste e insetos da Argentina
O que os pesquisadores da Embrapa Agroenergia (DF) estão desenvolvendo é uma tecnologia nacional para obter e transformar o que deve ser a matéria-prima mais utilizada na economia, que não seja dependente do petróleo. Trata-se de açúcares contidos em folhas, caules, bagaços e outras partes de diferentes vegetais, a chamada biomassa. Para converter essa matéria-prima em combustíveis e vários produtos com origem renovável, o trabalho dos cientistas está centrado na engenharia genética de microrganismos que atuam como biofábricas. A equipe obteve material genético inédito de fungos e bactérias para utilizar com essa finalidade.O primeiro desafio está em desconstruir a parede celular de vegetais para extrair açúcares, o que é feito com a utilização de um coquetel de enzimas, substâncias normalmente obtidas para uso comercial pelo cultivo de microrganismos. Atualmente, os poucos coquetéis disponíveis para essa desconstrução da biomassa são produzidos por multinacionais, com tecnologia importada. Nos laboratórios da Embrapa Agroenergia, porém, os cientistas já estão trabalhando com três fungos, obtidos por bioprospecção e engenharia genética, cujas enzimas alcançam rendimentos promissores do ponto de vista industrial.
Até o momento, foram cinco anos de pesquisa, que começou com a análise cuidadosa de materiais obtidos em bancos de microrganismos e amostras dos mais diversos ambientes – do solo da Amazônia ao rúmen de caprinos do Nordeste e intestinos de insetos da Argentina. Os pesquisadores buscavam fungos e bactérias capazes de produzir enzimas que digerem a celulose. Em alguns casos, não era possível cultivar os microrganismos para identificá-los. A equipe, então, utilizou técnicas avançadas de biologia molecular para acessar o DNA deles e descobrir genes que pudessem ser úteis, em um segundo momento, para o melhoramento genético das espécies mais promissoras.
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