quinta-feira, 10 de agosto de 2017

O que é agricultura moderna?


O Brasil se destaca por sua produção agropecuária, estando entre os maiores produtores do mundo de soja, café, cana-de-açúcar, bovinos, entre tantos outros. O alto nível tecnológico também é destaque. Algumas inovações no sistema de plantio e no modelo de cultivo utilizado também se destacam e podemos citar o plantio direto e a integração lavoura pecuária como alguns desses modelos interessantes.

Mas atualmente, em tempos de instabilidade climática, o que de fato é uma agricultura moderna? Uma agricultura com alto ou baixo aporte de insumos? Com alto ou baixo balanço energético (i.e. quantas unidades de energia gastamos para produzir cada tonelada de alimento em função do modelo produtivo adotado?). Com alto ou baixo impacto ambiental?
A agropecuária deve ser encarada como um negócio, no qual, filosofia a parte, a maximização dos lucros acaba sendo o principal objetivo. Vamos pensar na comparação com uma montadora de veículos por exemplo:
Antes de se iniciar a produção de um veículo, precisa-se pensar em qual público vai adquirir aquele veículo. Se um público mais ou menos exigente, com veículos que consomem mais ou menos combustível, etc.. Definido isso, inicia-se a produção, a partir de matérias primas de origens e preços distintos, que vão acarretar em valores diferentes para cada modelo de carro. No entanto, independente do preço do carro, ele precisa funcionar perfeitamente bem. Caso isso não aconteça, a montadora precisará fazer o recall daquilo que não funcionou bem... Ou seja, há controle de qualidade... e, muitas vezes, em nome da segurança a montadora precisa absorver fortes prejuízos.
Sendo assim, além do controle de qualidade, a montadora precisa conhecer os limites de sua produção e de seu maquinário. Ou seja, produzir o máximo possível, com qualidade, e sem deteriorar os equipamentos da montagem, ou seja, sem abrir mão da manutenção dos equipamentos, pois caso eles quebrem, o problema é maior. Além disso, precisam seguir rígidas leis para reduzirem a poluição gerada no processo produtivo que, claro, incorporam as despesas com isso no preço final do carro que pagamos.

Voltando para a Agropecuária: Um uso exagerado do solo, sem considerar práticas conservacionistas que possam reduzir a erosão do solo deveria ser uma forma de controle de qualidade. Sem avaliarmos se as práticas utilizadas no processo produtivo estão impactando mais ou menos o ambiente, nunca conseguiremos separar o bom, do mau agricultor.
O agricultor moderno é aquele que ganha hoje, mas quer que seus filhos, seus netos, bisnetos, também ganhem no amanhã. Esgotar a terra, abandonar e abrir nova fronteira agrícola em área virgem, não pode ser moderno, independente do nível tecnológico que se utilize! Critérios para separar o bom do mau produtor precisam ser aplicados.
O menor custo de produção não pode ser encarado como o único indicador de sucesso do agricultor. Indicadores como níveis de perda de solo, impacto em mananciais hídricos, entre outros tão simples e concretos como esses, precisam ser considerados. Mas assim como vem sendo feito nas indústrias, que são mais fortemente reguladas e fiscalizadas por órgãos governamentais, os maus produtores também precisam ser punidos para que os bons se beneficiem. E os custos de um processo produtivo que respeite mais o meio ambiente, precisam estar incorporados nos preços do bom produtor.

A sugestão aqui é a de qualificar o produtor, com selos de qualidade, como os emitidos pelo InMetro, que rotulem o processo produtivo e beneficiem o bom produtor. A linguagem econômica é a única que qualquer pessoa é capaz de entender. Se funciona bem para as indústrias, por que não pode funcionar bem para a agropecuária?   Isso sim seria uma agricultura moderna!

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