O que é agricultura moderna?
O Brasil se destaca por sua
produção agropecuária, estando entre os maiores produtores do mundo de
soja, café, cana-de-açúcar, bovinos, entre tantos outros. O alto nível
tecnológico também é destaque. Algumas inovações no sistema de plantio e
no modelo de cultivo utilizado também se destacam e podemos citar o
plantio direto e a integração lavoura pecuária como alguns desses
modelos interessantes.
Mas atualmente, em tempos de instabilidade climática,
o que de fato é uma agricultura moderna? Uma agricultura com alto ou
baixo aporte de insumos? Com alto ou baixo balanço energético (i.e.
quantas unidades de energia gastamos para produzir cada tonelada de
alimento em função do modelo produtivo adotado?). Com alto ou baixo
impacto ambiental?
A agropecuária deve ser encarada como um negócio, no
qual, filosofia a parte, a maximização dos lucros acaba sendo o
principal objetivo. Vamos pensar na comparação com uma montadora de
veículos por exemplo:
Antes de se iniciar a produção de um veículo,
precisa-se pensar em qual público vai adquirir aquele veículo. Se um
público mais ou menos exigente, com veículos que consomem mais ou menos
combustível, etc.. Definido isso, inicia-se a produção, a partir de
matérias primas de origens e preços distintos, que vão acarretar em
valores diferentes para cada modelo de carro. No entanto, independente
do preço do carro, ele precisa funcionar perfeitamente bem. Caso isso
não aconteça, a montadora precisará fazer o recall daquilo que não
funcionou bem... Ou seja, há controle de qualidade... e, muitas vezes,
em nome da segurança a montadora precisa absorver fortes prejuízos.
Sendo assim, além do controle de qualidade, a
montadora precisa conhecer os limites de sua produção e de seu
maquinário. Ou seja, produzir o máximo possível, com qualidade, e sem
deteriorar os equipamentos da montagem, ou seja, sem abrir mão da
manutenção dos equipamentos, pois caso eles quebrem, o problema é maior.
Além disso, precisam seguir rígidas leis para reduzirem a poluição
gerada no processo produtivo que, claro, incorporam as despesas com isso
no preço final do carro que pagamos.
Voltando para a Agropecuária: Um uso exagerado do
solo, sem considerar práticas conservacionistas que possam reduzir a
erosão do solo deveria ser uma forma de controle de qualidade. Sem
avaliarmos se as práticas utilizadas no processo produtivo estão
impactando mais ou menos o ambiente, nunca conseguiremos separar o bom,
do mau agricultor.
O agricultor moderno é
aquele que ganha hoje, mas quer que seus filhos, seus netos, bisnetos,
também ganhem no amanhã. Esgotar a terra, abandonar e abrir nova
fronteira agrícola em área virgem, não pode ser moderno, independente do
nível tecnológico que se utilize! Critérios para separar o bom do mau
produtor precisam ser aplicados.
O menor custo de produção não pode ser encarado como o
único indicador de sucesso do agricultor. Indicadores como níveis de
perda de solo, impacto em mananciais hídricos, entre outros tão simples e
concretos como esses, precisam ser considerados. Mas assim como vem
sendo feito nas indústrias, que são mais fortemente reguladas e
fiscalizadas por órgãos governamentais, os maus produtores também
precisam ser punidos para que os bons se beneficiem. E os custos de um
processo produtivo que respeite mais o meio ambiente, precisam estar
incorporados nos preços do bom produtor.
A sugestão aqui é a de qualificar o produtor, com
selos de qualidade, como os emitidos pelo InMetro, que rotulem o
processo produtivo e beneficiem o bom produtor. A linguagem econômica é a
única que qualquer pessoa é capaz de entender. Se funciona bem para as
indústrias, por que não pode funcionar bem para a agropecuária? Isso
sim seria uma agricultura moderna!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ajude o nosso Blog.